Poupar em casa: ideias?

Como já foi feito em relação à poupança no supermercado, a ideia deste post é ser parte rascunho, parte pedido de ideias e sugestões, sobre um tema em relação ao qual eu acho que neste momento não sei muito mais do que o básico. Eventualmente haverá, espero eu, um post mais “definitivo”.

Mas, vamos lá. Vou começar pelo que eu já “sei”, e de seguida mencionarei umas boas sugestões que já vi aqui em comentários.

  • não deixar luzes nem torneiras ligadas/abertas, mesmo que seja para regressar à divisão (ou lavatório) em um minuto ou menos;
  • evitar ao máximo aquecedores ou ares condicionados (a não ser que haja pessoas mais vulneráveis em casa, como crianças pequenas, idosos ou doentes). Com treino e habituação, podemos alargar a gama de temperaturas em que nos sentimos confortáveis (em vez da “flor-de-estufice” do “tem de ser exactamente 21º e ¾ ou está tudo estragado” — mas chega de falar de certos colegas no trabalho. 🙂 );
  • estou um bocado desactualizado em termos de tipos de lâmpadas: quais é que são as mais económicas agora (não apenas em termos de consumirem menos, mas de compensarem a diferença de preço ao longo da sua “vida natural”)?
  • ao lavar roupa na máquina, usar um programa apropriado (sobretudo em termos de “máquina cheia” ou “máquina a metade” — guardaram o manual da máquina, certo? 🙂 ). Não tenho máquina de lavar louça, mas suponho que seja semelhante;
  • cancelar serviços que não se usem, ou se usem pouco (ex. canais de TV premium — ou mesmo a televisão em geral — quando se usa principalmente serviços de streaming);
  • ir mais longe: cancelar praticamente tudo, para ver do que é que se precisa realmente (e depois reactivar somente isso);
  • isto não é poupança directa, mas tentar evitar a acumulação de “tralha”; se se tiver coisas que já não se usem, tentar vendê-las ou dá-las, ou, se necessário, deitá-las fora ou, pelo menos, transferi-las para a arrecadação;
  • por falar na arrecadação, ver o que há lá que se possa vender, dar ou deitar fora. Ainda não comecei a fazer isto, mas espero fazê-lo ainda este ano…
  • eu sei que sou o pior exemplo disto à face da terra, mas… tentar ter a casa relativamente arrumada e limpa 1;
  • por falar nisso, evitar — sobretudo se se viver com alguém — o estilo de “arrumação” conhecido por “esconder tudo da vista“; sim, fica mais bonito (“olhem para mim, tão minimalista!“), mas depois a outra pessoa (ou possivelmente até nós próprios, por “despassaranço”) vai achar que determinadas coisas já acabaram, e comprar mais delas. Não que esteja a falar por experiência própria; oh, não! 😉
  • reutilizar coisas para fins diferentes (por exemplo, o “calhamaço” do guia de estudo de um certo sistema operativo que comprei nos anos 90, e que nunca mais vou usar como livro por estar mais de 20 anos desactualizado, ainda serve bem como base para elevar um monitor à altura dos olhos 🙂 );
  • aprender a cozinhar. Sim, isto pode permitir poupar centenas de euros ao longo do ano, além de — caso vivamos com outra pessoa que também cozinhe bem (caso contrário, aprendam ambos!) — tornar a relação mais justa. 😉 “Ah e tal, deixo tudo queimar“, ou “ele/a gosta de cozinhar, não preciso de saber eu fazê-lo” não passam de desculpas 🙂 ;
  • ter o frigorífico organizado — não apenas no sentido de ter um sítio próprio para cada tipo de produto, mas também de estar tudo bem visível (a tendência é esquecermos o que está completamente tapado), de forma a evitar que as várias coisas sejam esquecidas até atingirem o prazo de validade;
  • por falar em prazos de validade, estes tendem a ser “estimativas conservadoras“; a maioria dos produtos dura sempre um pouco mais, e para muitos deles é óbvio (pelo aspecto, cheiro, etc.) se ainda estão bons ou não — por outras palavras, não deitar uma coisa fora apenas porque atingiu o prazo, sem sequer se verificar se ainda está consumível;
  • tornar-se um “mestre” do congelador, aprendendo o que pode ser congelado sem perder qualidades, mesmo não sendo algo que normalmente se pensa como “congelável” (ex. manteiga, molhos, etc.). Pode ser útil, entre outras situações, quando se tem determinada coisa em excesso (por se receber alguma oferta, por exemplo);
  • se possível (varanda, espaço perto das janelas, etc.) semear algumas coisas comestíveis (normalmente temperos) que exijam pouca manutenção. Por exemplo, na minha varanda há neste momento alecrim, cebolinho, malaguetas e hortelã. Já mencionei que é útil saber cozinhar? 🙂 ;
  • isto dependerá de cada um (e, disclaimer: algumas coisas aqui podem ser perigosas), mas é bom saber fazer coisas básicas em casa (mudar uma lâmpada, apertar um parafuso de uma cama que faz barulho, resolver outros problemas simples, possivelmente (se bem que aqui não vou tão longe, no meu caso) alguma canalização e/ou trabalho de electricista;

