Sugestão: pagar tudo com cartão

MultibancoImagino que esta sugestão não seja, para já, muito popular, pelo menos segundo o que leio nos vários blogs portugueses que actualmente sigo (cujos autores/as parecem preferir formas mais “artesanais” de gerir estas coisas — e não vejam isto como uma crítica, OK?), e também por ir em parte contra a sabedoria popular relativa a estas questões. Mas, se quiserem saaber porque é que actualmente sou apologista de pagar tudo com cartão (ou pelo menos tanto quanto for possível), podem continuar a ler. 🙂

Primeiro, listo as razões que em geral ouço/leio para se preferir pagar em dinheiro:

  1. faz o dinheiro gasto parecer mais “real”, mais “a sério”, por estarmos a entregar ao comerciante algo físico que nos sai da carteira, em vez de apenas passarmos ou inserirmos um cartão numa maquineta e sabermos que, já bem longe, um certo valor diminui um pouco. Isto, supostamente, faz com que tenhamos mais atenção ao que gastamos;
  2. permite fazer coisas tipo “levanto 20€ no início da semana e restrinjo os gastos durante a mesma ao que tenho na carteira“;
  3. associado ao anterior: permite ter um sistema de envelopes físicos.

A minha resposta a essas 3 razões é simples: 1) questão de mentalização (o que conta não é o papel, é o valor na conta); 2) como já disse várias vezes aqui (ver o post dos envelopes, e os vários comentários — meus e não só — no mesmo), não acredito mesmo nessa ideia de “esconder (ou tornar menos acessível) o dinheiro de nós próprios“, acho que demonstra falta de auto-controlo, como se fossemos ocasionalmente dominados por uma “força” que nos obriga a fazer coisas que não queremos (como o Ricardo diz neste comentário, ter 20€ ou 200€ na carteira não deveria afectar minimamente o que gastamos), e 3) no post acima linkado explico porque é que não sou fã desse sistema.

Mas isso são só razões contra uma preferência. Porque é que tenho a preferência oposta? Porque estou convencido de que o primeiro passo para gerirmos melhor as nossas finanças é saber-se exactamente para onde está a ir o dinheiro (parece algo básico, mas muita gente não faz ideia, ou só julga que sabe — sobretudo se parte das coisas é paga em dinheiro, outra parte com cartão, etc.), e que ser tudo feito de forma electrónica torna isso ridiculamente mais fácil, sendo somente questão de nos familiarizarmos com o(s) sistema(s) de homebanking (ou extractos bancários, para quem tenha gostos peculiares). Permite, por exemplo (e repare-se que me refiro somente a olhar para movimentos; nem sequer estou a considerar aqui em softwares de finanças pessoais tipo Boonzi 1):

  • obviamente, saber exactamente quanto dinheiro sai (e entra), no total, todos os meses (anos, etc.);
  • saber exactamente quanto dinheiro gastámos em X (restaurantes, gasolina, supermercado, etc.) em determinado período (ex. último mês) — sim, tudo isto é possível fazer “à mão”, mas torna-se muito mais fácil se não tivermos de despender tempo e esforço a inserir dados (num Excel, numa folha de papel, etc.) todos os meses;
  • ver (e fazer gráficos, se estivermos para aí virados) a evolução dos vários tipos de gastos, mês após mês;
  • ter acesso rápido aos pagamentos anuais (seguros, IMI, etc.) — datas, e valores habituais/do ano passado — de forma a poder-se facilmente antecipar os próximos;
  • não ter de andar a guardar talões das lojas (ou apontar coisas) para se saber todas as despesas/compras em detalhe;
  • fazer os posts dos gastos semanais em poucos minutos (é só abrir os movimentos da conta, do cartão de crédito, e do cartão de refeição). 🙂

E isto é menor, mas… não uso uma caixa Multibanco há meses (gestão e pagamentos são pelo homebanking, e o dinheiro na carteira dura meses — só o uso às vezes na mercearia ao pé de casa). Como já devem ter reparado, detesto estar em filas. 🙂

Nota: quando digo “cartão”, refiro-me tanto a um cartão de débito (ex. Multibanco), como a um cartão de crédito (Visa, etc.), desde que este último seja sempre pago a 100%, de forma a não criar juros. Cartões de crédito não são inerentemente “evil”; usá-los para comprar o que não podemos (ou queremos) pagar agora, isso sim, é bem “evil” 2.

