Novo trabalho!

Eu sei, eu sei, não tenho escrito muito aqui. 🙂 Estive uns dias de “semi-férias” no início do mês (a trabalhar, mas em casas de férias de familiares — mesmo trabalhando as horas normais, uma pessoa sente-se “de férias” só por não estar em casa. Se podem trabalhar remotamente — ou pelo menos negociar “posso ficar remoto nas próximas 2 semanas?” com as chefias –, e têm a possibilidade, recomendo!), mas entretanto tenho estado a trabalhar o último mês neste emprego (onde estou desde finais de 2015). Isto porque finalmente decidi mudar, e começo já no sítio novo na segunda-feira (dia 4)… pois é, infelizmente não vou ter férias “a sério”, e nos primeiros tempos não vou estar 100% remoto (depois logo se vê), por isso também não vai dar para ter mais “semi-férias”, parece-me.

Mas vou ganhar mais, fazer coisas mais interessantes (estava a estagnar bastante no sítio anterior, do qual já teria, em situações normais, saído há uns 2 anos ou isso… mas depois a minha mulher adoeceu, e também teve início uma pandemia, e naturalmente uma pessoa “agarra-se” à estabilidade nessas alturas (ainda mais por poder estar 100% remoto). Não me  auto-condeno, mas se pudesse voltar atrás sabendo o que sei hoje… enfim, pensar no que poderia ter sido nunca é produtivo, nem saudável), ter desafios novos, conhecer pessoas novas, aprender coisas novas… tudo coisas boas. Claro que estou um pouco apreensivo, apesar de já ter mudado de trabalho um número razoável de vezes na vida, mas já não o faço, efectivamente, há mais de 6 anos… mas pronto, sair da zona de conforto é sempre bom. E, racionalmente, sei que vai correr tudo bem.

Quanto ao resto, vai tudo andando. O crédito continua a ser pago, os investimentos automáticos ainda funcionam bem (estou a considerar “pausá-los” por uns tempos para ver se junto para amortizar o crédito mais depressa, mas ainda não está decidido), e a minha mulher vai, finalmente, deixar de estar de baixa (o que nem vai ter grandes alterações em termos financeiros, mas achamos que lhe vai fazer imensamente bem à cabeça, e ela própria está entusiasmada por voltar ao trabalho, sentir-se útil, conviver, etc.).

E vocês, como é que vai a vida? 🙂

Estou preocupado com a invasão Russa à Ucrânia?

Muito se tem falado em jornais e revistas financeiros, blogs, fóruns, subs de Reddit, etc. sobre como a guerra na Ucrânia afecta os nossos investimentos. Os mercados caíram um pouco nos últimos dias, e já vi tanto pessoas a lamentar-se de ter comprado acções/ETFs nos últimos dias, como até um ou dois a “gabar-se” de ter vendido tudo na semana passada (como se tivessem feito um market timing genial).

Se me perguntarem “não estás preocupado?“, a minha resposta é: Continuar a ler “Estou preocupado com a invasão Russa à Ucrânia?”

“O importante é não faltar no segundo dia” – Desenvolvimento Pessoal

Acabei recentemente o livro “Atomic Habits“, de James Clear (este até existe em português, como “Hábitos Atómicos” — está disponível na Fnac, por exemplo). Ainda penso fazer um post sobre ele mais em detalhe (e sim, eu sei que já disse isso sobre mais um livro ou dois. Um dia destes. 🙂 ), mas, em geral, gostei bastante do dito, e tirei de lá uma frase que adorei — e que não é exactamente como o livro põe a coisa (já lá vamos), mas a ideia é a mesma, e é como me ficou na cabeça. 🙂

Sabem quando começamos a tentar criar um novo hábito positivo; por exemplo:

  • fazer exercício em casa;
  • ir ao ginásio;
  • ir dar um passeio a pé;
  • comer comida saudável;
  • evitar alguma coisa que nos faz mal;
  • ler 15 minutos de não-ficção (aprender novos skills, auto-melhoria, etc.) por dia;
  • escrever 10 páginas por dia do nosso futuro bestseller;
  • etc.?