E partilho também algumas sugestões já aqui mencionadas por leitores:

  • renegociar os contratos de telecomunicações (Ricardo);
  • diminuir a potência do contador de electricidade, pelo menos nos meses em que não se usam aquecedores (idealmente todos 🙂 ) (Ricardo)
  • vá, quero mais! 🙂

 

Poupar no supermercado: ideias?

Carrinho de supermercado

Mencionei num comentário recente que já tinha pensado em escrever um post sobre formas de poupar nas compras de supermercado, mas que não o tinha ainda feito por estar longe de ser um especialista no assunto, e não querer fazer um post só com o mais básico.

Entretanto, pensei: este blog já tem alguns leitores/as; porque não pedir ajuda? Neste caso específico, ideias, truques, sugestões — de forma a fazer um eventual guia que poderá ser bem melhor do que um que escreveria sozinho. Com sorte, esse será o primeiro post colaborativo do OvelhaOstra. 🙂

O que eu próprio já sei (tirado, também, do comentário mencionado no início, com mais uma ideia ou outra):

  • não ir ao supermercado com fome;
  • fazer uma lista e segui-la tão à risca quanto possível;
  • no caso de comida fresca, planear uma ou outra refeição (com datas específicas) e comprar só o necessário para essas refeições, para evitar desperdícios;
  • não comprar um ingrediente sem se ter em mente pelo menos uma refeição para o usar (“OK, isto é para o jantar de quinta-feira…“)  nem, caso seja algo que se estrague, sem ter (ou estar a comprar também) o resto dos ingredientes necessários;
  • um desconto enorme numa coisa (“menos 80%! só esta semana!“) não faz dela “um bom negócio” se não precisamos dela para nada;
  • da mesma forma, olhar para os descontos disponíveis (e aproveitá-los quando for apropriado), mas com cuidado: muitas vezes “20% de desconto em X” faz com que se ache que se tem de comprar X… mesmo que não se tenha actualmente nenhuma necessidade de tal produto;
  • por outro lado, faz sentido comprar coisas que sejam sempre necessárias em quantidade, se estiverem em promoção e não forem coisas que se estraguem com o tempo (possíveis exemplos: papel higiénico, produtos de limpeza, etc.);
  • preferir em geral produtos brancos, excepto se determinado produto branco é mesmo mau, ou se é algo em que se aprecia a diferença de qualidade de outra marca;
  • relacionado com a sugestão anterior: para cada tipo de produto, há sempre um nível “suficientemente bom” (que pode ser o produto branco, ou algo um pouco mais caro). Tentar, sempre (excepto talvez para raras ocasiões especiais), comprar coisas nesse nível, e não acima. 1

Mas… isto tudo parece-me tão básico, pelo que pedia, então, mais sugestões, de forma a, mais tarde, juntar tudo num post mais definitivo sobre o assunto. Obviamente, darei crédito aos autores de todas as sugestões incluídas.

Ideias?

