Poupar nas férias: ideias?

Já andava a pensar em escrever isto há algum tempo, depois dos posts equivalentes sobre poupar no entretenimento, no supermercado, ou em casa. Hesitei até agora, porém, já que “férias” é um conceito muito mais variado do que os outros; ou seja, há imensos tipos de férias, desde alugar uma casa/bungalow/etc. num sítio, passando por acampar em um ou mais locais, até à ideia mais “aventureira” de pôr uma mochila às costas e ir à aventura, não sabendo à partida onde é que se vai dormir cada noite, e possivelmente atravessando um continente de um lado ao outro. E, sem que isso seja rígido, em geral uns desses tipos de férias apelam mais a pessoas mais jovens (perto dos 20s), sendo outros mais atraentes a quem já tenha mais idade (e possivelmente família).

Com toda esta variedade, é difícil arranjar conselhos que sirvam para todos os casos, daí a minha hesitação… mas, por outro lado, também me parece que mesmo que só uma pequena parte do post possa ser útil a cada um, isso já é melhor que nada.

Além disso, vou de férias este fim de semana (duas semanas em casa de família, emprestada, no Alentejo), por isso decidi não adiar mais. Afinal, não teria piada nenhuma estar a escrever sobre férias depois de elas terem acabado, não é? 😉

Tipo de férias:

Aqui, naturalmente, cada um tem as suas preferências, e não me parece viável argumentar contra ou a favor de um ou outro tipo. A única coisa que diria é que, se o tipo de férias desejado for “ficar X dias num sítio”, então, se for possível, poupa-se imenso se se conseguir ficar numa casa emprestada por alguém (familiares, bons amigos, etc.). Afinal, o alojamento pode ser das partes mais dispendiosas das férias. Uma desvantagem é que isso limita um pouco a escolha dos destinos (já que exige que alguém tenha casa lá), o que se pode tornar repetitivo ao longo dos anos. Uma possibilidade é alternar: nestas férias fico na casa de família do costume (o que não implica que lá depois só se vá aos mesmos sítios!), nas seguintes aceito gastar mais dinheiro e explorar novos destinos, etc..

De resto, também é útil ficar num sítio com cozinha, já que permite comer, em geral, por muito menos dinheiro. Isso pode ser uma casa alugada (ou emprestada), um bungalow, ou mesmo certos hostels (se bem que não tenho experiência com essa última alternativa).

Por último, o objectivo das férias pode variar: há quem dê prioridade à “aventura”/descoberta, há quem prefira a diversão/”borga” (mesmo em sítios já visitados no passado), e há quem tenha como objectivo principal descansar/des-stressar. Esse último tende a ser cada vez mais o meu caso — é a idade. 🙂

Quando:

Obviamente que, se se é louco/a por praia, então ir de férias no verão (mais precisamente, no verão no hemisfério de destino) é boa ideia, e pode-se aplicar o equivalente a outros tipos de férias (ex. na neve).

Mas, se não for o caso, e sobretudo se a ideia for, principalmente, descansar, então recomendo mesmo que se evite as “épocas altas”. Desta forma, não só os preços são em geral bastante mais baixos, como não há as muitidões, filas (tanto na viagem como no destino propriamente dito), “ultra-turismo” (em que tudo na cultura local é “abafado” pela necessidade de vender o mais possível aos turistas), etc. das referidas épocas.

Além de que Agosto é em geral o melhor mês para trabalhar, em Portugal: não há trânsito, os chefes e metade dos colegas estão de férias, há menos problemas, menos projectos novos, menos trabalho… 😉

Viagem:

Aqui não tenho muito a dizer; a maior parte das férias que faço são em Portugal, e levo o carro, mas depois por lá (seja onde for) tento deixá-lo parado e ir a todo o lado a pé, sempre que possível.

Ir de comboio pode ficar mais barato, e para sítios realmente longe o avião pode ser a melhor escolha, ou mesmo a única escolha. Mesmo aí, pode ser boa ideia comparar preços, ver que nível de desconforto se consegue tolerar, etc..