Gastos semanais: Semana #6 (9 a 15 de Junho de 2018)

Nota: como habitualmente, os valores em geral são arredondados.

Gastos na conta bancária:

  • 15€ – consulta médica
  • 22€ – farmácia (em sequência do ponto acima)
  • 38€ – água (mensal)

Gastos no cartão de refeição:

  • 35€ – 4 refeições

Gastos no cartão de crédito:

  • 4€ – comic assinado no Comixology
  • 85€ – encomenda de supermercado

Resultados:

Gastos totais: 199€
Gastos em entretenimento: 4€ (2% do total)

Não foi muito mau: houve só uma conta para pagar, por exemplo. E a percentagem para entretenimento está bem boa. Os 85€ de supermercado foram significativos, sobretudo já tendo feito outra encomenda na semana passada, mas são mesmo coisas que faltavam em casa e que, na maioria dos casos, devem durar.

Poupar em transportes: ideias?

Segundo já li em N sítios, as 3 maiores despesas da maioria das pessoas são (sem ser por nenhuma ordem específica):

  • a casa (referindo-se às prestações do crédito habitação ou renda da casa, não a gastos feitos em casa, nem às compras para a mesma);
  • alimentação (em parte já incluída nas compras de supermercado, se bem que há também a questão dos restaurantes, marmitas, etc., que talvez venha a ser assunto de um post no futuro);
  • … e transportes, sobretudo entre casa e trabalho, que para a maioria das pessoas são o mais frequente.

A poupança nestes últimos é, então, o tema deste post. É um tema, no entanto, sobre o qual não tenho muito a partilhar, para já — daí pedir as vossas ideias. Isso por várias razões:

  1. só tenho olhado para o meu caso, que se resume a: A) demoro normalmente 15 minutos entre casa e trabalho, e apanho pouco ou nenhum trânsito; B) só tenho de atestar menos de uma vez por mês; C) não tenho transporte directo (estive a ver várias alternativas, e implicaria sempre mudar a meio, o que detesto — já detestava quando andava no metro em Lisboa, nos meus tempos de juventude), D) bicicleta por estes caminhos é impensável, e E) ir a pé demora mais de uma hora e… é uma aventura, se bem que ainda o penso voltar a fazer de vez em quando, quando as alergias passarem completamente.
  2. a maior parte dos conselhos que se vê na net, em blogs e outros sites nos EUA, sugere coisas como “mudarmo-nos para perto do trabalho” — idealmente de forma a se poder ir de bicicleta, ou até mesmo a pé. Isto faz sentido (e, de certa forma, o facto de o meu trabalho ser relativamente perto e não me obrigar a ir para o meu do caos de Lisboa é dos factores que mais me tem mantido nele), mas é mais válido para o mundo americano, em que quase toda a gente, sobretudo na juventude, aluga (ou, mesmo com um crédito habitação, tem relativa facilidade em vender a casa e conseguir o equivalente a “transferir” o crédito para a nova habitação). Por cá, pouca gente aluga, e tenho a ideia de transferir créditos é mais difícil, além de que muita gente (não é o meu caso) vive em casa dos pais, e obviamente não vai subtilmente sugerir a estes que se mudem para mais perto do seu trabalho…

Depois há as opções “habituais”:

