Dica de poupança: Cancelar tudo, e mais tarde reactivar o que fez mesmo falta

(Sim, é mais uma categoria no blog. Não vai ser uma série numerada (como a do pagamento de dívidas, ou as listas de recomendações de blogs, livros, etc.), porque cada dica em geral é independente das outras, mas dá para consultar as várias dicas (neste momento ainda só há esta) pela categoria “Dicas de poupança”.)

Já tinha ouvido falar desta dica num episódio anterior do podcast Bigger Pockets Money (o episódio 10, cuja convidada é a autora do blog Frugalwoods), mas o episódio que ouvi ontem voltou a mencionar essa técnica. Entretanto, como os últimos posts têm sido mais “divagações” do que outras coisas, achei que era boa ideia variar, partilhando desta vez uma dica mais prática. Juntando as duas coisas…

A dica é só isto: cancelar praticamente tudo 1, durante pelo menos um mês ou dois, e depois reactivar só o que fez mesmo falta.

O “praticamente tudo” pode significar muita coisa (e não estou a condenar nenhuma das que vou mencionar a seguir, apenas a usá-las como exemplos do que se pode cortar temporariamente):

  • assinaturas de publicações (jornais, revistas, etc.) ou serviços (incluindo internet, televisão, telemóveis 2, streaming (Netflix, música, etc.), serviços de limpeza, serviços de entregas, etc.)
  • compras regulares (incluindo guloseimas, bebidas sem ser água da torneira, revistas, jornais, etc.)
  • hábitos (ex. ir jantar fora todos os fins de semana, ir ao café de manhã e a meio da tarde 3, ir de carro para o trabalho em vez de transportes públicos ou a pé, etc.

Por tudo o que ouvi, quando alguém (uma pessoa, um casal, etc.) experimenta fazer isto, o normal é depois reactivar coisas de que realmente precisa, sim, mas — e isto é uma surpresa para a própria pessoa — há outras coisas das quais a pessoa julgava que ia sentir imensa falta, mas não sentiu. Por exemplo:

  • afinal sabe-nos melhor jantar em casa na maior parte dos sábados do que ir sempre a um restaurante“, ou
  • afinal não preciso do serviço de dados móveis, tenho wi-fi em casa e no trabalho“, ou
  • depois do choque dos primeiros dias, diverti-me muito mais durante o último mês a fazer outras coisas, em vez de vegetar à frente da televisão como sempre fazia“.

Possivelmente até aprendemos algo de novo acerca de nós próprios, o que é sempre bom. 🙂 Além disso, muitas vezes o facto de, durante o tal mês ou dois, nos apercebermos de que efectivamente precisamos de determinada coisa faz com que procuremos e encontremos uma alternativa grátis (ou pelo menos bastante mais barata), que depois descobrimos que nos satisfaz perfeitamente, e devido a isso, mesmo quando a experiência termina, já não pecisamos de reactivar a coisa (compra regular, serviço, hábito, etc.) em questão.

Eu próprio ainda não fiz isto na minha vida intencionalmente, como uma experiência — se bem que já cancelei N coisas nos últimos meses por uma questão de poupança, e ainda posso vir a cancelar mais. Mas sou capaz de fazer umas experiências neste sentido, nos próximos tempos — não só para conseguir poupar mais, mas também — e talvez isto seja ainda mais importante — para separar aquilo que efectivamente me faz falta daquilo que só julgo que faz.

  1. não incluindo coisas realmente vitais, como electricidade ou água
  2. talvez só se se tiver um do trabalho, avisando as pessoas que devem ligar temporariamente para esse?
  3. não resisto :P

3 comentários em “Dica de poupança: Cancelar tudo, e mais tarde reactivar o que fez mesmo falta”

  1. E até tem uma vantagem adicional que é o facto de haver muitas campanhas de reativação ou meses gratuitos para antigos clientes. No limite volta-se a ter a mesma coisa que anteriormente, por um preço mais simpático.

    No limite até subscrever com dois emails, alternando entre um e outro, conforme as campanhas de reactivação. Aqui, embora legal porque se está a pagar, já entramos na parte ética de cada um.

  2. Estou com imensa curiosidade para ver como corre.
    Confesso que não senti falta de nada. Ou melhor sinto, mas não reflecte a realidade – quando me oferecem uma mensalidade no Scribd ou Netflix, percebo que é uma falsa sensação de privação porque na prática não utilizo. Ainda tenho aqui 4 Jornal de Letras, que ainda não li (entretanto já li outros na biblioteca).
    Se aparecer uma promoção de oferta, uso nessa altura e é suficiente para relembrar que realmente não preciso.

    1. Ah, sim, também já passei pelo “chegou o último número da revista, e ainda nem li a anterior“, o que em geral é uma óptima pista de que ela é uma boa candidata ao cancelamento. 🙂

      Aliás, tenho de olhar para umas (uma de histórias de mistério e duas de ficção científica) que ainda assino no Kindle, e até são bastante baratas (por serem digitais), uns $7 por mês as três, mas como há bastante tempo que 1) quase só ouço em vez de ler, os olhos raramente estão disponíveis, e 2) quase tudo o que leio actualmente é sobre finanças e desenvolvimento pessoal, elas já andam a acumular há algum tempo. 🙁 Faz-me pena cancelar, eu ainda sonho com um dia ter tempo livre a sério e ler tudo o que tenho em atraso… mas mesmo assim será mais racional cancelar agora e, no dia em que chegar à independência financeira (e pela primeira vez em décadas tiver tempo), comprar todos os números em atraso (provavelmente até mais baratos do que novos).

      Enfim, acabei de cancelar. Sempre poupo (convertendo os dólares para euros) mais uns 71€ por ano… e já tenho dezenas delas ainda por ler, se algum dia tiver tempo e me apetecer mesmo ler algumas.

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