Melhorias financeiras desde a criação do blog (e não só)

Este post está escrito de uma forma mais informal, já que começou por ser uma lista somente para consumo próprio. Essa lista foi também iniciada antes de alguns dos últimos posts, pelo que terá uma correcção ou duas — que, pela piada da coisa, decidi deixar ficar. E, por último, o título do post engana um pouco, já que a primeira metade dele é sobre coisas que já fazia antes de começar este blog. Mas, vamos lá…

Já fazia (antes do blog):

  • nada de lanches (em casa ou fora)
  • nada de pequenos-almoços (excepto um café com leite, em casa)
  • nada de idas ao café
    (nada disto foi por razões financeiras, já agora — são mesmo hábitos que adquiri — ou, melhor dizendo, que deixei — com a idade.)
  • evito conduzir (sobretudo em cidades, filas, etc.)
  • já não saio à noite há anos (até devia fazê-lo uma vez ou outra, acho)
  • não fumo, nem consumo… coisas menos legais (bebo álcool, porém)
  • em termos de supermercados: compro sobretudo produtos brancos
  • bebo, e sempre beberei (excepto em certos sítios estranhos, tipo Alentejo, onde ela tende a saber mal) água da torneira
  • não deixo (sempre que me lembro, pelo menos — às vezes ainda escapa alguma coisa) luzes acesas, torneiras abertas, etc. mais do que o necessário (antes era comum deixar uma luz acessa “porque daqui a uns minutos volto”)
  • compro e bebo café para máquina de balão (em vez de cápsulas). Às vezes, por preguiça, até recorro ao café solúvel (que é ainda mais barato, mas acho que só é “bebível” com leite e afins — porém, serve bem para o café (com leite) da manhã)
  • cancelei várias assinaturas: wall street journal, financial times, humble bundle, big fish games, várias revistas (de videojogos, história, etc.)
  • quase nunca compro roupa; em geral só substituo coisas que se estraguem (por acaso até precisava de comprar alguma; já só tenho coisas com vários anos)
  • empregada: não é regular, e só a chamo muito raramente (frequentemente menos que uma vez por mês). Não, não é viável cancelar, eu sou mesmo muito mau em “lidas da casa”, se bem que sou razoável a manter as coisas vagamente aceitáveis por bastante tempo
  • não compro “brinquedos” novos (PCs, tablets, telemóveis, consolas, etc.) há vários anos
  • centros comerciais, e lojas em geral, são de evitar, já que só há três resultados possíveis: ou 1) saio de lá sem vontade de comprar nada, o que significa que foi completamente aborrecido; ou 2) saio de lá com vontade de comprar uma ou mais coisas, mas resisto, e por isso saio frustrado; ou 3) cedo à tentação e gasto dinheiro que não era suposto gastar, em algo de que não preciso (se só comprei por ver na loja, é porque vivia bem sem isso). Todos esses resultados são negativos.

Comecei com o blog:

  • nada de jogos fora do “plano” (Tempest 4000, expansão do Darkest Dungeon, conta VIP no MPQcortei este último, também)
  • não compro mais de um ebook por mês (e actualmente só sobre finanças pessoais, self-improvement, etc.)
  • não compro audiobooks fora da assinatura do Audible (há imensos podcasts grátis, pá! sobre tudo!), e limito esses também aos géneros mencionados no ponto anterior, por enquanto
  • tudo muito mais controlado em termos de comics (só mantenho uma ou outra assinatura), apps (nenhuma compra há um bom tempo, nem há planos para mais no futuro próximo), etc.
  • parei de investir no ETFmatic (primeiro acabar com as dívidas, depois logo se vê)
  • mandei vender os investimentos no ETFmatic (idem) para pagar mais dos cartões de crédito
  • cancelei mais umas assinaturas

A pensar para o futuro (isto é muito por alto, para já):

  • ir a pé para o trabalho mais uma vez ou outra? É melhor esperar que a época das alergias acabe…
  • no restaurante habitual ao pé do trabalho, passar a comer, pelo menos ocasionalmente, “só o prato”, sem bebida, sobremesa ou café? (bom para a saúde, também…)
  • comer carne menos vezes? substituir pelo quê? feijão? (hamburgers de soja e outros substitutos de carne são, em geral, mais caros… a ideia aqui é reduzir gastos sem prejudicar a saúde, não é tornar-me vegan)
  • passar a assinatura do office 365 de mensal para anual (20€ a menos, por ano)?
  • ver que outras assinaturas daria para cancelar? Já tratei de um bom número…
  • tentar reduzir os serviços de telecomunicações contratados (cancelar serviços tipo TV Cine, quando praticamente só vejo Netflix? Baixar a velocidade da internet?)

