Ando há dias a pensar fazer um post sobre o meu plano actual de investimento, mas, antes disso, achei melhor começar por definir os vários tipos possíveis de investimentos, de forma a depois ser claro do que estou a falar. Além de que a secção “Conceitos” já não tinha uma nova entrada há um bom tempo. 🙂
Os tipos de investimento mais comuns são estes (existem outros — ver disclaimer no fim do post):
1- tentar comprar caro e vender barato e ganhar dinheiro assim
1.1. – geral (isto é, sem ser day trading) — os períodos são variáveis, possivelmente meses ou anos; basicamente compra-se uma ou várias acções ou ETFs, idealmente quando estão “mais baixas” (o que é sempre difícil de dizer, mas quem faz disto vida tem imensas técnicas de análise de gráficos (a chamada Análise Técnica)) e vende-se quando estão “mais caras”, idealmente no cimo da “montanha”, de forma a ter lucro dessa forma.
1.2 – day trading — uma forma mais extrema, em que os perídos de retenção são inferiores a um dia — muitas vezes até inferiores a uma hora. Confesso que nunca estudei o assunto, talvez por esta ser a forma mais activa de investimento (implica quase viver para isso), quando o meu objectivo é fazê-lo da forma mais passiva possível.
2- acumulação (buy and hold): comprar (seja empresas escolhidas através de análise fundamental (olhar para relatórios das empresas e afins de forma a tentar encontrar as que estão subvalorizadas), seja ETFs de index funds), e continuar a comprar todos os meses, durante bastante tempo (décadas, em geral). Nessa fase de acumulação, nunca se vende nada, só se compra. Para a independência financeira, a ideia é chegar a um valor de investimentos que permita viver com 4% desse valor por ano, e depois vende-se esses 4% cada ano e vive-se disso — a ideia é que o crescimento médio do que fica por vender faz com que ele se “auto-regenere” o suficiente para nos sustentar o resto da vida.
3- investimento para dividendos (dividend investing): também se faz acumulação, mas com duas diferenças fundamentais: primeiro, na fase de acumulação, as empresas ou ETFs (em geral empresas) são escolhidas não tanto em função do seu possível crescimento (que acaba por ser irrelevante), mas pelos dividendos que pagaram, pagam, e devem continuar a pagar. Além de se continuar a investir normalmente, os dividendos recebidos também são reinvestidos. Em segundo lugar, ignora-se a regra dos 4% — a independência financeira alcança-se quando os dividendos anuais são suficientes para viver, e nesse momento temos várias escolhas: por exemplo, continuar a trabalhar mas deixar de investir (tendo muito mais dinheiro todos os meses) e deixar só os dividendos a reinvestir-se; ou então, deixar de trabalhar e viver só dos dividendos (que deixam de ser reinvestidos). Ou podemos até passar mais um ano ou três a trabalhar, investir, e reinvestir dividendos, de forma a depois termos mais por ano. O importante é que já só trabalhamos se quisermos, por isso estamos financeiramente independentes (FI). E, desta forma, nunca se vende uma única acção ou ETF — se tivermos descendência, podemos dar-lhes uma grande herança, se estivermos para aí virados.
DISCLAIMER: existem outros tipos de investimentos mais complexos, como opções, futuros, produtos alavancados, etc. Mas o pouco que li sobre eles fá-los soar muito a “apostas”, além de que, mais uma vez, são formas bastante activas de investir, e eu prefiro ir por um caminho mais passivo.
Por falar em activo/passivo:
Activo é quando a forma de investirmos pede a nossa atenção de forma constante ou semi-constante. Por exemplo, na lista acima, o tipo 1 é claramente uma forma de investir activa, que implica sempre análise técnica (analisar gráficos para tentar adivinhar o que vai acontecer a seguir) e/ou análise fundamental (ver dados, relatórios, etc. das várias empresas, de forma a tentar comprar as subvalorizadas, e vendê-las quando estão sobrevalorizadas).
Passivo, por outro lado, é quando definimos uma regra relativamente simples (ex. comprar X€ deste(s) ETF(s) todos os meses, ou desta lista de acções (seja na expectativa de crescimento, seja pelos dividendos)), e depois a seguimos por um longo período de tempo (idealmente várias décadas), sem prestar a mínima atenção à evolução de cada um dos investimentos (excepto em casos extremos, como falências de empresas, ou algumas deixarem permanentemente de pagar dividendos quando foram compradas com esse objectivo) — não se gasta um segundo a pensar se os mercados “estão caros”, “estão baratos”, ou se certas acções “vão subir”, “vão descer”, etc.. E, idealmente, até se automatiza. 🙂
Dúvidas? Esclarecimentos?