  • ir de bicicleta ou a pé se possível (já mencionado acima), sendo o “possível” dependente de vários factores (acessos, segurança, saúde, etc.);
  • também mencionado acima: caso mudar de habitação seja fácil (ex. por ser alugada, ou por se estar a sair de casa dos pais) e a intenção for trabalhar no mesmo sítio por bastante tempo, então mudar de casa para perto do trabalho (idealmente, permitindo ir a pé) pode poupar rios de dinheiro ao longo de vários anos;
  • em alternativa, talvez seja possível mudar de emprego para perto de casa, ou pelo menos valorizar isso devidamente na escolha de empregos. No meu caso, posso dizer que escolhi e continuarei a escolher trabalhar relativamente perto de casa (e sem me aproximar de Lisboa) a qualquer alternativa que implique ir para o meio da capital todos os dias, demorar mais de uma hora para cada lado, stressar-me com o caos do trânsito lisboeta, etc., mesmo que esta opção pagasse mais uma centena de euros ou duas — dinheiro esse que acho que nem compensaria a diferença de consumo de gasolina, já nem falando no tempostress despendidos…
  • insistir nos transportes públicos, mesmo que obriguem a mudar entre vários, demorem 4x mais tempo, etc.;
  • carpooling: um grupo de colegas (que vivam relativamente perto) junta-se, um deles (que pode ir variando) é escolhido para levar o carro e ir buscar/entregar os outros, e dividem a gasolina;
  • tentar trabalhar remotamente um ou dois dias por semana, se o trabalho — e o empregador — o permitirem. Infelizmente, isto ainda é bastante raro em Portugal; as chefias têm mentalidades bastante retrógradas neste aspecto (ex. acham que as pessoas só trabalham se o chefe estiver a “vigiar”, parecem julgar que estão numa linha de montagem de uma fábrica, que o mais importante são as horas de trabalho (e não os resultados), etc);
  • se não for possível evitar o uso diário de um veículo próprio, tentar arranjar um que gaste menos, se bem que a mudança em si também pode ser uma despesa. Penso que motas também são uma opção possivelmente mais económica. Mas, efectivamente, sei pouco sobre estas questões, em grande parte por não “ligar a carros” nem gostar particularmente de conduzir; o meu carro é um utilitário que gasta pouco, e só penso mudar quando ele tiver alguma avaria cuja reparação custe mais do que um veículo usado do mesmo nível. Talvez alguém com um “desportivo” sedento de gasolina possa poupar, ao longo de vários anos, uma quantia palpável se trocar o dito por um carro menos “adolescente” (ou menos “crise-de-meia-idade”). 😉
  • independentemente da questão do acesso ao trabalho, também pode haver outros percursos regulares para os quais o carro não seja realmente necessário, sendo possível (e preferível) ir a pé. Os portugueses são, parece-me, muito comodistas neste aspecto: vão de carro para todo o lado, às vezes para pouco mais do que ir ao café no fim da rua (e não me refiro a quem tenha mobilidade reduzida por alguma razão). Andar mais a pé tem várias vantagens além da poupança: melhora a saúde, não polui, e permite-nos conhecer melhor as redondezas, em vez de ser tudo “cenário de fundo”. Se estiver bom tempo, e não tivermos questões de saúde, nem tivermos de transportar grandes cargas nem na ida nem na volta, então acho que, se é menos de 30 minutos a pé, o meio de transporte ideal é, acho eu, “os pés”.

Mas… tudo isto continua-me a parecer super-hiper-mega-básico. Ideias melhores agradecem-se. 🙂

Sistema de envelopes: porque é que não o uso

O sistema de envelopes tem várias variantes, mas em geral implica guardar, nos referidos envelopes (que não têm necessariamente de ser envelopes físicos), o dinheiro que se prevê ser necessário para as várias despesas (ou categorias de despesas) do mês (bem como algumas despesas semestrais ou anuais, como determinados impostos, seguros, etc.):

  • contas da casa
  • supermercado
  • transportes
  • pagamento de prestações, créditos, etc.
  • lazer/”loucuras”
  • imprevistos/emergências
  • parte de cada uma das tais despesas semestrais ou anuais.

Em geral, quem usa este sistema fá-lo por duas razões diferentes:

  1. Organização: para que uma pessoa nunca se “perca”, nunca deixe de ter o dinheiro necessário para as várias despesas (regulares e não só), por exemplo por gastar mais do que devia; desta forma, é garantido que elas são sempre pagas, que uma pessoa nunca leva com multas por atraso nos pagamentos, etc.;
  2. Poupança: a ideia é que, ao alocar o dinheiro aos vários envelopes (para cada tipo de despesa), esse dinheiro é como se fosse “escondido” de nós, como se ficasse indisponível desde o primeiro dia. Além disso, ao alocar-se um envelope para “lazer” (ou “prazer”, ou “loucuras”, ou como lhe quiserem chamar), isso implica, supostamente, que esse tipo de gastos está limitado a um valor relativamente pequeno.

