Investimentos Automáticos (DEGIRO), parte 2

Continuando da parte 1:

Como é que esta ferramenta (que para já não tem nome — pensei em “DEGIRO Automator”, mas se algum dia partilhar isto com alguém e/ou publicar uma versão “para consumo geral” na net, terei de arranjar um nome mais inventivo) funciona, então?

degiro-logoMuito por alto: tenho configurada uma lista de acções e ETFs a seguir na DEGIRO, e a ferramenta tenta mantê-los equilibrados tanto quanto possível, fazendo apenas compras (isto é, nunca vende nada). Para já é mesmo “equilibrados”, ou seja, compra sempre o que está mais baixo (juntando várias unidades da mesma acção/ETF de forma a fazer o menor número de compras), ou, se alguma vez estiverem todos exactamente iguais, compra simplesmente uma unidade do primeiro da lista, e a partir daí já sabe o que fazer (os outros membros da lista estarão mais baixos).

Por outras palavras, se seguir 4 acções/ETFs, a tendência será, a longo prazo, ficar cada um com 1/4 do dinheiro investido. Se forem 5, 1/5, e assim por diante.

Desde o início que penso que eventualmente seria interessante dar a possibilidade de configurar proporções diferentes para cada açcão/ETF (ex. 10% deste, 30% deste, e 60% deste), mas para já ainda não implementei isso — neste momento, para o meu tipo de investimento, isso não é ainda necessário. Mas um dia destes programarei essa possibilidade, claro — nem que seja pelo desafio da coisa. 🙂

Um à-parte: “equilíbrio” pode aqui ser visto de duas formas: equilibrar o valor actual das várias acções/ETFs (ex. se dois começam iguais, mas um sobe e outro não, então o que não subiu está mais baixo e vai ser preferencialmente comprado na próxima vez), ou equilibrar o valor gasto para comprar os mesmos ETFs/acções (ignorando se depois sobem ou descem). Estou a fazer da primeira forma aqui… mas, só para complicar, para as criptomoedas, para as quais já tenho uma ferramenta parecida (posts futuros), equilibro da segunda forma. Penso que o que me veio à cabeça na altura era tentar ser menos afectado pela volatilidade, mas na prática não acho que a diferença entre os 2 métodos seja enorme.

E, basicamente, é isto, a correr todos os dias pelas 15h (hora em que apanho abertas tanto a New York Stock Exchange (NYSE) como a Euronext Amsterdam (EAM), onde tenho as acções e ETFs, respectivamente). Apesar de a acção mais barata que sigo custar abaixo de 10€, tenho a ferramenta configurada para nunca fazer nada se tiver menos de 50€ disponíveis na DEGIRO, de forma a evitar compras “a conta-gotas” (por exemplo, por ter recebido algum dividendo a meio do mês, se bem que se um dia eles forem “palpáveis” quero efectivamente reinvesti-los logo, daí isto ser diário em vez de correr apenas no fim de cada mês). Depois, no banco, tenho automatizada uma transferência para a DEGIRO no dia 25 de cada mês (normalmente recebo a dia 21) de um valor fixo. E, claro, tenho uma página web (só para uso pessoal) que, em conjunto com um script que vai buscar, de X em X horas, os valores actuais à DEGIRO e aos sítios onde tenho as criptomoedas, faz um gráfico todo bonito da evolução dos vários investimentos e do total deles, diz quanto ganhei/perdi hoje e desde que comecei a recolher histórico, etc.. 🙂

Como mencionei no post anterior, além de ainda não ter implementado a possibilidade de dar “pesos” diferentes a diversos investimentos (para já, tenta pôr todos iguais), uma limitação disto é que obriga a desligar a autenticação de 2 factores (2FA) na DEGIRO, já que eles (ainda?) não disponibilizam uma API a sério. Em vez disso, como disse antes, tenho uma password “enorme” (para aí uns 20 caracteres) que não uso em mais lado nenhum, pelo que é virtualmente impossível de ser adivinhada — a única forma de me acederem à conta seria se a própria DEGIRO fosse “hackada”, mas nesse caso extremo nem o 2FA ajudaria muito. Ou isso ou.. bem, isso não interessa agora. 😉 Anyway, a ver se um dia implementam uma API como deve ser, e nesse caso poderei ligar outra vez a 2FA *e* ter o meu servidor a fazer pedidos que usam chaves únicas que não incluem o username e password, e estão limitados só ao IP do mesmo.

