O meu plano de investimento (edição Fevereiro de 2022)

GráficoDepois de abordar o que são planos de investimento de forma geral, é finalmente hora de falar do meu plano de investimento, aquele que sigo actualmente e que penso seguir… até desenvolver um melhor. Pois é, o “edição Fevereiro de 2022”, no título do post, tem razão de ser — é o que eu sigo agora, mas não é o que eu seguia há um ano ou isso (até porque na altura não tinha um plano “a sério”, apenas ideias), e há sempre a possibilidade — e isso até é bom sinal, parece-me — de no futuro o aperfeiçoar ou até substituir. Mas, neste momento, é este.

Mas, antes de tudo, 2 disclaimers importantes, que peço que não saltem:

  1. primeiro, isto já se aplica a todo o blog desde o seu início1, mas não sou um profissional na área, isto não é “aconselhamento financeiro”, e se precisarem disso contratem um profissional. Estou apenas a partilhar o que decidi fazer, em resultado do que li, investiguei e aprendi nos últimos anos, mas isto é válido para mim. Seria preciso serem completamente loucos para me imitarem 🙂 , até porque…
  2. este plano específico não é nada “estudado”; não fiz nenhum tipo de análise ou cálculos para chegar ao mesmo, e, ainda por cima, estou (como já vão ver), para todos os efeitos, a juntar duas ideias que normalmente se fazem separadamente. Tanto quanto vi na net, não há muito mais gente a fazer isto  intencionalmente (eu, pelo menos, não vi ninguém), se bem que alguém que investisse principalmente em ETFs distributivos (e não acumulativos) estaria a fazer algo ligeiramente parecido. Em resumo: isto sou eu a inventar. Don’t try this at home, nem em mais lado nenhum. 🙂

E, finalmente, vamos lá. O meu plano tem 2 “pilares”, se lhes podemos assim chamar:

Pilar 1: crescimento, com 1 ETF, o VWRL (Vanguard FTSE All-World — basicamente, tento incluir a maior parte possível do “mundo”, tanto os chamados países “desenvolvidos”, como os mercados emergentes.). Esse é distributivo, já agora — já que quero receber dividendos (já lá vamos), não escolhi a alternativa acumulativa (VWCE), que é mais popular entre os investidores portugueses. Mas os dividendos pagos por este ETF serão minúsculos comparados com o resto; a ideia é mesmo ele continuar a subir em valor ano após ano, e um dia — espero que só na independência financeira (IF), a não ser que haja alguma emergência séria –, se necessário (porque o pilar 2 pode fazer com que não seja), vender todos os anos o necessário para viver disso. No fundo, é mais como uma “poupança”, em alternativa a pô-lo no banco ou debaixo do colchão (ou mesmo num PPR, que tipicamente rende menos e tem limitações ao levantamento antes de certa idade).

Pilar 2: dividendos. Neste momento tenho 2 ETFs virados para dividendos (um de REITs, outro de empresas mundiais com dividendos acima da média) e 10 acções individuais (todas de empresas com bons dividend yields e/ou que são dividend aristrocrats2). O que recebo, para já, são meros trocos, mas cada vez será mais, já que todos os meses vou reforçando/equilibrando as várias posições. De resto, há outras empresas orientadas para dividendos em que penso investir no futuro, mas estou a tentar ir com calma, para não ter só “migalhas” em cada uma; a ideia que decidi é: quando receber num mês pela primeira vez 25€ de dividendos, passo a investir numa nova empresa (continuando a investir também nas anteriores, claro); quando, mais tarde, receber 50€ num mês, mais uma, e assim por diante. Para já, todos esses dividendos são reinvestidos automaticamente, mas quando um dia eles igualarem (mensalmente, em média) o meu valor normal de investimento mensal (que também espero ir aumentando a pouco e pouco, seja por acabar o crédito, seja por aumentar os rendimentos), aí terei outras opções — reinvesti-los e continuar a investir para maximizar a subida, parar de investir mas reinvestir os dividendos de forma a ter mais dinheiro e mesmo assim continuar a fazer crescer os investimentos, ou até mesmo (se bem que não antecipo fazê-lo antes da IF, excepto em caso de emergências) deixar de investir, levantar os dividendos, e viver (parcial ou totalmente) deles. Mas isso ainda está longe…