Ah, e uma sugestão que acho que se aplica a todos os casos: tentar reduzir a bagagem ao máximo. Há quem ache que, para ir de férias, tem de levar a casa toda atrás (“e se precisar do meu patinho de borracha? Nunca se sabe quando é que se vai precisar de um patinho de borracha…”), mas isso só tem inconvenientes: trabalho, tempo, falta de espaço para o essencial, custos (se for bagagem num comboio ou avião, ou gasolina adicional), e redução da mobilidade. A não ser que se vá ficar numa casa emprestada durante um período significativo, o ideal é limitarmo-nos a uma mochila por pessoa.

Alojamento:

Em parte já abordado no “tipo de férias”, acima. De resto, assumindo que não se consegue, ou não se escolhe, ficar em casa emprestada, isto também dependerá muito das preferências de cada um (que nível de luxo se quer, se se quer só cama para dormir (a qual até pode ser diferente noite após noite) ou se quer uma casa/apartamento/bungalow/etc. para ficar mais uns dias, cozinhando em casa pelo menos parte das vezes, etc.). Em termos de poupança, em geral o ideal (sem ser a casa emprestada) é escolher sítios o menos turísticos possível, já que os preços para turistas são sempre inflacionados. Isso pode implicar alguma pesquisa pré-férias (ou então ser-se ultra-extrovertido e fazer-se logo amizades com os locais à chegada), mas em geral valerá a pena.

Alimentação:

Em termos de restaurantes, tentar evitar os mais “turísticos”, com preços inflacionados; mais uma vez, isso pode implicar investigação e/ou perguntar aos locais onde é que eles normalmente comem (quando não o fazem em casa).

Mas ir sempre a restaurantes é algo que só faz sentido no caso de as “férias” serem o equivalente a um fim de semana (prolongado ou não). No caso de férias maiores (ex. uma semana ou mais), convém mesmo deixar os restaurantes para “ocasiões especiais”, e arranjar forma de comer em casa (ou no bungalow, hostel, etc.), por muito menos dinheiro, a maior parte das vezes.

Entretenimento:

Aqui também não há muito a dizer, excepto o (relativamente) óbvio: evitar coisas “turísticas”, tentar ir onde os locais vão, e preferir  experiências (idealmente novas) à compra de objectos.

E para já…

… é tudo. Mais ideias? 🙂

Mudar mentalidades, e não comportamentos

Vi hoje um artigo no Dinheiro Vivo, Cinco conselhos de poupança que resultam até para os mais gastadores. E, sinceraramente, não gostei muito.

Só o título já me faz um pouco de confusão: dá a ideia de que há pessoas “naturalmente” mais gastadoras, como se isso fosse algo genético/intrínseco, como ser alto ou ter olhos azuis. Os conselhos em si até fazem (excepto um, na minha opinião) sentido, se bem que são relativamente básicos: comprar marcas brancas (concordo), evitar refeições fora de casa (concordo em geral, mas no meu caso tenho razões para não o fazer nos dias de trabalho, para já), rever subscrições (concordo), estar atento às promoções (concordo até certo ponto, se bem que promoções podem acabar por ser anúncios, no sentido em que muitas vezes nos levam a levar algo de que não precisamos só porque está em promoção), e preferir pagar em dinheiro (não concordo; acho que é um conselho que só vai dificultar o “tracking” das despesas, o que é das coisas mais importantes para quem quer controlar gastos).

Mas voltemos ao início: esse artigo, e outros, continuam a dar a entender que “ser gastador” é algo inato:, que uns nascem assim e outros têm a sorte de nascer mais poupados. É como uma compulsão, ou um vício, que tem, na melhor das hipóteses, ser “enganado” cada dia da vida, já que, de outra forma, a vontade de comprar coisas/gastar dinheiro é tão forte que ou a pessoa cede, ou sofre (e provavelmente acaba por amanhã gastar noutra coisa o dinheiro que poupou hoje).