Este sistema é relativamente popular, pelo que tenho visto (por exemplo, ver aqui, ou aqui, ou aqui). Mas… eu não o uso, nem acho que seja bom para mim (não estou, de forma alguma, a criticar quem o segue!), e passo a explicar porquê:

  1. sugere que a pessoa tem pouco auto-controlo e precisa de “esconder” o dinheiro de si própria de forma a não o gastar. Eu sou grande apologista de que mudar comportamentos e hábitos é difícil, mas que, se mudar primeiro a “cabeça”, os comportamentos e hábitos virão naturalmente. Neste caso — e não digo isto para me “gabar”; quando muito é um contrabalanço de décadas anteriores de consumismo idiota — desde há uns meses para cá que acho que finalmente consegui — pelo menos para já — “desligar o consumismo”; se neste momento me oferecessem 1000€, o meu primeiro pensamento seria “de qual dos cartões reforçar o pagamento?“;
  2. torna mais difícil o “tracking”/análise posterior dos gastos, já que não fica automaticamente registado nos movimentos da conta bancária para onde é que cada parte do dinheiro foi;
  3. ao atribuirmos X€ para lazer/”desperdiçar” (em geral, em pequenos prazeres temporários, e/ou para satisfazer o consumismo) todos os meses, de certa forma garantimos que em cada mês “desperdiçamos” X€ (Acontece algo parecido em geral nas empresas: se um departamento tem um orçamento de Y€ para o ano, é garantido que gasta pelo menos Y€ nesse ano — até porque, se não o fizer, para o ano o orçamento será menor.). Ou seja, quase que se garante, dessa forma, que não melhoramos os nossos hábitos. Não tenho nada contra gastar dinheiro mensalmente em entretenimento — eu próprio tenho uns comics que assino, mais o Google Play Music, o Netflix, a assinatura do Audible, etc. –, mas são coisas específicas, que entram individualmente no plano (ver ponto 4)… não sei, acho que dizer “50€ para lazer/loucuras/disparates/etc.” é dizer “não quero nada específico, mas preciso de gastar dinheiro“;
  4. acho que há formas melhores de organizar a coisa, e que não têm as desvantagens dos 3 pontos anteriores. No meu caso, uso uma simples folha de cálculo, uma por mês, em que ponho o dinheiro com que começo (restante na conta + ordenado + lucros dos sites), depois especifico (e retiro o valor de) todas as despesas fixas obrigatórias, incluindo prestações dos créditos pessoais — e incluo também as várias assinaturas (comics, etc.), que mencionei no ponto 3, aqui –, e vejo quanto posso usar para pagar os vários cartões de crédito. Guardo (tipo “não lhe mexer”, não preciso de levantar e pôr num envelope 🙂 ) sempre alguma coisa para possíveis emergências, mas sempre com a ideia de isso chegar até ao fim do mês seguinte sem ser tocado. E não tenho, actualmente, quaisquer pensamentos de “sobra dinheiro, deixa ver que jogos/livros/etc. posso comprar” — neste caso específico, porque tanto livros como jogos já estão limitados (os primeiros a um por mês sobre finanças ou desenvolvimento pessoal, os segundos — pelo menos até fazer anos, no fim de Julho — aos dois que já mencionei aqui várias vezes). Além de que o dinheiro não “sobra” — já tem para onde ir — enquanto temos dívidas.

E é isto. Espero não ter ofendido ninguém — não estou mesmo a criticar quem se dá bem com os envelopes, OK? 🙂 Apenas a partilhar porque é que não sou fã deles, e qual a forma que comigo funciona melhor. Se isto der ideias a alguém, fantástico. 🙂

Poupar em casa: ideias?

Como já foi feito em relação à poupança no supermercado, a ideia deste post é ser parte rascunho, parte pedido de ideias e sugestões, sobre um tema em relação ao qual eu acho que neste momento não sei muito mais do que o básico. Eventualmente haverá, espero eu, um post mais “definitivo”.

Mas, vamos lá. Vou começar pelo que eu já “sei”, e de seguida mencionarei umas boas sugestões que já vi aqui em comentários.