Em termos do que é necessário para isto funcionar, no meu caso é somente um servidor Linux com PHP e MariaDB. Imagino que funcionasse em Windows (com PHP e MySQL/MariaDB) também, com pequenas alterações. Mas, para já, isto não serve mesmo para consumo de outros (excepto talvez familiares, se algum dia conseguir convencer algum de que não sou completamente maluco 🙂 ). Por exemplo, toda a configuração é feita editando scripts; não tenho nada “user-friendly” como uma página de configuração com opções e afins. Mas, para uso pessoal, funciona bem.

E quanto ao portfolio que tenho/sigo? Talvez um dia destes o partilhe aqui, mas não é nada do outro mundo — 3 ETFs para crescer, e 9 acções para dar dividendos (sendo estas escolhidas de forma a eventualmente receber dividendos todos os meses1, se bem que os que recebo normalmente ainda só têm um dígito…). Na comunidade FIRE portuguesa há em geral uma enorme aversão a receber dividendos, já que estes pagam impostos (e não há nada que o português típico odeie tanto como pagar impostos — uma ideia que vi num livro recentemente lido que acho que se aplica aqui é que neste país não vemos impostos como um custo ou taxa, mas sim como uma multa (e estas são, é claro, para se evitar sempre, e sentimo-nos mal (e estúpidos) se levamos com uma) — preferem normalmente investir num só fundo acumulativo (que reinveste os dividendos automaticamente em vez de os disponibilizar ao investidor2), como o IWDA ou VWCE. Talvez isso até seja mais eficiente a longo prazo, mas no meu caso quero mesmo eventualmente chegar a um ponto em que possa viver dos dividendos; até lá, eles são reinvestidos automaticamente pela minha ferramenta, juntamente com o que lá chega das transferências mensais automáticas. A este ritmo (até porque, como estou a poupar para amortizar o crédito, as transferências são relativamente pequenas), ainda vai demorar uns anos até os dividendos serem apreciáveis… mas grão a grão, e essas coisas. 🙂

Investimentos Automáticos (DEGIRO), parte 1

Gráfico

Quando, há uns anos, falei aqui do livro The Automatic Millionaire, de David Bach, mencionei os 3 principais pontos do livro, dos quais os últimos 2 são:

  1. paga-te a ti próprio primeiro; e
  2. torna-o automático.

O nº 2 já é bem conhecido, tanto aqui como em (diria) mais de 90% dos livros, blogs, vídeos, cursos, etc. sobre literacia financeira. Mas o nº 3 não é, na minha opinião, menos essencial, e, a meu ver, temos menos ferramentas para o fazer cá por Portugal, em comparação com países como os EUA, em que não só podes fazer com que o teu empregador transfira automaticamente (fazendo retenção na fonte) uma percentagem do que ganhas para um 401(k), normalmente até com um bónus contribuído pelo empregador, como também há serviços como a Vanguard, com quem se abre contas lá e depois é só agendar transferências automáticas.1

Por cá, há menos, pelo menos em termos de bolsa, tanto quanto sei. O ideal, a meu ver, era haver uma “conta de investimento” para cada pessoa, para a qual se agendariam transferências periódicas a partir de uma conta nossa, provavelmente aquela onde recebemos o ordenado (normalmente de forma mensal, uns dias depois de se receber), e tudo o que caísse nessa “conta de investimento” era automaticamente investido, de acordo com regras definidas por nós (ex. tudo neste único ETF; ou 70% neste, 20% naquele, e 10% naqueloutro). Ou seja, depois de se ter isso configurado, tudo o que seria preciso é ir uma vez ao site do nosso banco, e configurar uma transferência de X€ para essa tal conta, a repetir-se automaticamente, uns 3 dias depois do dia em que se recebe (para cobrir quaisquer atrasos). Dessa forma, fica tudo automatizado, sem termos de voltar a mexer um dedo — a não ser que as nossas circunstâncias de vida mudem (para melhor, espera-se) e se queira alterar o valor investido mensalmente.