Este blog já me poupou dinheiro! :)

Ontem, ao fim do dia (naquele período indefinido entre o jantar e o “é melhor ir dormir, amanhã é outra vez dia de trabalho“) estava a alternar entre ler umas coisas no tablet e jogar outras coisas no mesmo tablet, quando abro uma certa aplicação, que reproduz vários livros-jogo da minha adolescência; a app em si (“Fighting Fantasy Classics“, existe tanto em iOS como Android) é grátis, mas cada livro depois custa 4.49€, o que até é (acho eu) um bom preço em comparação com o que eles custavam (em árvores mortas) nos anos 80, além de a app ter outras funcionalidades (audiovisuais, bookmarks, dados automáticos, etc.) que tornam a experiência ainda melhor.

Quando a app saiu há uns meses (antes de estar a levar estas coisas a sério, e bem antes de começar este blog), comprei logo vários dos livros (aqueles de que me lembrava melhor — grande parte do apelo disto para mim, confesso, é nostálgico), mas sempre tive a intenção de um dia ter todos, incluindo os que fosem saindo depois da primeira versão da app (já foram lançados mais uns, entretanto). Mas confesso, também, que ainda não tive tempo de jogar nenhum deles (excepto começar um para ver como funcionavam na app). Voltando à história: ontem à noite abri a aplicação, comecei a ler/jogar um dos outros que já tinha comprado (não o que tinha usado há meses para experimentar), estava a saber mesmo bem… e logo me veio à cabeça: “porque não comprar mais um, agora?” Era só tocar no botão de compra, e podia tê-lo no tablet, disponível, em menos de um minuto (sendo o valor descontado no cartão de crédito)…

Isto sem ter sequer aberto os vários que já comprei, repito. E tendo já outros jogos deste tipo no tablet e telemóvel, a maior parte dos quais também sem serem “explorados” a sério. Mas, ei, uma pessoa pensa: eventualmente quero tê-los todos, isso já está mais que decidido (e mantém-se). Tenho dinheiro neste momento. Sim, estou actualmente a poupar, há que “limpar” os cartões de crédito, mas 4 euros e meio não são o fim do mundo. Vai saber bem. Porque não?

Se isto fosse um desenho animado, estaria um diabinho no meu ombro a dizer-me essas coisas. 🙂

Sabem o que é que me impediu de comprar? Nem foi tanto a lógica de não fazer sentido comprar entretenimento quando ainda não fiz nada com o que já tenho do mesmo género, somente porque no momento sabe bem sentirmos que temos uma coisa nova. Na altura, nem me lembrei disso (em minha defesa, já era noite, e o dia tinha sido longo).

Foi, sim, outra coisa completamente diferente: hoje (sexta-feira) é o dia de postar aqui no blog sobre os gastos semanais (na conta bancária, cartão de refeição, e cartões de crédito). E pensei: como é que iria justificar uma nova despesa num jogo 1? Como é que isso poderia não parecer ridículo: estar para aqui a escrever sobre poupança e frugalidade, e depois gastar dinheiro de uma forma totalmente impulsiva em 1) algo de que não preciso, 2) tendo outros parecidos ainda por abrir, e 3) sem ter quase tempo nenhum para estas coisas, actualmente?

Portanto, este blog já foi útil. 🙂 E tenho de agradecer aos leitores/as que já tenho, já que, se soubesse que ninguém lê isto, talvez tivesse agido de forma diferente. 😉

Maximização da relação poupança/sacrifício

Já mencionei por alto este conceito uma ou duas vezes aqui no blog; é altura de um post mais detalhado sobre isso, por isso vamos lá:

Maximização da relação poupança/sacrifício 1 é a ideia de que, ao se tentar reduzir os gastos, faz sentido começar pelos que vão fazer “maior mossa” no total das despesas regulares — e com o menor “custo” na nossa alegria de vida.

Por outras palavras: quando alguém decide passar a poupar (seja para pagar uma dívida, seja para juntar para alguma coisa, seja por qualquer outra razão), em geral começa por ver onde pode cortar. Coisas supérfluas e mais caras são em geral as primeiras; depois, se necessário e/ou desejado, começa-se a cortar em coisas que nos fazem mais falta e/ou que não custam assim tanto dinheiro. Isto é algo que em geral fazemos “em cima do joelho”, não estamos a fazer nenhum tipo de cálculos ou listas. Desta forma, é bem provável que as coisas que nos vêm primeiro à cabeça para cortar não sejam as mais “eficazes” em termos de poupança. A minha ideia é tentar fazer isto de uma forma ligeiramente mais pensada — sem entrar em grandes formalismos ou matemática, coisas que não são tanto o meu forte.