Se são vagamente como eu, ou como (na minha experiência) a maior parte das pessoas, decerto já vos aconteceu algo como o seguinte: começam nos primeiros dias a fazer a coisa bem feita, sem falta, e com imenso entusiasmo. Mas eventualmente (por exemplo, umas semanas depois) falham um dia, por alguma razão, possivelmente até de força maior (uma doença, uma emergência familiar, etc.), ou simplesmente porque o dia foi particularmente difícil e estão exaustos… e, depois disso, mesmo que tentem voltar ao bom hábito, parece que o entusiasmo anterior já se acabou; talvez repitam a coisa mais um dia ou dois, mas a atitude já é outra — sentem que já falharam uma vez, que já perderam o ritmo, e que continuar a tentar já não vai proporcionar nenhum benefício. E eventualmente falham mais um dia, e depois disso a atitude é de “perdido por cem, perdido por mil” — ou seja, lá se foi o hábito.

Talvez aconteça, meses ou anos depois, tomarem a decisão de que “desta é que é”, recomeçarem o hábito com grande entusiasmo outra vez… e, mais semana menos semana, a história anterior repete-se. 🙁

Não sei quanto a vocês, mas a história dos parágrafos acima já me aconteceu imensas vezes na vida, desde a infância. E o resultado? Não só não conseguimos melhorar a nossa vida, como para cúmulo ainda nos sentimos culpados por não conseguirmos ser fiéis às nossas decisões, por deixarmos “tudo” a meio, por aparentemente não termos “força de vontade” nenhuma. Não só é mau para a nossa vida pela falta de progresso, mas também deixa a nossa auto-estima cada vez mais em baixo.

E a solução, de certa forma, é tão simples: o importante é não faltar no segundo dia. 

É pensarmos que um só dia em falha (entre tantos dias de sucesso) não interrompe de nenhuma forma palpável o nosso ritmo, e conseguirmos não nos sentir culpados por não termos cumprido o bom hábito ou evitarmos o mau hábito um só dia, desde que no dia seguinte estejamos lá outra vez, a fazer a coisa certa.

O primeiro dia é como um tropeção numa corrida: é perfeitamente compreensível e desculpável, e não diz nada sobre o nosso carácter. O segundo dia é que faz realmente a diferença — determina se somos o tipo de pessoa que continua a correr depois de um tropeção, ou o tipo de pessoa que desiste na primeira pedra no caminho.

Uma metáfora que o autor menciona no livro também me ficou na memória: cada hábito nosso é como uma eleição para quem somos (na parte referente a esse hábito), e cada vez que cumprimos ou não cumprimos o hábito é como um voto nesse sentido. Ora, para ganhar uma eleição, não precisamos de unanimidade; basta termos mais votos do que o adversário. 🙂 Se (por exemplo) for correr na maior parte dos dias, então o “sou um tipo que corre” ganhou com a maioria dos votos — mesmo que não vá correr absolutamente todos os dias.

(Curiosamente, recordei-me da frase como no título do post, mas fui há pouco revê-la no livro, e o que o autor escreve é “nunca falhar/faltar duas vezes“. No contexto em que aparece no livro significa exactamente a mesma coisa, mas prefiro a minha versão por ser menos dependente desse contexto. 🙂 )

Pequenas mudanças no blog

  1. A partir de agora (bem, tecnicamente já começou no último post), os artigos maiores não vão aparecer na íntegra na página principal, mas passam a ter um link “Continuar a ler” depois dos primeiros parágrafos. A razão para isso é dupla: não ter a página principal enorme e pesada, e poder ter uma melhor ideia de que posts são mais (e menos) lidos (já que alguém que os leia todos na página principal não me dá essa informação), de forma a perceber o que é que é mais do vosso interesse. Posts mais pequenos (como este) continuam a não ser divididos.
  2. Estou a testar um novo sistema de segurança no blog (e não só): uma firewall aplicacional, para interceptar não só ataques, mas certos tipo de acessos indesejáveis (tentativas de logins, certos bots, etc.). A ideia é isso não interferir em nada com a utilização normal, mas se virem alguma página/erro de acesso negado/”forbidden”/etc. onde não era suposto, peço por favor que me avisem (idealmente pela página de contacto, mas também pode ser num comentário neste mesmo post).