Sim, em grande parte isto descreve um robo-advisor. 🙂

Ora, para quem cá ande desde o início, talvez se lembrem que cheguei a usar um serviço que funcionava basicamente assim, e que aceitava (e aceita, pelo que sei) clientes portugueses: o ETFmatic. Mas deixei de usar (e levantei tudo o que lá tinha, sem problemas), há uns anos, por achar algumas coisas suspeitas, como o site ter deixado de ter actualizações (excepto cosméticas), todos os posts no LinkedIn e Facebook serem a mesma meia dúzia em repetição (todos já com alguns anos), e outras coisas que me fizeram suspeitar que a empresa não ia durar muito. (Pelos vistos estava enganado, já que ainda dura, mas não tenho experiência com eles desde então). Desde então, os meus investimentos (em termos de bolsa) são na DEGIRO.

Sendo assim, lá para Abril decidi tentar inventar uma coisa parecida, para uso próprio (e para já sou mesmo só eu a usar). Parte da ideia veio de um post no Medium.com, em que alguém faz algo semelhante (no caso dele até mais avançado, já que ele consegue detectar quando recebe dinheiro na conta bancária, mas os bancos portugueses não abrem esse tipo de coisas, para já…), até com mais alguma complexidade do que acabei por fazer. Desde aí investiguei mais, já que a DEGIRO não tem uma API documentada (basicamente, uma forma “oficial” de o site ser acedido por programas, de forma automatizada — por contraste, a maior parte das correctoras de criptomoedas fornecem isso), mas *tem* métodos para acesso automatizado (ou seja, está mais ou menos no meio entre bancos portugueses, com os quais não se faz nada, e correctoras de criptomoedas, que permitem fazer isso tudo de forma segura, e têm isso documentado).

Resumindo a ideia:

  1. No banco, configuro uma transferência automática para a correctora (neste caso, a DEGIRO), de X€, no dia 25 de cada mês (costumo receber uns 2-3 dias antes);
  2. A minha ferramenta vai periodicamente (neste momento faço-o todos os dias da semana) à DEGIRO e vê se tem lá dinheiro acima de Y€ (para evitar compras “a conta-gotas”) e, em caso afirmativo, faz as compras que puder, de acordo com uma configuração definida por mim.

Comecei por procurar se já havia alguma coisa que fizesse exactamente o que eu queria, mas tudo o que encontrei para aceder à DEGIRO, além de fazer muito mais coisas do que quero (para isto), é tudo em linguagens de programação e/ou frameworks das quais, infelizmente, não sei praticamente nada (Node.JS, Python, etc.). Desta forma, pude ver como é que os pedidos à DEGIRO têm de ser feitos (em termos de URLs, conteúdo dos POSTs e GETs (JSON, em geral), etc.), mas tive de programar isto de raiz, em PHP.

E está a funcionar! Desde Abril (com melhorias/correcções ocasionais, claro).

Mas este post já vai longo, por isso deixo para o próximo (mais uns dias) o “como” isto funciona (“como” em termos do processo, não vou aqui falar de programação 🙂 ), como tenho configurado (e como posso mudar isso no futuro), os resultados, o pequeno “senão” ao qual sou obrigado por a DEGIRO não ter uma API a sério (spoiler: é preciso desligar a autenticação de 2 factores. Contorno isso dentro do possível, usando uma password enorme e que não uso em mais lado nenhum, mas não sei se me sentiria descansado se tivesse lá, tipo, 100x o que tenho…), o que é preciso para isto funcionar (se bem que tenho dúvidas se alguma vez vou poder disponibilizar isto de uma utilizável de uma forma geral, ou até mesmo se haveria interesse — não estou interessado (nem considero viável, nem acho que o pudesse fazer, legalmente) em criar um site tipo ETFmatic, mas que pedisse às pessoas as credenciais da DEGIRO aos utilizadores, ou mesmo algo que o fizesse numa 2º conta na DEGIRO, em meu nome, e conseguisse gerir o que é que pertence a cada um — isso é daquelas coisas que não se faria sem um departamento legal 🙂 ), etc.