Se uma pessoa assim escrevesse um diário, teria entradas como:

  • dia 1: hoje comprei X, não resisi. 🙁
  • dia 2: hoje consegui resistir a comprar Y, e poupei 20€! Yay! 🙂
  • dia 3: aquele Z era lindo, não resisti. Lá se foi a poupança de ontem. 🙁
  • dia 547: hoje resisti e não comprei nada, poupei 30€! 🙂
  • dia 549: quem é que poderia resistir àquele ZZ? Bolas, nunca consigo poupar nada de jeito… 🙁

Percebem onde quero chegar, certo? A pessoa tenta controlar maus hábitos, mas a mentalidade mantém-se sempre a mesma, e por isso os comportamentos que tenta forçar-se a ter não lhe são naturais. Os pequenos sucessos que vai conseguindo são 1) feitos a custo, e 2) efémeros, já que um ou dois dias depois se estraga tudo (muitas vezes com a justificação de “ontem fiz um grande sacrifício, hoje mereço um mimo“. É como alguém em dieta conseguir, a grande esforço, comer só saladas durante um dia ou dois, e depois “mimar-se” passando um dia a encher-se de bolos. Sofreu… e acabou por não ganhar nada com isso. E, talvez o pior de tudo: não há evolução real, ano após ano (como podem ver, as entradas no diário no ano 2 1 não mudaram muito desde o início…).

Parece-me óbvio que há uma solução muito melhor: mudar a mentalidade. Ou seja:

  • descobrir as origens do seu consumismo, e acabar com ele;
  • deixar de associar “prazer” a “comprar coisas”/”gastar dinheiro”;
  • rodear-se, e encher a vida, de “fontes de prazer/alegria/felicidade”, que não custem actualmente dinheiro (isto vai ter um post no futuro);
  • deixar de construir a auto-estima a partir de bens materiais, ou da opinião das pessoas à volta, e dessa forma perder a necessidade de impressionar os outros;
  • decidir o que é que é importante pra si próprio/a (para mim é a independência financeira, mas pode ser algo como pagar dívidas, equilibrar as finanças, mudar a vida — nossa, ou de entes queridos — para melhor, etc.), e pôr isso tão acima de tudo o resto, que o “resto” deixa de ser uma tentação palpável — se nos focamos no que realmente queremos, o que “era fixe” perde a maior parte da importância.

Resumindo: resistir (a custo) a tentações não é produtivo: é um sacrifício, requer atenção constante, e falha frequentemente. Em vez disso, há que mudar a mentalidade de forma a essas tentações serem insignificantes, serem apenas como um pouco de pó movido pelo vento, sem capacidade de nos afectar realmente. Só desta forma é que a poupança passa a ser natural, a ser o “default”, e portanto deixa de ser um sacrifício.

Dica de poupança: encarar cada redução de gastos regulares como um “aumento de ordenado”

Esta não é uma dica de poupança incrivelmente específica (mas, também, nem o foram as anteriores; acho mesmo que pequenas mudanças na nossa forma de ver as coisas acabam por ser mais produtivas do que um simples “faz isto e poupas 10€“), e aborda algo que já foi aqui mencionado uma vez ou outra, mas aqui vai:

Já trabalho há uns 25 anos, em diversos sítios, e não só aprendi e aprendo com o meu próprio caso como com os das várias pessoas (familiares, amigos, colegas, conhecidos, etc.) à minha volta, e uma das várias conclusões a que cheguei é que neste país é muito difícil, e raro, ser-se aumentado. Se tivermos skills relativamente raros e procurados, mesmo assim é quase impossível sermos aumentados onde estamos sem 1) sair para outro sítio mais bem pago, ou 2) pedir demissão, ou ameaçar fazê-lo 2. Sem ser isto, muito raramente consegue-se um aumento quase simbólico, seja por (muitos) anos de casa, seja (sobretudo na área da informática) tirando várias certificações.