E para já é isto. 🙂

Já agora, os comentários nos últimos tempos (desde que voltei a escrever aqui, lá para Dezembro de 2021) têm sido mais raros do que outrora… é falta de interesse nos temas escolhidos? Eu acho que os últimos posts não têm sido demasiado técnicos, mas posso a estar a ver mal a coisa…

Em relação ao futuro, tenho um post em mente para um dia destes (mas não deve ser já o próximo), sobre como começar a investir a partir do zero (abrir conta na corretora, etc.), até á primeira compra de um ETF “conservador” acumulativo, tudo com imagens demonstrativas e afins. Vão ver que é mais fácil do que pensam. 🙂 Há interesse?

Também gostava de escrever em breve sobre procurar emprego, se bem que já não faço tal coisa desde 2015. Não propriamente um guia (não acho que saiba o suficiente do assunto para escrever um), mas mais um conjunto de divagações, às quais espero que acrescentem depois as vossas experiências. Até porque ando um bocado insatisfeito com o meu, e é possível que lá para meio do ano tenha (sim, com quase 50 anos) de ir à procura de melhor…

De resto, alguma sugestão? 🙂

O meu plano de investimento (edição Fevereiro de 2022)

GráficoDepois de abordar o que são planos de investimento de forma geral, é finalmente hora de falar do meu plano de investimento, aquele que sigo actualmente e que penso seguir… até desenvolver um melhor. Pois é, o “edição Fevereiro de 2022”, no título do post, tem razão de ser — é o que eu sigo agora, mas não é o que eu seguia há um ano ou isso (até porque na altura não tinha um plano “a sério”, apenas ideias), e há sempre a possibilidade — e isso até é bom sinal, parece-me — de no futuro o aperfeiçoar ou até substituir. Mas, neste momento, é este.

Mas, antes de tudo, 2 disclaimers importantes, que peço que não saltem:

  1. primeiro, isto já se aplica a todo o blog desde o seu início1, mas não sou um profissional na área, isto não é “aconselhamento financeiro”, e se precisarem disso contratem um profissional. Estou apenas a partilhar o que decidi fazer, em resultado do que li, investiguei e aprendi nos últimos anos, mas isto é válido para mim. Seria preciso serem completamente loucos para me imitarem 🙂 , até porque…
  2. este plano específico não é nada “estudado”; não fiz nenhum tipo de análise ou cálculos para chegar ao mesmo, e, ainda por cima, estou (como já vão ver), para todos os efeitos, a juntar duas ideias que normalmente se fazem separadamente. Tanto quanto vi na net, não há muito mais gente a fazer isto  intencionalmente (eu, pelo menos, não vi ninguém), se bem que alguém que investisse principalmente em ETFs distributivos (e não acumulativos) estaria a fazer algo ligeiramente parecido. Em resumo: isto sou eu a inventar. Don’t try this at home, nem em mais lado nenhum. 🙂

Continuar a ler “O meu plano de investimento (edição Fevereiro de 2022)”

Planos de Investimento (na Bolsa)

Apesar de nos últimos tempos (com uma excepção ou outra) o blog estar mais focado em investimentos na bolsa (e ainda há muito para escrever no futuro), reparei há dias que existe uma parte importante de investir que nunca abordei aqui — o meu plano de investimento.