E como é que faço a gestão disto tudo? Um doce para quem adivinhou “ora, com a tua ferramenta de investimentos automáticos, é claro!” 🙂 Ela encarrega-se de manter o valor3 das várias acções e ETFs mais ou menos equilibrados (comprando mais das que estão mais abaixo, nunca vendendo), e, além de usar o dinheiro que transfiro para lá (por agendamento no banco) todos os meses, também faz uso de dividendos recebidos (com um limite mínimo para fazer algo, já que não quero que ande a fazer compras “a conta gotas” por ter recebido algum dividendo que lhe permitisse comprar a acção da lista que custa habitualmente menos de 5€). Para já é mesmo “equilibrados” — ainda espero um dia melhorar a ferramenta para poder dar mais peso a determinadas acções/ETFs, mas neste momento não sinto mesmo nenhuma necessidade disso — podem ficar todos com o mesmo peso, sem problemas. Afinal, com a excepção do VWRL, todas as acções em que invisto são com a intenção explícita de receber dividendos, por isso descerem ou subirem não me faz qualquer diferença — e se uma delas descer o suficiente para ficar abaixo das outras, a ferramenta repara nisso e compra mais dessa (em saldo!) para as voltar a equilibrar. Simples. 🙂

E quanto a vender? Antes da IF, a resposta é simples: nunca. Não tenho qualquer interesse no joguinho do “comprar barato e vender caro”; o que compro é para manter. Depois da IF, dependerá muito dos resultados do pilar 2: se já conseguir viver com os dividendos (somados a outras fontes de rendimento), então não vendo nada na mesma. Se não conseguir, posso ir vendendo o VWRL conforme necessário. Mas tenho esperança de que não seja necessário — sobretudo porque ainda quero aumentar os rendimentos de várias formas.

(Não sei se repararam, mas o parágrafo anterior sugere que posso primeiro atingir uma IF mais “magra”, que depende de ir vendendo o VWRL, e mais tarde (assumindo que não deixo de investir entretanto) chegar a uma mais “robusta” que já não precise disso. Vamos ver as voltas que a vida dá — é possível que esteja tão farto do stress do trabalho (se bem que também tenho ideias em relação a isso) que agarre a primeira IF para deixar de trabalhar logo que possível. Também é possível que consiga esperar mais um pouco, sem problemas. É até viável que consiga outros rendimentos passivos que me permitam não precisar de nada disto (se bem que mesmo nesse caso não penso deixar de investir). We’ll see.)

E como é que lido com quedas, rumores de quedas, correcções, crashes, o meu portfolio a valer 50% menos do que valia ontem, etc.? Numa palavra: ignoro. Tudo isso é ruído. Durante as quedas, a minha ferramenta simplesmente continuará  a comprar o que normalmente compra, mas mais barato (e por isso em maior quantidade), por isso não preciso de fazer nada, nem de me preocupar. Quanto à questão emocional/psicológica, copio aqui o que escrevi no post anterior:

Quedas drásticas num dia acontecem com frequência, e são algo perfeitamente normal. Já houve N no passado, esta não é nada de especial, e haverá outras no futuro. Não vou entrar em pânico, nem desviar-me do plano (excepto talvez comprar mais do que o habitual, se tiver liquidez para isso, por as acções estarem em saldo). Não “perdi dinheiro”, porque só perderia se vendesse. Não estou nisto por uma semana, mas por décadas. E a longo prazo os mercados sobem sempre.

  1. e estava certo de que tanto esse primeiro post como a página “Sobre” incluiam esse disclaimer, mas afinal não… tenho de corrigir isso em breve
  2. empresas que aumentam os seus dividendos há pelo menos 25 anos
  3. número de unidades x preço actual

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