Stay tuned… 😉 EDIT: aqui está a parte 2.

Acumulação vs. Investimento: uma experiência

Para ver se animo um bocado o blog 🙂 , decidi há dias iniciar uma experiência, cujos resultados vou partilhar aqui nos próximos tempos. A ideia é desmistificar um pouco o conceito de investimento, já que, pelo que vi em comentários passados, é comum em Portugal ter-se alguma desconfiança em relação a investir na bolsa, preferindo-se contas-poupança, certificados de aforro e afins, cujos juros actualmente são bastante mais baixos do que já foram 1.

Investir, por outro lado, tem um risco maior, já que as acções em questão podem descer abaixo do valor inicial, e de tempos a tempos há os chamados “crashes”, o último dos quais foi em 2008. Muita gente que perde dinheiro nos “crashes” fá-lo devido à natureza humana, que frequentemente faz com que a pessoa tome a acção contrária ao que seria racional fazer — por exemplo, se as acções caíram imenso, a tendência é vender (por uma fracção do preço inicial) antes que caiam ainda mais… mas isso significa que se perdeu efectivamente a maior parte do dinheiro investido. A longo prazo, a tendência dos mercados é sempre subirem; pode é ser necessário aguentar um ou dois anos de “angústia” quando há um “crash”.

(Claro que há o perigo de uma empresa na qual se investiu falir totalmente e perder-se todo o investimento, mas a solução para isso é investir não em empresas/acções individuais, mas sim nos chamados “index funds“, como por exemplo um que siga o S&P 500. Seguindo as maiores 500 empresas dos EUA (que são para todos os efeitos multinacionais, não estão limitadas aos States), se uma delas falir, ou mesmo descer abaixo do top 500, ela é retirada do fundo e substituída por outra, automaticamente. A única forma de se perder tudo num fundo destes, portanto, seria um completo acabar do conceito de “bolsa”, o que só aconteceria numa catástrofe global (ex. III Guerra Mundial). Sem ser isso, por muito que caia, acabará sempre por voltar a subir — é só questão de se ter paciência e não se entrar em pânico.)

A minha ideia, portanto, é a seguinte: pelo menos uma vez por mês (mas podem ser mais vezes), vou “acumular” (transferindo para uma conta secundária, sem juros “palpáveis”) determinada quantia (nunca inferior a 100€), e, ao mesmo tempo, vou investir a mesma quantia. Escolhi o ETFmatic para isto, com um portfolio customizado por mim (que provavelmente é inferior a simplesmente pôr tudo no S&P 500, mas também estou a usar isto para comparar vários tipos de investimento — ou seja, sem dúvida que dá para fazer melhor que isto, seja no ETFmatic seja investindo directamente, por exemplo num broker tipo DeGiro. Depois desta experiência, provavelmente mudarei o portfolio para algo mais eficiente). A escolha do ETFmatic deve-se também à questão de poder simplesmente transferir dinheiro para lá e eles tratarem do resto, incluindo o reinvestimento de dividendos.

Por outro lado, por uma questão de privacidade, não quero aqui divulgar valores. Desta forma, a minha ideia é a seguinte:

  • o valor acumulado será sempre apresentado como 100%;
  • o valor resultado dos investimentos será uma percentagem em proporção ao valor acumulado.

Por exemplo, se tivesse 100€ acumulados e o valor resultante dos investimentos fosse 105€, apresenta-lo-ia como 105%.

A minha ideia é postar sobre estes valores no último dia de cada mês — portanto, a primeira vez será daqui a 20 dias 2. A primeira acumulação e investimento foram feitos no passado dia 30 de Janeiro, mas ainda espero fazer mais uns (sempre valores iguais um ao outro, repito) antes do fim de Fevereiro, quando receber.

