Gastos semanais: Semana #5 (2 a 8 de Junho de 2018)

Nota: como habitualmente, os valores em geral são arredondados.

Gastos na conta bancária:

  • 83€ – telecomunicações (ver nota abaixo) (mensal)
  • 68€ – gasolina
  • 36€ – gás (mensal)
  • 116€ – encomenda de supermercado 1

Gastos no cartão de refeição:

  • 32€ – 4 refeições

Gastos no cartão de crédito:

  • 17€ – Patreon (várias coisas que suporto) (mensal)
  • 74€ – servidores alugados, onde tenho os sites (ver nota abaixo) (mensal)
  • 25€ – anuidade do cartão
  • 6€ – revistas assinadas no Kindle (assinaturas canceladas ontem) (mensal)
  • 8€ – comics assinados no Comixology

Resultados:

Gastos totais: 465€
Gastos em entretenimento: 31€ (6.6% do total)

Notas:

  • fui na semana passada a uma loja do operador de telecomunicações, cancelar serviços que raramente uso, e a partir do próximo mês (ainda não afectou este) vou pagar menos 21€/mês;
  • cancelei/destruí um dos servidores alugados, que custava 20€/mês, e que usava já há uns anos para uma experiência com estatísticas dos meus vários sites. Mas realmente não me estava a ser útil, e tenho tudo isso (mesmo que um pouco menos “user friendly”) no Google Analytics;
  • como disse acima, também cancelei as assinaturas de 3 revistas no Kindle, o que poupa 6€/mês.

No total, portanto, passo a gastar menos 47€/mês (a começar no próximo), o que dá 564€/ano a mais na conta bancária. Nada mau.

Dica de poupança: Cancelar tudo, e mais tarde reactivar o que fez mesmo falta

(Sim, é mais uma categoria no blog. Não vai ser uma série numerada (como a do pagamento de dívidas, ou as listas de recomendações de blogs, livros, etc.), porque cada dica em geral é independente das outras, mas dá para consultar as várias dicas (neste momento ainda só há esta) pela categoria “Dicas de poupança”.)

Já tinha ouvido falar desta dica num episódio anterior do podcast Bigger Pockets Money (o episódio 10, cuja convidada é a autora do blog Frugalwoods), mas o episódio que ouvi ontem voltou a mencionar essa técnica. Entretanto, como os últimos posts têm sido mais “divagações” do que outras coisas, achei que era boa ideia variar, partilhando desta vez uma dica mais prática. Juntando as duas coisas…

A dica é só isto: cancelar praticamente tudo 1, durante pelo menos um mês ou dois, e depois reactivar só o que fez mesmo falta.

O “praticamente tudo” pode significar muita coisa (e não estou a condenar nenhuma das que vou mencionar a seguir, apenas a usá-las como exemplos do que se pode cortar temporariamente):

  • assinaturas de publicações (jornais, revistas, etc.) ou serviços (incluindo internet, televisão, telemóveis 2, streaming (Netflix, música, etc.), serviços de limpeza, serviços de entregas, etc.)
  • compras regulares (incluindo guloseimas, bebidas sem ser água da torneira, revistas, jornais, etc.)
  • hábitos (ex. ir jantar fora todos os fins de semana, ir ao café de manhã e a meio da tarde 3, ir de carro para o trabalho em vez de transportes públicos ou a pé, etc.

Por tudo o que ouvi, quando alguém (uma pessoa, um casal, etc.) experimenta fazer isto, o normal é depois reactivar coisas de que realmente precisa, sim, mas — e isto é uma surpresa para a própria pessoa — há outras coisas das quais a pessoa julgava que ia sentir imensa falta, mas não sentiu. Por exemplo:

  • afinal sabe-nos melhor jantar em casa na maior parte dos sábados do que ir sempre a um restaurante“, ou
  • afinal não preciso do serviço de dados móveis, tenho wi-fi em casa e no trabalho“, ou
  • depois do choque dos primeiros dias, diverti-me muito mais durante o último mês a fazer outras coisas, em vez de vegetar à frente da televisão como sempre fazia“.