Sem estes skills? É quase para esquecer. Quem pede um aumento “a bem” recebe a resposta de que “nas circunstâncias actuais é impossível“; quem ameaça sair ouve que “a porta é ali; como tu há muitos“. Quando muito, ficando muito tempo no mesmo sítio e puxando várias responsabilidades adicionais para si próprio/a, eventualmente consegue-se passar a gerir uma equipa, e com isso recebe-se mais um pouco.

E quando digo que não há aumentos, estou a ser literal — nem sequer se tem um aumento mínimo ano após ano de forma a compensar a inflação. É perfeitamente possível, estando exactamente no mesmo emprego e sem aumentar o consumo, ter-se menos poder de compra do que se tinha há 5 anos ou mais…

Isto tudo não foi para vos deprimir — se bem que penso um dia destes escrever mais sobre questões de empregos, aumentos, skills, etc. –, apenas para realçar o meu argumento original: de que aumentos (em Portugal) são algo raríssimo.

E, no entanto, há, para a maior parte das pessoas, uma forma de se ser “aumentado” sem se ter de “dar graxa” ao chefe, meter “cunhas”, ou trabalhar como um fanático durante uma década inteira. Essa forma chama-se, como neste ponto deve ser óbvio para quem ainda esteja a ler 🙂 , cortar gastos regulares.

Cancelaste uma assinatura de algo que te custava 50€/mês? Parabéns, foste aumentado/a em 50€/mês (ou 600€/ano). Parece pouco, não é? Mas não só tiveste um aumento (o que a maior parte das pessoas à tua volta provavelmente não pode dizer), como o fizeste, provavelmente, sem um esforço sobrehumano (de trabalho ou “graxa” 🙂 ). Se ganhavas 500€ líquidos/mês 3, então aumentaram-te em 10% — proporcionalmente foi bem bom, mais uma vez bem superior aos (raros) aumentos “típicos”, e sem dúvida superior à inflação.

E, obviamente, estas reduções aumentos podem acumular uns com os outros. 20€ aqui, 10€ ali, 15€ acolá… eventualmente fomos “aumentados” em 40%, 50% ou mais (depende de quão consumistas éramos) — quando os colegas à volta não tiveram qualquer “aumento”, a não ser que tenham feito o mesmo. E isso mantém-se “para sempre”, se fizermos as coisas bem.

Se isto parece “tudo muito bonito, mas…“, já partilhei aqui o meu próprio caso o mês passado (uns 175€/mês de “aumento”, e entretanto já fiz mais cortes desde esse post). 🙂

A única desvantagem é que eventualmente chega-se um ponto em que já se cortou tudo o que dava para cortar (eu ainda não estou completamente lá, mas vou-me aproximando), e portanto já não se consegue mais “aumentos” desta forma. Aí, se se quiser continuar a incrementar as finanças, há que pensar em aumentar as fontes de rendimemento actuais, seja com aumentos (raros, como vimos), seja mudando de emprego, e/ou seja criando rendimentos passivos. Por outras palavras, cortar gastos tem, inevitavelmente, um limite.

Mas, como também já mencionei, a redução de gastos não é o fim aqui, é só o princípio. 🙂

“Poupança”, e os vários significados da palavra

Vi há dias um post no blog “A teia dos 20 mais x!” que linkava para um artigo: Taxa de poupança das famílias diminui no 1º trimestre, e — talvez por ter alguma tendência para ser demasiado literal — a primeira coisa que me veio à cabeça foi: “quer dizer que as pessoas estão a desperdiçar mais dinheiro“?

É claro (pensando uns segundos) que não é esse o significado; quer dizer apenas que estão a pôr menos dinheiro (relativamente aos rendimentos) em poupanças/contas de poupança. Mas fiquei a pensar em como o termo “poupança” pode ter vários significados; por exemplo:

  1. redução de gastos (corte de despesas desnecessárias, redução de outras, etc.);
  2. dinheiro posto de parte todos os meses (em envelopes, contas poupança, index funds ou outros investimentos, etc.)