  • não deixar luzes nem torneiras ligadas/abertas, mesmo que seja para regressar à divisão (ou lavatório) em um minuto ou menos;
  • evitar ao máximo aquecedores ou ares condicionados (a não ser que haja pessoas mais vulneráveis em casa, como crianças pequenas, idosos ou doentes). Com treino e habituação, podemos alargar a gama de temperaturas em que nos sentimos confortáveis (em vez da “flor-de-estufice” do “tem de ser exactamente 21º e ¾ ou está tudo estragado” — mas chega de falar de certos colegas no trabalho. 🙂 );
  • estou um bocado desactualizado em termos de tipos de lâmpadas: quais é que são as mais económicas agora (não apenas em termos de consumirem menos, mas de compensarem a diferença de preço ao longo da sua “vida natural”)?
  • ao lavar roupa na máquina, usar um programa apropriado (sobretudo em termos de “máquina cheia” ou “máquina a metade” — guardaram o manual da máquina, certo? 🙂 ). Não tenho máquina de lavar louça, mas suponho que seja semelhante;
  • cancelar serviços que não se usem, ou se usem pouco (ex. canais de TV premium — ou mesmo a televisão em geral — quando se usa principalmente serviços de streaming);
  • ir mais longe: cancelar praticamente tudo, para ver do que é que se precisa realmente (e depois reactivar somente isso);
  • isto não é poupança directa, mas tentar evitar a acumulação de “tralha”; se se tiver coisas que já não se usem, tentar vendê-las ou dá-las, ou, se necessário, deitá-las fora ou, pelo menos, transferi-las para a arrecadação;
  • por falar na arrecadação, ver o que há lá que se possa vender, dar ou deitar fora. Ainda não comecei a fazer isto, mas espero fazê-lo ainda este ano…
  • eu sei que sou o pior exemplo disto à face da terra, mas… tentar ter a casa relativamente arrumada e limpa 1;
  • por falar nisso, evitar — sobretudo se se viver com alguém — o estilo de “arrumação” conhecido por “esconder tudo da vista“; sim, fica mais bonito (“olhem para mim, tão minimalista!“), mas depois a outra pessoa (ou possivelmente até nós próprios, por “despassaranço”) vai achar que determinadas coisas já acabaram, e comprar mais delas. Não que esteja a falar por experiência própria; oh, não! 😉
  • reutilizar coisas para fins diferentes (por exemplo, o “calhamaço” do guia de estudo de um certo sistema operativo que comprei nos anos 90, e que nunca mais vou usar como livro por estar mais de 20 anos desactualizado, ainda serve bem como base para elevar um monitor à altura dos olhos 🙂 );
  • aprender a cozinhar. Sim, isto pode permitir poupar centenas de euros ao longo do ano, além de — caso vivamos com outra pessoa que também cozinhe bem (caso contrário, aprendam ambos!) — tornar a relação mais justa. 😉 “Ah e tal, deixo tudo queimar“, ou “ele/a gosta de cozinhar, não preciso de saber eu fazê-lo” não passam de desculpas 🙂 ;
  • ter o frigorífico organizado — não apenas no sentido de ter um sítio próprio para cada tipo de produto, mas também de estar tudo bem visível (a tendência é esquecermos o que está completamente tapado), de forma a evitar que as várias coisas sejam esquecidas até atingirem o prazo de validade;
  • por falar em prazos de validade, estes tendem a ser “estimativas conservadoras“; a maioria dos produtos dura sempre um pouco mais, e para muitos deles é óbvio (pelo aspecto, cheiro, etc.) se ainda estão bons ou não — por outras palavras, não deitar uma coisa fora apenas porque atingiu o prazo, sem sequer se verificar se ainda está consumível;
  • tornar-se um “mestre” do congelador, aprendendo o que pode ser congelado sem perder qualidades, mesmo não sendo algo que normalmente se pensa como “congelável” (ex. manteiga, molhos, etc.). Pode ser útil, entre outras situações, quando se tem determinada coisa em excesso (por se receber alguma oferta, por exemplo);
  • se possível (varanda, espaço perto das janelas, etc.) semear algumas coisas comestíveis (normalmente temperos) que exijam pouca manutenção. Por exemplo, na minha varanda há neste momento alecrim, cebolinho, malaguetas e hortelã. Já mencionei que é útil saber cozinhar? 🙂 ;
  • isto dependerá de cada um (e, disclaimer: algumas coisas aqui podem ser perigosas), mas é bom saber fazer coisas básicas em casa (mudar uma lâmpada, apertar um parafuso de uma cama que faz barulho, resolver outros problemas simples, possivelmente (se bem que aqui não vou tão longe, no meu caso) alguma canalização e/ou trabalho de electricista;