Possivelmente até aprendemos algo de novo acerca de nós próprios, o que é sempre bom. 🙂 Além disso, muitas vezes o facto de, durante o tal mês ou dois, nos apercebermos de que efectivamente precisamos de determinada coisa faz com que procuremos e encontremos uma alternativa grátis (ou pelo menos bastante mais barata), que depois descobrimos que nos satisfaz perfeitamente, e devido a isso, mesmo quando a experiência termina, já não pecisamos de reactivar a coisa (compra regular, serviço, hábito, etc.) em questão.

Eu próprio ainda não fiz isto na minha vida intencionalmente, como uma experiência — se bem que já cancelei N coisas nos últimos meses por uma questão de poupança, e ainda posso vir a cancelar mais. Mas sou capaz de fazer umas experiências neste sentido, nos próximos tempos — não só para conseguir poupar mais, mas também — e talvez isto seja ainda mais importante — para separar aquilo que efectivamente me faz falta daquilo que só julgo que faz.

Objectivo inicial: chegar à falência…?

Sim, o título é intencional, é para se perguntarem se foi desta que descarrilei de vez. 🙂

Ao ouvir ontem este episódio do podcast Bigger Pockets Money (que, já agora, será o primeiro dos “podcasts recomendados”, quando iniciar essa série), achei intrigante o conceito que um dos convidados mencionou: que “conseguiu chegar à falência aos 32 anos” (ele não é muito mais velho que isso, que eu saiba).

A piada da coisa aqui é a definição de “falência”, ou “estar falido” que ele usa: não é, obviamente, a definição legal (tipo “abrir falência”), é apenas não ter nada, no sentido de activos (aqui limitando-se a poupanças e investimentos — ver nota no fim) menos passivos (dívidas). Ou seja, foi com essa idade que ele finalmente acabou de pagar os empréstimos estudantis (que totalizavam $168.000… ouch!). Ao terminar o pagamento, mas ainda sem activos significativos, ele teve, por um curto período, para todos os efeitos, zero. É como se estivesse “falido” — o que é bem melhor do que ter dívidas.

É uma forma curiosa de pôr as coisas, não é? No meu caso, por exemplo, se me oferecessem cerca de 34.000€… ficava “falido”. 🙁 Enfim, lá chegarei. E isso é só o início, é claro — mas vou tentar guardar para a posteridade o momento em que, subtraindo os meus passivos aos meus activos, tenha… nada de nada. 🙂 E a partir daí é que as coisas ficarão interessantes…

(Nota: não estou a contar com coisas tipo a casa, que tenho paga; nisto concordo com o Robert Kiyosaki (autor do Pai Rico, Pai Pobre), que considera que só contam como activos 1) dinheiro (incluindo poupanças e investimentos) ou 2) fontes de rendimento (ex. uma casa nossa, arrendada); a casa de habitação primária, mesmo estando paga, é considerada uma fonte de despesas.)

Desassociar “prazer” e “gastar dinheiro”

Uma ideia de que me tenho apercebido nos últimos tempos é o facto de que, para muitos de nós, o conceito de prazer parece estar inseparavelmente ligado a gastar dinheiro.

Vemos isso de várias formas: seja o “andei o semestre inteiro a poupar, merecia uma recompensa/mimo” (frequentemente dito para justificar o desaparecimento dessa poupança…), seja o “poupar? só temos uma vida, quero é vivê-la ao máximo“, seja a simples associação dos conceitos de poupança e frugalidade a deprivaçãosacrifício.

Daí que para tanta gente — e incluo-me a mim até recentemente: fui um péssimo exemplo até há uns meses… — poupar é tão difícil: cada vez que conseguimos resistir a uma tentação e não compramos algo, custa mesmo, é um sacrifício que estamos a fazer; podíamos estar a sentir-nos felizes nesse momento e não estamos.

Neste artigo, que já tinha mencionado num comentário ao meu post sobre o factor galão, vi esta parte que acho que diz muito (desta vez em português):

Alguns descartam o factor galão porque querem “aproveitar” a vida. Ouço frequentemente que a “a vida é curta” e que devemos “viver no presente.” Esses clichés, sem dúvida, têm alguma verdade. Porém, raramente ouço pessoas dizer, “A vida é curta, vou ler um bom livro” ou “A vida é curta, vou passar tempo com a família.” Por alguma razão, estes clichés são sempre utilizados para justificar gastar dinheiro.