Vou tentar fazer isto (sem levantar nada da acumulação ou dos investimentos) pelo menos durante um ano. Isto assumindo que não há emergências…

E os inevitáveis disclaimers:

  • nada disto constitui aconselhamento financeiro / de investimentos, obviamente; estarei só a partilhar os resultados de uma experiência minha;
  • como disse acima, o meu portfolio no ETFmatic está longe de ser o ideal; estou também a comparar, para satisfação de curiosidade pessoal, os vários tipos de ETFs lá (em geral divididos por regiões do mundo), em vez de pôr tudo no que quase sempre é o mais eficiente (S&P 500) ). Sim, estou possivelmente a perder dinheiro pela ciência! 🙂
  • sim, eu sei que um ano não é nada em termos de investimentos; estes devem ser vistos em termos de décadas. As acções tanto podem continuar a subir como tem acontecido desde 2010 ou isso, como pode haver outro “crash” antes do fim do ano. A minha ideia não é dizer “investir é sempre melhor“, é apenas “estão a ver, a bolsa não morde (nem é preciso ser rico para investir)“; 🙂
  • o valor apresentado dos investimentos incluirá o valor actual dos ETFs, somado ao valor já no ETFmatic mas ainda por investir (por exemplo, por o valor restante depois de compra de vários ETFs não chegar para comprar mais uma unidade, ou por ter recentemente recebido dividendos e estes ainda não terem sido reinvestidos), sendo-lhe retiradas quaisquer tarifas cobradas pelo próprio ETFmatic (que são bastante baixas);
  • como também disse acima, a frequência das acumulações/investimentos pode variar, mas 1) serão sempre valores idênticos para cada um; 2) serão no mínimo uma vez por mês, e 3) o valor mensal para cada um nunca será inferior a 100€, a não ser que haja alguma emergência na minha vida.

Por último, e só pela piada da coisa (já que ainda só se passaram 9 dias, por isso isto não quer mesmo dizer nada), partilho o estado actual da experiência:

  • Acumulação: 100%
  • Investimentos: 101.1%

Poupar em transportes: ideias?

Segundo já li em N sítios, as 3 maiores despesas da maioria das pessoas são (sem ser por nenhuma ordem específica):

  • a casa (referindo-se às prestações do crédito habitação ou renda da casa, não a gastos feitos em casa, nem às compras para a mesma);
  • alimentação (em parte já incluída nas compras de supermercado, se bem que há também a questão dos restaurantes, marmitas, etc., que talvez venha a ser assunto de um post no futuro);
  • … e transportes, sobretudo entre casa e trabalho, que para a maioria das pessoas são o mais frequente.

A poupança nestes últimos é, então, o tema deste post. É um tema, no entanto, sobre o qual não tenho muito a partilhar, para já — daí pedir as vossas ideias. Isso por várias razões:

  1. só tenho olhado para o meu caso, que se resume a: A) demoro normalmente 15 minutos entre casa e trabalho, e apanho pouco ou nenhum trânsito; B) só tenho de atestar menos de uma vez por mês; C) não tenho transporte directo (estive a ver várias alternativas, e implicaria sempre mudar a meio, o que detesto — já detestava quando andava no metro em Lisboa, nos meus tempos de juventude), D) bicicleta por estes caminhos é impensável, e E) ir a pé demora mais de uma hora e… é uma aventura, se bem que ainda o penso voltar a fazer de vez em quando, quando as alergias passarem completamente.
  2. a maior parte dos conselhos que se vê na net, em blogs e outros sites nos EUA, sugere coisas como “mudarmo-nos para perto do trabalho” — idealmente de forma a se poder ir de bicicleta, ou até mesmo a pé. Isto faz sentido (e, de certa forma, o facto de o meu trabalho ser relativamente perto e não me obrigar a ir para o meu do caos de Lisboa é dos factores que mais me tem mantido nele), mas é mais válido para o mundo americano, em que quase toda a gente, sobretudo na juventude, aluga (ou, mesmo com um crédito habitação, tem relativa facilidade em vender a casa e conseguir o equivalente a “transferir” o crédito para a nova habitação). Por cá, pouca gente aluga, e tenho a ideia de transferir créditos é mais difícil, além de que muita gente (não é o meu caso) vive em casa dos pais, e obviamente não vai subtilmente sugerir a estes que se mudem para mais perto do seu trabalho…