Se pensarmos uns segundos em coisas que poderíamos alterar na nossa vida para reduzir gastos, de certeza que nos virão várias coisas bem diferentes à cabeça:

  1. umas que teriam algum efeito, mas “nem pensar”;
  2. outras que se suportavam bem, mas a poupança seria insignificante…
  3. … e, idealmente, algumas que estão no ponto certo: até se conseguia sem grande sacrifício, e a poupança seria “palpável”.

Mas o mais provável é que, se já começámos a poupar há algum tempo, já não nos venha (facilmente, pelo menos) à cabeça nenhuma coisa do 3º tipo.

Então, como determinar onde é que é mais “eficiente” atacar a seguir? Isto vai ser super-básico, foi o que acabou de me vir à ideia, e sem dúvida que é possível fazer bem melhor… mas vamos lá:

  1. faz uma lista das coisas que te vêm à cabeça para alterares na tua vida, de forma a poupar (deixar de consumir X, deixar de pagar por Y, etc.). Inclui mesmo as “nunca na vida”, por enquanto (já lá vamos);
  2. numa folha (ou .txt, ou .xlsx, ou onde quiseres), ordena as “coisas” por ordem decrescente de poupança (ou seja, pondo no início o que permitiria poupar mais);
  3. noutra folha (ou .txt, ou…), ordena as mesmas coisas, mas desta vez por ordem crescente de sacrifício/stress/como lhe quiseres chamar. Ou seja, começa pelas coisas mais fáceis/menos stressantes;
  4. em cada uma das folhas, trata a posição como o número de “pontos”: 1 ponto para a que ficar em primeiro, 2 pontos para o 2º lugar, etc.. Soma os pontos de cada uma das ideias em ambas as folhas (ex. se a alteração X é aparece em 2º lugar na primeira folha, e em 4º lugar na segunda folha, a pontuação dela será 2+4 = 6 pontos.
  5. como deve ser óbvio neste momento, os pontos aqui são “maus” — vêm de poupar menos, ou de nos custar mais. Portanto, vamos ordenar a lista de ideias, numa terceira folha (ou .xlsx, ou…) pelos pontos de cada ideia (da soma das duas primeiras folhas), por ordem crescente (i.e. menos pontos no topo).
  6. o resultado indicará, por alto, a ordem mais lógica das alterações a fazer na vida, estando no início as coisas que permitem poupar mais com menos sacrifício, e no fim as que provavelmente “não valem o esforço”, por assim dizer.

No fim, e assumindo que se está a levar a poupança a sério, vai-se pôr outra questão: onde parar? Ou seja, já temos a ordem, já sabemos onde “atacar” primeiro, mas eventualmente (depois de “limpar” as primeiras coisas da lista) chegar-se-á a um ponto em que a poupança será mínima e o sacrifício será significativo. Deve-se continuar? Isso deixo, obviamente, a cada um. 🙂 Só sugiro que, depois de certo ponto da lista, é bem possível que o nosso tempo e esforço possam ser (mesmo falando somente em termos financeiros) melhor empregues…

Já agora, a maior parte das alterações não têm de ser “binárias”; isto é, se, por exemplo, se achares que o que poupavas em cortar completamente os cafés da manhã não compensa o facto de eles te fazerem imensamente bem “à alma”, então talvez possas chegar a um meio-termo, em que só vais parte dos dias da semana, ou bebes o café mas não comes nenhum bolo, ou coisa parecida.

No meu caso, por exemplo, não estou mesmo nada virado para trazer marmita de casa (algo que em termos das listas anteriores teria muitos pontos em termos de sacrifícios/stress — acreditem), mas posso, no restaurante, passar do menu prato+bebida+sobremesa+café para o simples prato — não só pouparia 2€ por dia, como seria bom para a saúde. Um dia ou outro apetece-me mesmo a refeição completa? Sem problemas, desde que seja esporádico, e não 90% das vezes. 🙂

(Muitas vezes, em determinadas áreas, também é possível conseguir o equivalente por muito menos dinheiro, ou até mesmo de graça, mas isso foge ao âmbito deste post.)

O factor galão

Galão
Imagem: Ondřej Žváček

O factor galão (ou latte factor, em inglês 1 — ou fator galão segundo o Acordo Ortográfico) é o termo que o autor David Bach (O Milionário Automático, etc.) arranjou para a ideia de que pequenos gastos no dia-a-dia não são desprezáveis e podem, ao longo do tempo, fazer uma diferença enorme na situação financeira de cada um — mesmo parecendo “tão pouco”.