Se eu participasse no inquérito que serviu de base para a notícia acima mencionada, apesar de ter feito bastante do ponto 1. (reduzi imenso várias despesas, sobretudo gastos “consumistas”, entretenimento, etc., além de ter cortado em várias despesas mais básicas/essenciais), eliminei nos últimos meses todos os tipos de poupança-de-acumulação enquanto não pagar (pelo menos) a totalidade dos cartões de crédito, por isso, pela definição 2., estou a “poupar” zero já há uns meses.

Portanto, a hipotética frase (algo sensacionalista, e eu sei que o artigo em si não diz exactamente isso) “ah e tal, os portugueses poupam cada vez menos” aplicar-se-ia a mim? Não sei; parece-me haver aí um pequeno julgamento de valor, tipo “se não poupas (as in todos os meses contribuir para uma poupança), és um consumista chapa-ganha-chapa-gasta“. Mas às vezes a poupança é de outro tipo, mais relacionada com a frugalidade e menos com a acumulação.

Incidentalmente, voltei a ler (para ser exacto, desta vez foi ouvir o audiobook) o livro “The Richest Man in Babylon”, e uma parte do mesmo refere-se ao pagamento de dívidas (de um personagem que, depois de fugir das mesmas, até passou uns tempos como escravo longe dali), e o plano que ele faz, e segue, inclui viver com 7/10 dos rendimentos, usar 2/10 para pagar dívidas (depois de falar com cada um dos credores e combinar com eles um pagamento lento mas regular de cada dívida — essa parte também é interessante noutros aspectos, incluindo a reacção dos vários credores, mas elaborarei mais isso quando falar do livro para os livros recomendados), e, por último, 1/10 para “guardar para si próprio” — ou seja, poupar (no sentido 2., do início do post).

Eu, no entanto, não estou a fazer isso, como já mencionei aqui no passado, já que 1) numa emergência séria tenho uma família que me poderá ajudar, 2) o emprego é estável e seguro (e tenho ofertas regulares no LinkedIn de outros sítios, caso precisasse), e, talvez o mais importante: 3) o dinheiro ainda devido gera juros, que pelos vistos não existiam na Babilónia antiga (o livro não os menciona, pelo menos nesse capítulo). 🙂 Cada mês a mais com dívidas de cartões de crédito é um mês em que desperdiço umas boas dezenas de euros (e já chegaram a ser bem mais de uma centena), pelo que neste momento prefiro mesmo pagar os ditos tão depressa quanto possível, mesmo que isso signifique que, para todos os efeitos, não há poupanças (pelo menos até Novembro ou isso).

Hmm, este foi dos posts mais “divagantes” que já aqui escrevi. 🙂 E, não, isto não é ainda o post (sobre poupança) para a série de conceitos.

As minhas poupanças (mensais e anuais) desde que comecei a levar estas coisas mais a sério

Algo que já foi mencionado aqui uma vez ou outra (tanto por mim como em alguns comentários) é o facto de ser útil, ao considerar uma poupança/redução de custos mensal, pensar nela também anualmente. Ou seja, uma redução de (relativos) “trocos” todos os meses, quando multiplicada por 12, já dá, muitas vezes, um valor “palpável” — sobretudo se se somar várias poupanças semelhantes.

Já referi aqui também (por exemplo, neste post) algumas dessas poupanças mensais que implementei para o futuro, em geral cortando coisas (assinaturas, etc.). Mas, hoje, quis ir mais longe e criar uma tabela de todas essas reduções — e respectivos totais poupados por mêspor ano –, incluido algumas coisas que cortei mesmo antes de começar o OvelhaOstra. For extra fun, incluo também as reduções em jogoscompras em app stores, depois de somar todas as despesas em ambas as áreas em 2017 4 e dividir por 12 para obter uma média mensal. Sim, os totais aí são um bocado assustadores. 🙂