Depois há as opções “habituais”:

  • ir de bicicleta ou a pé se possível (já mencionado acima), sendo o “possível” dependente de vários factores (acessos, segurança, saúde, etc.);
  • também mencionado acima: caso mudar de habitação seja fácil (ex. por ser alugada, ou por se estar a sair de casa dos pais) e a intenção for trabalhar no mesmo sítio por bastante tempo, então mudar de casa para perto do trabalho (idealmente, permitindo ir a pé) pode poupar rios de dinheiro ao longo de vários anos;
  • em alternativa, talvez seja possível mudar de emprego para perto de casa, ou pelo menos valorizar isso devidamente na escolha de empregos. No meu caso, posso dizer que escolhi e continuarei a escolher trabalhar relativamente perto de casa (e sem me aproximar de Lisboa) a qualquer alternativa que implique ir para o meio da capital todos os dias, demorar mais de uma hora para cada lado, stressar-me com o caos do trânsito lisboeta, etc., mesmo que esta opção pagasse mais uma centena de euros ou duas — dinheiro esse que acho que nem compensaria a diferença de consumo de gasolina, já nem falando no tempostress despendidos…
  • insistir nos transportes públicos, mesmo que obriguem a mudar entre vários, demorem 4x mais tempo, etc.;
  • carpooling: um grupo de colegas (que vivam relativamente perto) junta-se, um deles (que pode ir variando) é escolhido para levar o carro e ir buscar/entregar os outros, e dividem a gasolina;
  • tentar trabalhar remotamente um ou dois dias por semana, se o trabalho — e o empregador — o permitirem. Infelizmente, isto ainda é bastante raro em Portugal; as chefias têm mentalidades bastante retrógradas neste aspecto (ex. acham que as pessoas só trabalham se o chefe estiver a “vigiar”, parecem julgar que estão numa linha de montagem de uma fábrica, que o mais importante são as horas de trabalho (e não os resultados), etc);
  • se não for possível evitar o uso diário de um veículo próprio, tentar arranjar um que gaste menos, se bem que a mudança em si também pode ser uma despesa. Penso que motas também são uma opção possivelmente mais económica. Mas, efectivamente, sei pouco sobre estas questões, em grande parte por não “ligar a carros” nem gostar particularmente de conduzir; o meu carro é um utilitário que gasta pouco, e só penso mudar quando ele tiver alguma avaria cuja reparação custe mais do que um veículo usado do mesmo nível. Talvez alguém com um “desportivo” sedento de gasolina possa poupar, ao longo de vários anos, uma quantia palpável se trocar o dito por um carro menos “adolescente” (ou menos “crise-de-meia-idade”). 😉
  • independentemente da questão do acesso ao trabalho, também pode haver outros percursos regulares para os quais o carro não seja realmente necessário, sendo possível (e preferível) ir a pé. Os portugueses são, parece-me, muito comodistas neste aspecto: vão de carro para todo o lado, às vezes para pouco mais do que ir ao café no fim da rua (e não me refiro a quem tenha mobilidade reduzida por alguma razão). Andar mais a pé tem várias vantagens além da poupança: melhora a saúde, não polui, e permite-nos conhecer melhor as redondezas, em vez de ser tudo “cenário de fundo”. Se estiver bom tempo, e não tivermos questões de saúde, nem tivermos de transportar grandes cargas nem na ida nem na volta, então acho que, se é menos de 30 minutos a pé, o meio de transporte ideal é, acho eu, “os pés”.

Mas… tudo isto continua-me a parecer super-hiper-mega-básico. Ideias melhores agradecem-se. 🙂

Poupar em casa: ideias?