Acho que a parte importante dessa citação nem é tanto o factor galão propriamente dito, mas sim a rejeição, da parte do autor, da associação implícita entre “aproveitar a vida” e “gastar dinheiro”.

Desassociar essas coisas não é, provavelmente, nem fácil nem rápido, sobretudo depois de décadas em que na nossa mente estiveram sempre interligadas, mas parece-me um óptimo passo no bom caminho — não apenas para mudarmos os nossos hábitos para melhor, mas também para não sofrermos com isso. É por isso que, na minha opinião, poupançafrugalidade não são a mesma coisa; a primeira é algo que fazemos, mas a segunda é uma forma diferente de pensar. A primeira pode significar que achamos que “precisamos” das coisas mas (com sacrifício) resistimos; a segunda é apercebermo-nos de que na verdade vivemos bem sem certas coisas 1, que elas no fundo não nos fazem tão felizes como isso.

Indo mais longe, diria que na maioria dos casos o “prazer” de se comprar coisas é apenas momentâneo — e não, não me estou a referir somente a gastar dinheiro em comidas, bebidas, etc., mas também a coisas que levamos para casa. 🙂 Podemos julgar que algo — seja um novo par de sapatos ou um novo BMW — nos vai dar bastante prazer durante um bom tempo, mas na verdade adaptamo-nos rapidamente a isso, o nosso nível de felicidade volta a como estava antes de se ter esse algo, e depressa estamos a precisar de outra “dose” de compras. Sim, a comparação com o que estão a pensar é intencional. É assim que funcionamos, infelizmente. (Mais sobre isto no eventual post sobre adaptação hedónica…)

Resumindo:

  1. se poupar é para ti um tremendo sacrifício, que sentes que te faz “não viver a vida”, vê lá bem se não associas (mesmo que inconscientemente) “prazer” e “gastar dinheiro”;
  2. se sim, faz por desassociar essas duas coisas. Não só poupar deverá ficar bastante mais fácil (tornando-se até natural), como provavelmente vais conseguir descobrir outras alegrias mais duradoras. Sugiro ler, ouvir música, passear (mesmo que a pé), ou conviver com pessoas interessantes, mas aqui cada um saberá de si. 🙂

Desculpem o tamanho do post. 🙂 Opiniões?

Poupar no supermercado: ideias?

Carrinho de supermercado

Mencionei num comentário recente que já tinha pensado em escrever um post sobre formas de poupar nas compras de supermercado, mas que não o tinha ainda feito por estar longe de ser um especialista no assunto, e não querer fazer um post só com o mais básico.

Entretanto, pensei: este blog já tem alguns leitores/as; porque não pedir ajuda? Neste caso específico, ideias, truques, sugestões — de forma a fazer um eventual guia que poderá ser bem melhor do que um que escreveria sozinho. Com sorte, esse será o primeiro post colaborativo do OvelhaOstra. 🙂

O que eu próprio já sei (tirado, também, do comentário mencionado no início, com mais uma ideia ou outra):

  • não ir ao supermercado com fome;
  • fazer uma lista e segui-la tão à risca quanto possível;
  • no caso de comida fresca, planear uma ou outra refeição (com datas específicas) e comprar só o necessário para essas refeições, para evitar desperdícios;
  • não comprar um ingrediente sem se ter em mente pelo menos uma refeição para o usar (“OK, isto é para o jantar de quinta-feira…“)  nem, caso seja algo que se estrague, sem ter (ou estar a comprar também) o resto dos ingredientes necessários;
  • um desconto enorme numa coisa (“menos 80%! só esta semana!“) não faz dela “um bom negócio” se não precisamos dela para nada;
  • da mesma forma, olhar para os descontos disponíveis (e aproveitá-los quando for apropriado), mas com cuidado: muitas vezes “20% de desconto em X” faz com que se ache que se tem de comprar X… mesmo que não se tenha actualmente nenhuma necessidade de tal produto;
  • por outro lado, faz sentido comprar coisas que sejam sempre necessárias em quantidade, se estiverem em promoção e não forem coisas que se estraguem com o tempo (possíveis exemplos: papel higiénico, produtos de limpeza, etc.);
  • preferir em geral produtos brancos, excepto se determinado produto branco é mesmo mau, ou se é algo em que se aprecia a diferença de qualidade de outra marca;
  • relacionado com a sugestão anterior: para cada tipo de produto, há sempre um nível “suficientemente bom” (que pode ser o produto branco, ou algo um pouco mais caro). Tentar, sempre (excepto talvez para raras ocasiões especiais), comprar coisas nesse nível, e não acima. 1