CORTE DINHEIRO POUPADO Depois de começar o blog?
Serviços de telecomunicações pouco usados 21,00 € X
Assinatura do servidor p/ estatísticas 20,00 € X
Assinatura de 3 revistas no Kindle 6,00 € X
Assinatura Big Fish Games 7,00 €
Assinatura Humble Bundle Monthly 11,00 €
Patreon (redução mensal) 15,00 €
Jogos (Steam e PSN) (média mensal de 2017) 56,00 €
Compras App Store (Apple) + Play Store (Android) (média mensal de 2017) – incluía assinatura do Marvel Puzzle Quest, já mencionada no passado 38,50 € em parte
Total poupado mensalmente 174,50 €
Total poupado anualmente 2 094,00 €

Não apresento isto para me gabar — muito pelo contrário, até tenho alguma vergonha de ter sido tão consumista no passado. 🙁 Mas, ei, há que seguir em frente, aprender com os erros, pensar positivo, e essas coisas todas, e, segundo a tabela acima, a minha poupança anual (em relação a 2017, se bem que parte destas mudanças só tiveram início alguns meses depois do início de 2018 — umas mais cedo, outras só este mês), só em gastos “regulares”, é superior a 2000€, o que (pelas pesquisas rápidas que acabei de fazer) é mais do dobro do ordenado líquido médio em Portugal. Vendo a coisa de outro ângulo: a partir do meio deste ano é como se me tivessem aumentado em 175€/mês. Líquidos.

E nada disto constiuiu um esforço colossal, ou um sacrifício enorme. Muito pelo contrário, actualmente nem sinto a falta do que cancelei (excepto, muito ocasionalmente, pequenas curiosidades tipo “como é que será este jogo?“, mas depois lembro-me dos milhentos que ainda tenho por jogar 🙂 ), e tudo isto deixa-me mais optimista em relação ao futuro — afinal, fui “aumentado” em 2000€/ano. 😀 De resto, espero que este post mostre bem como cortar em pequenas coisas regulares pode fazer uma diferença, ao longo do tempo, bem maior do que se poderia pensar.

(NOTA: esta é a primeira tabela que faço neste blog, por isso não faço ideia se ela aparecerá bem a todos, sobretudo a quem estiver a ler num leitor/agregador de feeds. Se aparecer ilegível, podem sempre tentar ler mesmo no blog. Qualquer coisa, digam.)

Poupar em transportes: ideias?

Segundo já li em N sítios, as 3 maiores despesas da maioria das pessoas são (sem ser por nenhuma ordem específica):

  • a casa (referindo-se às prestações do crédito habitação ou renda da casa, não a gastos feitos em casa, nem às compras para a mesma);
  • alimentação (em parte já incluída nas compras de supermercado, se bem que há também a questão dos restaurantes, marmitas, etc., que talvez venha a ser assunto de um post no futuro);
  • … e transportes, sobretudo entre casa e trabalho, que para a maioria das pessoas são o mais frequente.

A poupança nestes últimos é, então, o tema deste post. É um tema, no entanto, sobre o qual não tenho muito a partilhar, para já — daí pedir as vossas ideias. Isso por várias razões:

  1. só tenho olhado para o meu caso, que se resume a: A) demoro normalmente 15 minutos entre casa e trabalho, e apanho pouco ou nenhum trânsito; B) só tenho de atestar menos de uma vez por mês; C) não tenho transporte directo (estive a ver várias alternativas, e implicaria sempre mudar a meio, o que detesto — já detestava quando andava no metro em Lisboa, nos meus tempos de juventude), D) bicicleta por estes caminhos é impensável, e E) ir a pé demora mais de uma hora e… é uma aventura, se bem que ainda o penso voltar a fazer de vez em quando, quando as alergias passarem completamente.
  2. a maior parte dos conselhos que se vê na net, em blogs e outros sites nos EUA, sugere coisas como “mudarmo-nos para perto do trabalho” — idealmente de forma a se poder ir de bicicleta, ou até mesmo a pé. Isto faz sentido (e, de certa forma, o facto de o meu trabalho ser relativamente perto e não me obrigar a ir para o meu do caos de Lisboa é dos factores que mais me tem mantido nele), mas é mais válido para o mundo americano, em que quase toda a gente, sobretudo na juventude, aluga (ou, mesmo com um crédito habitação, tem relativa facilidade em vender a casa e conseguir o equivalente a “transferir” o crédito para a nova habitação). Por cá, pouca gente aluga, e tenho a ideia de transferir créditos é mais difícil, além de que muita gente (não é o meu caso) vive em casa dos pais, e obviamente não vai subtilmente sugerir a estes que se mudem para mais perto do seu trabalho…

