Segundo já li em N sítios, as 3 maiores despesas da maioria das pessoas são (sem ser por nenhuma ordem específica):
- a casa (referindo-se às prestações do crédito habitação ou renda da casa, não a gastos feitos em casa, nem às compras para a mesma);
- alimentação (em parte já incluída nas compras de supermercado, se bem que há também a questão dos restaurantes, marmitas, etc., que talvez venha a ser assunto de um post no futuro);
- … e transportes, sobretudo entre casa e trabalho, que para a maioria das pessoas são o mais frequente.
A poupança nestes últimos é, então, o tema deste post. É um tema, no entanto, sobre o qual não tenho muito a partilhar, para já — daí pedir as vossas ideias. Isso por várias razões:
- só tenho olhado para o meu caso, que se resume a: A) demoro normalmente 15 minutos entre casa e trabalho, e apanho pouco ou nenhum trânsito; B) só tenho de atestar menos de uma vez por mês; C) não tenho transporte directo (estive a ver várias alternativas, e implicaria sempre mudar a meio, o que detesto — já detestava quando andava no metro em Lisboa, nos meus tempos de juventude), D) bicicleta por estes caminhos é impensável, e E) ir a pé demora mais de uma hora e… é uma aventura, se bem que ainda o penso voltar a fazer de vez em quando, quando as alergias passarem completamente.
- a maior parte dos conselhos que se vê na net, em blogs e outros sites nos EUA, sugere coisas como “mudarmo-nos para perto do trabalho” — idealmente de forma a se poder ir de bicicleta, ou até mesmo a pé. Isto faz sentido (e, de certa forma, o facto de o meu trabalho ser relativamente perto e não me obrigar a ir para o meu do caos de Lisboa é dos factores que mais me tem mantido nele), mas é mais válido para o mundo americano, em que quase toda a gente, sobretudo na juventude, aluga (ou, mesmo com um crédito habitação, tem relativa facilidade em vender a casa e conseguir o equivalente a “transferir” o crédito para a nova habitação). Por cá, pouca gente aluga, e tenho a ideia de transferir créditos é mais difícil, além de que muita gente (não é o meu caso) vive em casa dos pais, e obviamente não vai subtilmente sugerir a estes que se mudem para mais perto do seu trabalho…
Depois há as opções “habituais”:
- ir de bicicleta ou a pé se possível (já mencionado acima), sendo o “possível” dependente de vários factores (acessos, segurança, saúde, etc.);
- também mencionado acima: caso mudar de habitação seja fácil (ex. por ser alugada, ou por se estar a sair de casa dos pais) e a intenção for trabalhar no mesmo sítio por bastante tempo, então mudar de casa para perto do trabalho (idealmente, permitindo ir a pé) pode poupar rios de dinheiro ao longo de vários anos;
- em alternativa, talvez seja possível mudar de emprego para perto de casa, ou pelo menos valorizar isso devidamente na escolha de empregos. No meu caso, posso dizer que escolhi e continuarei a escolher trabalhar relativamente perto de casa (e sem me aproximar de Lisboa) a qualquer alternativa que implique ir para o meio da capital todos os dias, demorar mais de uma hora para cada lado, stressar-me com o caos do trânsito lisboeta, etc., mesmo que esta opção pagasse mais uma centena de euros ou duas — dinheiro esse que acho que nem compensaria a diferença de consumo de gasolina, já nem falando no tempo e stress despendidos…
- insistir nos transportes públicos, mesmo que obriguem a mudar entre vários, demorem 4x mais tempo, etc.;
- carpooling: um grupo de colegas (que vivam relativamente perto) junta-se, um deles (que pode ir variando) é escolhido para levar o carro e ir buscar/entregar os outros, e dividem a gasolina;
- tentar trabalhar remotamente um ou dois dias por semana, se o trabalho — e o empregador — o permitirem. Infelizmente, isto ainda é bastante raro em Portugal; as chefias têm mentalidades bastante retrógradas neste aspecto (ex. acham que as pessoas só trabalham se o chefe estiver a “vigiar”, parecem julgar que estão numa linha de montagem de uma fábrica, que o mais importante são as horas de trabalho (e não os resultados), etc);
- se não for possível evitar o uso diário de um veículo próprio, tentar arranjar um que gaste menos, se bem que a mudança em si também pode ser uma despesa. Penso que motas também são uma opção possivelmente mais económica. Mas, efectivamente, sei pouco sobre estas questões, em grande parte por não “ligar a carros” nem gostar particularmente de conduzir; o meu carro é um utilitário que gasta pouco, e só penso mudar quando ele tiver alguma avaria cuja reparação custe mais do que um veículo usado do mesmo nível. Talvez alguém com um “desportivo” sedento de gasolina possa poupar, ao longo de vários anos, uma quantia palpável se trocar o dito por um carro menos “adolescente” (ou menos “crise-de-meia-idade”). 😉
- independentemente da questão do acesso ao trabalho, também pode haver outros percursos regulares para os quais o carro não seja realmente necessário, sendo possível (e preferível) ir a pé. Os portugueses são, parece-me, muito comodistas neste aspecto: vão de carro para todo o lado, às vezes para pouco mais do que ir ao café no fim da rua (e não me refiro a quem tenha mobilidade reduzida por alguma razão). Andar mais a pé tem várias vantagens além da poupança: melhora a saúde, não polui, e permite-nos conhecer melhor as redondezas, em vez de ser tudo “cenário de fundo”. Se estiver bom tempo, e não tivermos questões de saúde, nem tivermos de transportar grandes cargas nem na ida nem na volta, então acho que, se é menos de 30 minutos a pé, o meio de transporte ideal é, acho eu, “os pés”.
Mas… tudo isto continua-me a parecer super-hiper-mega-básico. Ideias melhores agradecem-se. 🙂
Está muito longe de ser o super-hiper-mega-básico. O post está muito completo (eu não me ocorre mais nada). Parece-me que pensaste em todas as possibilidades possíveis e nenhuma alternativa te serve (e às vezes temos de nos conformar com isso).
Obrigado! 🙂
De certa forma, uma alternativa já me serviu, há uns anos — ao preferir (e manter) um trabalho relativamente perto de casa (e fora da capital), poupo bastante dinheiro (e tempo, e evito algum stress) todos os meses. Só tenho pena (porque uma pessoa nunca está satisfeita) de o trabalho não estar a metade da distância; se em vez de 70 minutos a pé para cada lado fossem uns 35, seria preciso estar muito mau tempo para pegar no carro. 🙂 Provavelmente até já não teria esta barriga… 🙂
Eu diria que quase toda a gente nos centros urbanos assinaria isto de cruz, com enorme satisfação:
“A) demoro normalmente 15 minutos entre casa e trabalho, e apanho pouco ou nenhum trânsito;”