“O importante é não faltar no segundo dia” – Desenvolvimento Pessoal

Acabei recentemente o livro “Atomic Habits“, de James Clear (este até existe em português, como “Hábitos Atómicos” — está disponível na Fnac, por exemplo). Ainda penso fazer um post sobre ele mais em detalhe (e sim, eu sei que já disse isso sobre mais um livro ou dois. Um dia destes. 🙂 ), mas, em geral, gostei bastante do dito, e tirei de lá uma frase que adorei — e que não é exactamente como o livro põe a coisa (já lá vamos), mas a ideia é a mesma, e é como me ficou na cabeça. 🙂

Sabem quando começamos a tentar criar um novo hábito positivo; por exemplo:

  • fazer exercício em casa;
  • ir ao ginásio;
  • ir dar um passeio a pé;
  • comer comida saudável;
  • evitar alguma coisa que nos faz mal;
  • ler 15 minutos de não-ficção (aprender novos skills, auto-melhoria, etc.) por dia;
  • escrever 10 páginas por dia do nosso futuro bestseller;
  • etc.?

Se são vagamente como eu, ou como (na minha experiência) a maior parte das pessoas, decerto já vos aconteceu algo como o seguinte: começam nos primeiros dias a fazer a coisa bem feita, sem falta, e com imenso entusiasmo. Mas eventualmente (por exemplo, umas semanas depois) falham um dia, por alguma razão, possivelmente até de força maior (uma doença, uma emergência familiar, etc.), ou simplesmente porque o dia foi particularmente difícil e estão exaustos… e, depois disso, mesmo que tentem voltar ao bom hábito, parece que o entusiasmo anterior já se acabou; talvez repitam a coisa mais um dia ou dois, mas a atitude já é outra — sentem que já falharam uma vez, que já perderam o ritmo, e que continuar a tentar já não vai proporcionar nenhum benefício. E eventualmente falham mais um dia, e depois disso a atitude é de “perdido por cem, perdido por mil” — ou seja, lá se foi o hábito.

Talvez aconteça, meses ou anos depois, tomarem a decisão de que “desta é que é”, recomeçarem o hábito com grande entusiasmo outra vez… e, mais semana menos semana, a história anterior repete-se. 🙁

Não sei quanto a vocês, mas a história dos parágrafos acima já me aconteceu imensas vezes na vida, desde a infância. E o resultado? Não só não conseguimos melhorar a nossa vida, como para cúmulo ainda nos sentimos culpados por não conseguirmos ser fiéis às nossas decisões, por deixarmos “tudo” a meio, por aparentemente não termos “força de vontade” nenhuma. Não só é mau para a nossa vida pela falta de progresso, mas também deixa a nossa auto-estima cada vez mais em baixo.

E a solução, de certa forma, é tão simples: o importante é não faltar no segundo dia. 

É pensarmos que um só dia em falha (entre tantos dias de sucesso) não interrompe de nenhuma forma palpável o nosso ritmo, e conseguirmos não nos sentir culpados por não termos cumprido o bom hábito ou evitarmos o mau hábito um só dia, desde que no dia seguinte estejamos lá outra vez, a fazer a coisa certa.

O primeiro dia é como um tropeção numa corrida: é perfeitamente compreensível e desculpável, e não diz nada sobre o nosso carácter. O segundo dia é que faz realmente a diferença — determina se somos o tipo de pessoa que continua a correr depois de um tropeção, ou o tipo de pessoa que desiste na primeira pedra no caminho.

Uma metáfora que o autor menciona no livro também me ficou na memória: cada hábito nosso é como uma eleição para quem somos (na parte referente a esse hábito), e cada vez que cumprimos ou não cumprimos o hábito é como um voto nesse sentido. Ora, para ganhar uma eleição, não precisamos de unanimidade; basta termos mais votos do que o adversário. 🙂 Se (por exemplo) for correr na maior parte dos dias, então o “sou um tipo que corre” ganhou com a maioria dos votos — mesmo que não vá correr absolutamente todos os dias.

(Curiosamente, recordei-me da frase como no título do post, mas fui há pouco revê-la no livro, e o que o autor escreve é “nunca falhar/faltar duas vezes“. No contexto em que aparece no livro significa exactamente a mesma coisa, mas prefiro a minha versão por ser menos dependente desse contexto. 🙂 )

Livro #4: The Compound Effect

Mais uma semana, mais um livro lido (ei, aceitei um desafio no Goodreads de ler 50 livros este ano 1, por isso até tenho algum atraso a recuperar 🙂 ), sendo este The Compound Effect, de Darren Hardy, publicado em 2012.