Como já foi feito em relação à poupança no supermercado, a ideia deste post é ser parte rascunho, parte pedido de ideias e sugestões, sobre um tema em relação ao qual eu acho que neste momento não sei muito mais do que o básico. Eventualmente haverá, espero eu, um post mais “definitivo”.

Mas, vamos lá. Vou começar pelo que eu já “sei”, e de seguida mencionarei umas boas sugestões que já vi aqui em comentários.

  • não deixar luzes nem torneiras ligadas/abertas, mesmo que seja para regressar à divisão (ou lavatório) em um minuto ou menos;
  • evitar ao máximo aquecedores ou ares condicionados (a não ser que haja pessoas mais vulneráveis em casa, como crianças pequenas, idosos ou doentes). Com treino e habituação, podemos alargar a gama de temperaturas em que nos sentimos confortáveis (em vez da “flor-de-estufice” do “tem de ser exactamente 21º e ¾ ou está tudo estragado” — mas chega de falar de certos colegas no trabalho. 🙂 );
  • estou um bocado desactualizado em termos de tipos de lâmpadas: quais é que são as mais económicas agora (não apenas em termos de consumirem menos, mas de compensarem a diferença de preço ao longo da sua “vida natural”)?
  • ao lavar roupa na máquina, usar um programa apropriado (sobretudo em termos de “máquina cheia” ou “máquina a metade” — guardaram o manual da máquina, certo? 🙂 ). Não tenho máquina de lavar louça, mas suponho que seja semelhante;
  • cancelar serviços que não se usem, ou se usem pouco (ex. canais de TV premium — ou mesmo a televisão em geral — quando se usa principalmente serviços de streaming);
  • ir mais longe: cancelar praticamente tudo, para ver do que é que se precisa realmente (e depois reactivar somente isso);
  • isto não é poupança directa, mas tentar evitar a acumulação de “tralha”; se se tiver coisas que já não se usem, tentar vendê-las ou dá-las, ou, se necessário, deitá-las fora ou, pelo menos, transferi-las para a arrecadação;
  • por falar na arrecadação, ver o que há lá que se possa vender, dar ou deitar fora. Ainda não comecei a fazer isto, mas espero fazê-lo ainda este ano…
  • eu sei que sou o pior exemplo disto à face da terra, mas… tentar ter a casa relativamente arrumada e limpa 1;
  • por falar nisso, evitar — sobretudo se se viver com alguém — o estilo de “arrumação” conhecido por “esconder tudo da vista“; sim, fica mais bonito (“olhem para mim, tão minimalista!“), mas depois a outra pessoa (ou possivelmente até nós próprios, por “despassaranço”) vai achar que determinadas coisas já acabaram, e comprar mais delas. Não que esteja a falar por experiência própria; oh, não! 😉
  • reutilizar coisas para fins diferentes (por exemplo, o “calhamaço” do guia de estudo de um certo sistema operativo que comprei nos anos 90, e que nunca mais vou usar como livro por estar mais de 20 anos desactualizado, ainda serve bem como base para elevar um monitor à altura dos olhos 🙂 );
  • aprender a cozinhar. Sim, isto pode permitir poupar centenas de euros ao longo do ano, além de — caso vivamos com outra pessoa que também cozinhe bem (caso contrário, aprendam ambos!) — tornar a relação mais justa. 😉 “Ah e tal, deixo tudo queimar“, ou “ele/a gosta de cozinhar, não preciso de saber eu fazê-lo” não passam de desculpas 🙂 ;
  • ter o frigorífico organizado — não apenas no sentido de ter um sítio próprio para cada tipo de produto, mas também de estar tudo bem visível (a tendência é esquecermos o que está completamente tapado), de forma a evitar que as várias coisas sejam esquecidas até atingirem o prazo de validade;
  • por falar em prazos de validade, estes tendem a ser “estimativas conservadoras“; a maioria dos produtos dura sempre um pouco mais, e para muitos deles é óbvio (pelo aspecto, cheiro, etc.) se ainda estão bons ou não — por outras palavras, não deitar uma coisa fora apenas porque atingiu o prazo, sem sequer se verificar se ainda está consumível;
  • tornar-se um “mestre” do congelador, aprendendo o que pode ser congelado sem perder qualidades, mesmo não sendo algo que normalmente se pensa como “congelável” (ex. manteiga, molhos, etc.). Pode ser útil, entre outras situações, quando se tem determinada coisa em excesso (por se receber alguma oferta, por exemplo);
  • se possível (varanda, espaço perto das janelas, etc.) semear algumas coisas comestíveis (normalmente temperos) que exijam pouca manutenção. Por exemplo, na minha varanda há neste momento alecrim, cebolinho, malaguetas e hortelã. Já mencionei que é útil saber cozinhar? 🙂 ;
  • isto dependerá de cada um (e, disclaimer: algumas coisas aqui podem ser perigosas), mas é bom saber fazer coisas básicas em casa (mudar uma lâmpada, apertar um parafuso de uma cama que faz barulho, resolver outros problemas simples, possivelmente (se bem que aqui não vou tão longe, no meu caso) alguma canalização e/ou trabalho de electricista;