Depois há as opções “habituais”:

  • ir de bicicleta ou a pé se possível (já mencionado acima), sendo o “possível” dependente de vários factores (acessos, segurança, saúde, etc.);
  • também mencionado acima: caso mudar de habitação seja fácil (ex. por ser alugada, ou por se estar a sair de casa dos pais) e a intenção for trabalhar no mesmo sítio por bastante tempo, então mudar de casa para perto do trabalho (idealmente, permitindo ir a pé) pode poupar rios de dinheiro ao longo de vários anos;
  • em alternativa, talvez seja possível mudar de emprego para perto de casa, ou pelo menos valorizar isso devidamente na escolha de empregos. No meu caso, posso dizer que escolhi e continuarei a escolher trabalhar relativamente perto de casa (e sem me aproximar de Lisboa) a qualquer alternativa que implique ir para o meio da capital todos os dias, demorar mais de uma hora para cada lado, stressar-me com o caos do trânsito lisboeta, etc., mesmo que esta opção pagasse mais uma centena de euros ou duas — dinheiro esse que acho que nem compensaria a diferença de consumo de gasolina, já nem falando no tempostress despendidos…
  • insistir nos transportes públicos, mesmo que obriguem a mudar entre vários, demorem 4x mais tempo, etc.;
  • carpooling: um grupo de colegas (que vivam relativamente perto) junta-se, um deles (que pode ir variando) é escolhido para levar o carro e ir buscar/entregar os outros, e dividem a gasolina;
  • tentar trabalhar remotamente um ou dois dias por semana, se o trabalho — e o empregador — o permitirem. Infelizmente, isto ainda é bastante raro em Portugal; as chefias têm mentalidades bastante retrógradas neste aspecto (ex. acham que as pessoas só trabalham se o chefe estiver a “vigiar”, parecem julgar que estão numa linha de montagem de uma fábrica, que o mais importante são as horas de trabalho (e não os resultados), etc);
  • se não for possível evitar o uso diário de um veículo próprio, tentar arranjar um que gaste menos, se bem que a mudança em si também pode ser uma despesa. Penso que motas também são uma opção possivelmente mais económica. Mas, efectivamente, sei pouco sobre estas questões, em grande parte por não “ligar a carros” nem gostar particularmente de conduzir; o meu carro é um utilitário que gasta pouco, e só penso mudar quando ele tiver alguma avaria cuja reparação custe mais do que um veículo usado do mesmo nível. Talvez alguém com um “desportivo” sedento de gasolina possa poupar, ao longo de vários anos, uma quantia palpável se trocar o dito por um carro menos “adolescente” (ou menos “crise-de-meia-idade”). 😉
  • independentemente da questão do acesso ao trabalho, também pode haver outros percursos regulares para os quais o carro não seja realmente necessário, sendo possível (e preferível) ir a pé. Os portugueses são, parece-me, muito comodistas neste aspecto: vão de carro para todo o lado, às vezes para pouco mais do que ir ao café no fim da rua (e não me refiro a quem tenha mobilidade reduzida por alguma razão). Andar mais a pé tem várias vantagens além da poupança: melhora a saúde, não polui, e permite-nos conhecer melhor as redondezas, em vez de ser tudo “cenário de fundo”. Se estiver bom tempo, e não tivermos questões de saúde, nem tivermos de transportar grandes cargas nem na ida nem na volta, então acho que, se é menos de 30 minutos a pé, o meio de transporte ideal é, acho eu, “os pés”.

Mas… tudo isto continua-me a parecer super-hiper-mega-básico. Ideias melhores agradecem-se. 🙂