E partilho também algumas sugestões já aqui mencionadas por leitores:

  • renegociar os contratos de telecomunicações (Ricardo);
  • diminuir a potência do contador de electricidade, pelo menos nos meses em que não se usam aquecedores (idealmente todos 🙂 ) (Ricardo)
  • vá, quero mais! 🙂

 

Guia: Comprar um PC portátil

No livro “Set for Life” de Scott Trench (que sem dúvida aparecerá eventualmente na lista de livros recomendados do blog), quando o autor fala das várias formas possíveis de aumentar os rendimentos, ele sugere, nas actividades secundárias que se escolher, tentar aproveitar sinergias com a nossa “day job”. Bem, este blog não é propriamente uma “actividade secundária” (no sentido de ganhar directamente dinheiro com ela), é mais uma forma de puxar por mim próprio e partilhar com outros o que for aprendendo, mas mesmo assim acho que posso aproveitar, aqui, o facto de ser informático 1. 🙂

Devido a essa profissão, já há décadas que familiares, amigos e conhecidos me pedem ajuda quando precisam de comprar um PC novo: “o que devo comprar?” “o que achas deste?” “qual devo escolher entre estes dois?” “isto basta para o que eu quero?“, e assim por diante. Decidi, então, criar um guia simples para qualquer um (por pouco virado para estas coisas que seja) poder ter a certeza de que está a fazer uma boa escolha, tanto em termos de servir para o seu propósito, como por ter uma boa relação qualidade/preço.

Laptop

Para começar, um disclaimer: como disse acima, isto é suposto ser um guia simples, para não-geeks. Por isso, vou estar a assumir que a ideia é comprar-se um PC portátil/laptop (hoje em dia é o que quase toda a gente prefere) novo — ou seja, não incluo coisas como 1) montar o próprio PC, 2) desktops, 3) Macs, tablets, híbridos, etc., ou 4) algo em segunda mão. Nem vou aprofundar demais as coisas (comparar arquitecturas, tipos de RAM, etc.). Vamos apenas focar-nos em responder às seguintes questões:

1 – jogos/placa gráfica?

Uma parte em geral importante (e cara, muitas vezes) de um PC é a placa gráfica (também chamada “placa de vídeo”), mas antes de olharmos para ela: o PC vai ser usado para jogos? (E aqui refiro-me a jogos “exigentes”, a usar aceleração 3D, comparáveis aos de uma consola moderna; se só se pensa jogar coisas mais “casuais” como jogos de tabuleiro, cartas, objectos escondidos, clones do Bejeweled, visual novels, etc., então a resposta a essa pergunta é, para todos os efeitos, “não“.)

Caso a resposta seja negativa, então a placa gráfica, para todos os efeitos, não importa. Sim, o PC precisa de uma para funcionar, mas qualquer laptop moderno tem sempre uma básica (Intel, normalmente) integrada na motherboard, que, para browsar na web, usar chats, usar o Office, etc. — além dos tais jogos “casuais” mencionados acima –, é indistinguível de uma placa de topo de gama dedicada (mas a geração da placa integrada importa: ver ponto 7, abaixo). Resumindo: se não é para jogos “exigentes”, então não só não nos devemos preocupar com a placa gráfica, como até é preferível evitar sistemas com uma dedicada, já que se estará inevitavelmente a pagar por ela.

2- tamanho do ecrã?

Isto importa bastante (sobretudo se não se pensar usar um monitor externo a maior parte do tempo), mas depende dos gostos/necessidades de cada um. Para mim, quanto maior melhor (17″ pelo menos), mas muita gente prefere mais pequeno (ex. 15″, ou até inferior), para ser mais fácil de transportar. Em termos de preço, maior em geral equivale a mais caro.

3- memória?

Quanto mais, melhor, mas obviamente que também se paga. Para um PC novo, acho que menos de 8 GB será de evitar, se bem que se for só para Office, browsing, email, etc., talvez seja possível desenrascarmo-nos com menos. Para jogos modernos, desenvolvimento aplicacional, edição de vídeo, etc., diria que 16 GB é o mínimo razoável.

4- processador?