E partilho também algumas sugestões já aqui mencionadas por leitores:

  • renegociar os contratos de telecomunicações (Ricardo);
  • diminuir a potência do contador de electricidade, pelo menos nos meses em que não se usam aquecedores (idealmente todos 🙂 ) (Ricardo)
  • vá, quero mais! 🙂

 

Poupar no supermercado: ideias?

Carrinho de supermercado

Mencionei num comentário recente que já tinha pensado em escrever um post sobre formas de poupar nas compras de supermercado, mas que não o tinha ainda feito por estar longe de ser um especialista no assunto, e não querer fazer um post só com o mais básico.

Entretanto, pensei: este blog já tem alguns leitores/as; porque não pedir ajuda? Neste caso específico, ideias, truques, sugestões — de forma a fazer um eventual guia que poderá ser bem melhor do que um que escreveria sozinho. Com sorte, esse será o primeiro post colaborativo do OvelhaOstra. 🙂

O que eu próprio já sei (tirado, também, do comentário mencionado no início, com mais uma ideia ou outra):

  • não ir ao supermercado com fome;
  • fazer uma lista e segui-la tão à risca quanto possível;
  • no caso de comida fresca, planear uma ou outra refeição (com datas específicas) e comprar só o necessário para essas refeições, para evitar desperdícios;
  • não comprar um ingrediente sem se ter em mente pelo menos uma refeição para o usar (“OK, isto é para o jantar de quinta-feira…“)  nem, caso seja algo que se estrague, sem ter (ou estar a comprar também) o resto dos ingredientes necessários;
  • um desconto enorme numa coisa (“menos 80%! só esta semana!“) não faz dela “um bom negócio” se não precisamos dela para nada;
  • da mesma forma, olhar para os descontos disponíveis (e aproveitá-los quando for apropriado), mas com cuidado: muitas vezes “20% de desconto em X” faz com que se ache que se tem de comprar X… mesmo que não se tenha actualmente nenhuma necessidade de tal produto;
  • por outro lado, faz sentido comprar coisas que sejam sempre necessárias em quantidade, se estiverem em promoção e não forem coisas que se estraguem com o tempo (possíveis exemplos: papel higiénico, produtos de limpeza, etc.);
  • preferir em geral produtos brancos, excepto se determinado produto branco é mesmo mau, ou se é algo em que se aprecia a diferença de qualidade de outra marca;
  • relacionado com a sugestão anterior: para cada tipo de produto, há sempre um nível “suficientemente bom” (que pode ser o produto branco, ou algo um pouco mais caro). Tentar, sempre (excepto talvez para raras ocasiões especiais), comprar coisas nesse nível, e não acima. 1

Mas… isto tudo parece-me tão básico, pelo que pedia, então, mais sugestões, de forma a, mais tarde, juntar tudo num post mais definitivo sobre o assunto. Obviamente, darei crédito aos autores de todas as sugestões incluídas.

Ideias?