Quantas pessoas conhecemos — e talvez nos possamos incluir a nós próprios nelas — que saem de casa em jejum (ou quase), chegam de manhã cedo ao trabalho, e depois vão logo a seguir para o café mais próximo, porque “antes do café, não me digam nada!“, onde, além de um galão (lá está) ou semelhante, não dispensam um croissant, ou um queque, ou um pastel de nata, ou uma sandes. Possivelmente levam mais qualquer coisa para o meio da manhã e/ou para a tarde, isso se não voltarem ao café às 11 da manhã para o “segundo pequeno-almoço” 2. Provavelmente comem pouco ao almoço (afinal, quem é que tem fome tendo comido há relativamente tão pouco tempo?), por isso pelas 16h a fome regressa e, caso não tenham já comprado o lanche de manhã, não dispensam voltar ao café, onde vai mais um bolo, sandes, café, galão, cappuccino, etc..

O problema é que esses pequenos-almoços e lanches são tudo menos baratos… e, no fim do mês, fazem diferença. É fácil uma pessoa gastar 4 ou 5 euros de cada vez (possivelmente até mais), o que, duas vezes por dia, em 20 dias úteis, dá uns 200€ por mês — 300€ se a pessoa não dispensar as idas ao café também nos fins de semana.

Pensem um pouco, se quiserem — sobretudo se o que ganham vos chega “à justa” — em como um aumento de 300€ líquidos poderia facilitar as vossas vidas. Em como cada mês poderia ficar bastante mais folgado. Em como poderiam, todos os meses, poupar mais, ou pelo menos pagar dívidas mais depressa. Pensem no que teriam de fazer, nos vossos trabalhos, para conseguir das chefias um aumento tão significativo, ou — caso recebam em função do trabalho produzido — quantas mais horas teriam de trabalhar todos os meses, para ganhar essa quantia adicional.

E isso é só num mês. Em um ano, seriam 3600€ a mais. Em 10 anos (mesmo sem contar com ganhos de investimentos, que não seriam de se deitar fora), 36000€, obviamente — o que já daria, provavelmente, para eliminar grandes problemas da vida… ou ficar um ano ou dois sem trabalhar, para experimentar criar o próprio negócio, ou simplesmente descansar uns tempos. Ou, simplesmente, para aproximar a independência financeira em 36000€.

Agora, de certeza que alguns dos leitores/as estão a pensar “sim, isso é tudo muito bonito, mas o galão e os bolos são dos grandes prazeres da minha vida, são o que me permite aguentar o dia-a-dia; eu sei que se cortasse poupava dinheiro, mas não teria uma vida que consideraria suportável. (E quem és tu para falar, que já disseste aqui que almoças ao pé do trabalho todos os dias?)

Ao que eu respondo… tudo bem. Não estou aqui para — nem é o objectivo do blog — julgar ninguém (eu próprio já me julgo a mim próprio demais, acreditem). Como se falou recentemente nos comentários aqui, cada um tem os seus próprios valores, as suas próprias prioridades, e tem de decidir por si próprio até onde ir, em termos de poupança — o que é que lhe é “vital”, e o que lhe é apenas “desejável”. E eu próprio (e talvez isso mereça outro post no futuro) sou a favor de se maximizar a relação dinheiro poupado/intensidade do sacrifício, pelo que se têm outra coisa em que podem poupar mais e/ou “sofrer” menos com a alteração… força, vão por aí. E se depois disso quiserem/precisarem de poupar ainda mais, voltem a olhar para esta questão (ou para qualquer outra) — o “ganho” será menor e/ou o sacrifício será maior, mas mesmo assim pode valer a pena. Ou não.

A ideia deste post, portanto, é apenas chamar a atenção de que gastos regulares deste tipo são, ao longo do tempo, muitas vezes bem maiores do que podem parecer à primeira vista. No caso do “galão” (ou, mais precisamente, as idas ao café, duas vezes por dia), conheço efectivamente quem 1) tem esse hábito, e 2) queixa-se do estado das suas finanças, e provavelmente dava tudo para ter mais 300€ por mês… mas não vê a ligação entre as duas coisas.

(E, sim, no meu caso também posso fazer melhor (não nas idas ao café, que já não existem, mas noutras coisas) — tenho de ver onde “atacar”.)