Para jogos ou outras coisas exigentes, preferir um i5 ou i7 da última geração (ver ponto 7). Para utilização mais casual, o processador não é tão importante, se bem que, mais uma vez, é sempre desejável escolher um recente.

5- disco?

Em teoria quanto mais melhor, mas para uma utilização mais casual, em que se instala pouca coisa após os primeiros dias (e sem se pensar em encher a máquina de filmes, fotos, etc.) nem é preciso assim tanto (uns 250 GB devem ser mais que suficientes 2). Alguns PCs incluem também um disco SSD, bastante mais rápido mas também mais pequeno, normalmente usado para o sistema operativo (entre outras coisas, faz o PC arrancar muito mais depressa) e uma ou duas aplicações mais usadas; é desejável, mas pode não valer a diferença de preço.

6- marca?

Não considero importante (no caso de portáteis, são sempre de marcas vagamente conhecidas, por isso nem se põe a questão “marca conhecida ou marca branca”).

7- geração/data de lançamento?

Este é o “meu” truque, que muita gente desconhece ou ignora: preferir sempre um PC lançado este ano. Muitas lojas incluem em catálogo PCs lançados no ano anterior, há 2 anos, há 3 anos, etc., normalmente até um pouco mais baratos agora do que eram na altura, mas (a não ser que se saiba muito bem o que se está a fazer), deve-se evitar essas opções. Comprar um PC “actual” (2018, neste caso), mesmo que um pouco mais caro (ou com características, em termos de números (megahertz, gigabytes, etc.) equivalentes ou até ligeiramente abaixo) do que um semelhante de 2015-2016, significa em geral que os vários componentes têm arquitecturas mais modernas, sendo mais eficientes — consomem menos energia, aquecem menos, etc., e mais “future-proof”. Seja um i7 (gama alta) ou um Celeron (gama baixa), os de agora não são iguais aos de 2015 (e muito menos aos de 2010), acreditem. O mesmo (caso isso seja relevante; ver ponto 1) para as placas gráficas: uma Nvidia 10XX (actualmente a última geração), mesmo que de gama baixa, é muito mais potente, mais “fresca”, mais silenciosa, e menos “esfomeada” de energia do que uma 8XX da mesma gama, ou mesmo de vários níveis acima.

OK, agora já sabemos (supostamente) ao que ter atenção. Mas, como escolher entre as ofertas numa loja (ou de várias; não vamos aqui complicar, mas claro que é uma opção)?

Vou assumir que o objectivo é um dos seguintes:

  1. comprar um PC que satisfaça certas necessidades, pelo menor preço possível, ou
  2. comprar o melhor PC possível por X euros (assumindo também que corresponde às necessidades, claro).

O que normalmente faço (ao aconselhar alguém, e também o faria se fosse comprar outro portátil nos próximos tempos) é o seguinte: vou ao site de uma loja conhecida (Worten, Fnac, etc. — sim, pode haver melhores preços em lojas mais pequenas, e/ou usando serviços como o KuantoKusta, mas isso é depois de se escolher qual comprar: “já sei o que quero, agora deixa ver se o encontro mais barato”. A ideia de começar por essas lojas grandes é ter muita escolha, e poder ordenar as pesquisas), escolho o tipo de produto (PC portátil, neste caso), e ordeno por preço, por ordem decrescente 3

Depois, dependendo de qual dos objectivos tenho (ver acima):

  1. escolher o PC do ano actual mais barato, que satisfaça os requisitos; ou
  2. escolher o PC do ano actual com melhores características, dentro do preço que defini.

Infelizmente, nenhum desses sites permite filtrar por ano de lançamento (permitem ordenar somente por um único valor, mas já estamos a fazer isso para o preço), pelo que será preciso fazer isso manualmente (abrindo cada um dos possíveis candidatos e excluindo todos os que tenham sido lançados em anos anteriores). Mas isso só adiciona uns minutos a todo o processo.

Simples, não é? Sim, há muitos guias semelhantes na internet, mas em geral dedicam-se a utilizadores mais “hardcore”, que montam os seus próprios computadores; achei que havia pouca informação para quem só quer comprar um PC numa loja, e não sabe por onde começar, como escolher, ao que ter atenção, etc.. E, sendo em parte sobre poupança, não foge ao tema do blog. 🙂