Mas… isto tudo parece-me tão básico, pelo que pedia, então, mais sugestões, de forma a, mais tarde, juntar tudo num post mais definitivo sobre o assunto. Obviamente, darei crédito aos autores de todas as sugestões incluídas.

Ideias?

Livro #1: JL Collins – The Simple Path to Wealth

Hesitei durante algum tempo em relação a por qual livro começar esta série — por um lado, preferia algo mais simples/menos avançado (o que este é), mas por outro queria algo que se aplicasse mais aos meus actuais leitores/as habituais, e este — que é mais sobre investimentos do que poupança propriamente dita — não se aplicará tanto. Por (ainda) outro lado, também não era desejável que a procura do exemplo perfeito me impedisse de começar a série, e este livro é muito bom — tanto em termos da informação que inclui, como por a leitura (ou audição do audiobook) ser bastante agradável, na minha opinião. Por isso…

http://jlcollinsnh.com/

The Simple Path to Wealth é um livro feito a partir de um blog, jlcollinsnh.com, que por sua vez começou por ser uma expansão de um conjunto de cartas que o autor (Jim Collins) escreveu para a filha sobre finanças pessoais e investimento. O autor conta como, numa das várias conversas sobre esse tema com a filha, ela lhe respondeu algo como “Pai, eu entendo que isto é um assunto importante, que o dinheiro é para levar a sério, mas não acho piada nenhuma a aprender sobre bolsa, investimentos, etc.; não quero ter de pensar nisto!” E o autor, nesse momento, apercebe-se de que ele estava a assumir que, como achava o tema fascinante, a filha partilhasse dessa opinião… o que não era o caso. Então dedicou-se a arranjar uma forma de a filha poder pôr a coisa em “piloto automático”, tendo a sua “saúde financeira” tão garantida quanto possível e sem trabalho nenhum; depois de o conseguir começou o blog… e eventualmente “arrumou” parte do mesmo para publicar como um livro.

Não é um grande “spoiler” se disser que o livro se poderia resumir ao seguinte:

  1. gasta menos do que ganhas;
  2. investe o resto;
  3. evita dívidas.

Eu sei que tudo isto parece bastante óbvio, sobretudo para quem já se interessa por estes assuntos. De certa forma, é. Claro que ele expande cada um dos pontos, sobretudo o segundo (outro “spoiler”: investir em “index funds” de baixo custo, tipo Total Stock Market ou S&P 500), e ainda fala bastante sobre contas de poupança, impostos e afins — esta última parte, infelizmente, só aplicável em geral aos EUA. Aborda também a questão da independência financeira e reformarmo-nos enquanto relativamente jovens.

De resto, diria que o livro é sobretudo aplicável a jovens no início de carreira — afinal ele começou por escrever para a filha enquanto esta ainda era adolescente. Ou seja, não é para quem tenha dívidas e queira livrar-se delas 1, mas sim para quem queira a resposta para “o que devo fazer com o meu dinheiro, sem grandes complicações e trabalho, para daqui a umas décadas estar financeiramente independente, só trabalhar se quiser (e poder escolher o meu trabalho de acordo com o que me faz feliz, sem estar tão preocupado com o que é que paga melhor)?” E o livro realmente desmistifica bastante a coisa: é mesmo possível investir em “piloto automático”, sem dedicar tempo nenhum a isso além do inicial (a abertura da conta de investimento).

Por outro lado, como disse acima, grande parte do livro está (talvez menos bem organizada, já que foi escrita post a post) no blog do autor, pelo que podem ler o mesmo e tirar de lá toda a informação. Mesmo assim, não me arrependo do que gastei no livro (ou, mais precisamente, no audiobook, lido pelo próprio Jim Collins).

Links (nenhum é de afiliado 2 para já, mas isso pode mudar no futuro; avisarei se tal acontecer):