Mas primeiro, naturalmente, vamos responder à questão: o que é um plano de investimento, afinal? Em geral é bom definir as coisas antes de falar delas — as mesmas palavras podem significar uma coisa para uns, e algo diferente para outros.

Um plano de investimento pode ser mais simples ou mais complicado, mas no fundo resume-se a decidir (e possivelmente escrever — no meu caso, nunca o fiz até ao próximo post, mas em geral pôr estas coisas por escrito até é boa ideia, tanto em termos de ficar registado, como de ajudar a organizar as ideias) como é que vamos investir ao longo do tempo, tanto em situações “normais” como no caso de uma ou mais situações excepcionais que achamos possíveis.

Basicamente, “em geral faço X; se acontecer A, faço B; se acontecer C, faço D; etc..”

Estes planos podem ser complicadíssimos, envolvendo intervenções em tempo real ao longo do dia (ex. day trading), análise de notícias ao minuto, análise fundamental de empresas, análise técnica de gráficos, etc., tudo para tentar optimizar não só que empresas comprar e vender, mas quando — por vezes medido à fracção de segundo. É perfeitamente possível uma pessoa dedicar a vida a isto — e muitos fazem precisamente isso, seja como profissão, seja a nível pessoal. Destes últimos, uns fazem-no porque acreditam que investir “tem” de ser assim, e outros porque simplesmente acham piada, acham emocionante — e não há mal nenhum nisso.

Em alternativa, um plano pode ser extremamente simples. Que tal algo como “comprar X€ (ou Y% do ordenado) deste ETF todos os meses, nunca vendendo nada, e ignorando completamente subidas e descidas de preço”?

Se andam nas várias comunidades de FIRE e/ou literacia financeira portuguesas, de certeza que já ouviram a expressão “IWDA and chill” (basicamente “IWDA e relaxa”). Se no parágrafo acima substituirem “deste ETF” por “de IWDA1“, têm aí o plano que resume essa expressão.

Repararam, acima, no “nunca vender” e no “ignorando completamente subidas e descidas de preço”? Estes dois pontos revelam que estamos perante um plano de investimento passivo, ao contrário do investimento activo, em que se tenta comprar barato e vender caro. Investindo passivamente, não há essa preocupação — as compras são regulares, e as vendas são… nunca. 🙂 Bem, “nunca” até se chegar a alguma forma de independência financeira, altura essa em que temos a opção (mas não a “obrigação”, claro) de deixar de trabalhar e viver dos investimentos (o normal é ter-se investido 25x as nossas despesas anuais, e depois vender-se 4% do investimento por ano).

Como acabámos de ver, então, um plano de investimento pode ser tão simples como “faz isto todos os meses”. Mas, na minha opinião, acho que qualquer plano, simples ou complicado, passivo ou activo, deve também incluir o necessário para gerir as nossas emoções, em períodos mais críticos.

Sabem aquelas alturas em que os mercados caem 20% ou mais num dia? Quando as notícias não falam de outra coisa (usando palavras como “crash“, “recessão“, “crise financeira“, etc.), e imensos investidores entram em pânico, vendem tudo o que têm por menos do que compraram (achando que, se não o fizerem, arriscam-se a perder tudo), e deixam-se disto para o resto da vida, passando a avisar amigos e familiares de que “a bolsa é um casino, não te metas nisso”? Acho que um plano que não inclua como agir nesses eventos é um plano incompleto. Pode ser algo tão simples como: “quedas drásticas num dia acontecem com frequência, e são algo perfeitamente normal. Já houve N no passado, esta não é nada de especial, e haverá outras no futuro. Não vou entrar em pânico, nem desviar-me do plano (excepto talvez comprar mais do que o habitual, se tiver liquidez para isso, por as acções estarem em saldo). Não “perdi dinheiro”, porque só perderia se vendesse. Não estou nisto por uma semana, mas por décadas. E a longo prazo os mercados sobem sempre.

E é isto. A seguir: o meu plano. Até lá: dúvidas? 🙂