Um termo que não conhecia até há um ano e tal, antes de começar a ler sobre estas coisas, é o chamado FOMO — as iniciais de Fear Of Missing Out, que se poderia traduzir por “medo de estar a perder/deixar passar” algo — neste contexto a vida, o tempo, a juventude, a socialização, etc..
Ou seja, é o medo angustiante de que “os outros estão-se a divertir/viver a vida/aproveitar a juventude/conviver/ser felizes, e eu não.” Outra variante é “está a acontecer algo fixe em algum sítio (sobretudo se estiverem lá amigos e/ou conhecidos), e eu não estou lá.”
Sendo algo que sempre existiu (muito antes da Internet, por exemplo), e de que podemos “sofrer” qualquer que seja a nossa idade, é um facto que, hoje em dia, está mais associado a 1) redes sociais, e 2) “juventude” (diria menos de 30, aqui). O exemplo óbvio é, por exemplo, ver fotos de uma noite de diversão de um grupo de “amigos facebookianos”, na qual não estivemos, e que — mesmo que aquela diversão em si, ou aqueles “amigos” especificamente, não sejam do nosso agrado a 100%. E, então, decide-se dar a máxima prioridade ao “viver a vida” (no sentido de fazer o que os outros parecem fazer), custe o que custar.
De certa forma, tal como o chamado “keeping up with the Joneses“, é uma forma de viver por comparação com outros, em que não se faz necessariamente o que é melhor para nós próprios, mas sim o que os outros fazem, o que nos permite “não ficar atrás” deles. E, claro, isso em geral implica gastar bastante dinheiro irracionalmente, que com um pouco mais de juízo poderia estar a ser usado para construir uma forma de não se ter de viver num cubículo até aos 65 anos.
Não estou, de forma alguma, a argumentar contra conviver-se, sair-se, divertirmo-nos, beber-se uns copos, fazer-se loucuras ocasionais aqui e ali! Tudo isso é saudável (mesmo quando já passámos dos 30, ou dos 40, ou mais — ainda não estamos mortos, afinal). O problema aqui é quando se faz isso só (ou principalmente) porque nos comparamos sempre com os outros — ou, mais precisamente, ao que os outros “postam” nas redes sociais. Uma dica: muitas vezes quem “posta” constantemente sobre saídas, eventos, “borgas”, etc. também tem as mesmas inseguranças, e fá-lo precisamente para as esconder, para parecer que tem uma vida espectacular, aproveitada ao máximo. E se só se “divertem” para dizer ao mundo “eu tenho vida!! estão a ver??“, será que isso se pode realmente chamar “diversão”?