Darren Hardy - The Compound Effect

Hesitei (por alguns segundos 🙂 ) em fazer um post sobre este livro (e incluí-lo na lista de livros sugeridos do blog), já que ele não é tanto sobre finanças pessoais, investimentos, independência financeira, etc., mas sim sobre desenvolvimento pessoal. (E confesso que antes de o começar a ler, devido ao título, esperava que ele abordasse também o tema do efeito composto aplicado às finanças, mas o autor só menciona isso, perto do início, para dar um exemplo quantificado do poder desse efeito; o foco é mais nos nossos hábitos e “auto-superação”.)

Mas muito daqui pode ser, indirectamente, aplicado à melhoria das nossas finanças, no sentido de passarmos a ser melhores no que fazemos, melhorarmos a nossa saúde física, eliminarmos maus hábitos, etc., tudo isso podendo reflectir-se numa melhor evolução de carreira (e/ou criação e desenvolvimento de actividades paralelas/rendimentos passivos).

(Além de que — e isto ainda não sei se vai para a frente ou não — também já pensei em incluir algum desenvolvimento pessoal nos temas deste blog. Porque não? 🙂 Quem não se interessar, pode sempre saltar esses posts.)

Um exemplo que o livro começa por dar é a história de 3 amigos, que começam na mesma situação (mesma idade, mesma condição física, casados, etc.), mas um deles decide fazer pequenas alterações para melhor na sua vida: começa a ler 10 páginas de um bom livro por dia, ouve audiobooks ou podcasts educativos e/ou inspiracionais enquanto vai e volta do trabalho, corta umas 100 calorias por dia (ex. substituir um refrigerante por água), passa a andar mais uns 1000 passos por dia (por exemplo, dando uma volta ou duas a pé ao quarteirão ao fim da tarde). Tudo coisas simples, que não requerem esforço “heróico”.

O segundo amigo, por outro lado, comprou uma TV enorme para ver mais dos seus programas favoritos, e tem experimentado fazer em casa receitas que vê nos vários canais de culinária, sobretudo as sobremesas doces que tanto adora. E instalou um bar na sala, e adicionou uma bebida alcóolica por semana à sua dieta. Nada de especial; ele apenas se quer divertir mais um bocado.

O terceiro amigo, como devem estar a adivinhar, não muda nada na sua vida, deixando tudo como está.

O livro continua (e isto tudo é menos de um capítulo) a história dos 3 amigos ao longo do tempo; daí a 5 meses ainda não se nota grande diferença, nem após 10 meses. É só mais tarde que realmente se começa a notar alguma coisa: o primeiro amigo está mais elegante, enquanto o segundo está visivelmente mais gordo — a diferença de peso entre ambos é de mais de 30kg! E as diferenças vão para além do físico: tendo passado mais de mil horas (ao longo de mais de um ano) a ler bons livros e a ouvir audio sobre desenvolvimento pessoal e de skills, o primeiro conseguiu uma promoção no trabalho. O segundo amigo, por outro lado, tem cada vez menos energia, o que faz com que ao chegar a casa não consiga fazer mais nada do que ver TV até dormir. Isso começa a criar problemas no casamento, já que ele e a mulher já nunca fazem nada (incluindo isso) juntos…

O terceiro amigo, naturalmente, não está tão mal como o segundo, mas queixa-se de que nada muda na vida dele… 🙂

E há muito mais: auto-melhorias, organização da vida, registo dos progressos, que tipos de pessoas procurar, e que tipos evitar, etc..

Isto já vai longo, por isso vou tentar limitar as citações (tenho 67… medo!  🙂 ). Como sempre, tradução minha:

  • “O Efeito Composto é o princípio de se obter enormes ganhos graças a uma série de pequenas escolhas inteligentes.”
  • “O aspecto mais desafiante do Efeito Composto é que temos de trabalhar por algum tempo, de forma eficiente e consistente, antes de começarmos a ver resultados.”
  • “Tudo na tua vida existe porque começaste por fazer uma escolha sobre algo. As escolhas são a raiz de cada um dos teus resultados. Cada escolha dá início a um comportamento que com o tempo se torna um hábito. Escolhe mal, e podes dar contigo de volta à posição de partida, forçado a fazer novas e mais difíceis escolhas. Não escolhas de todo, e fizeste a escolha de ser receptor passivo de tudo o que venha na tua direcção.”
  • “O teu problema não é teres estado a fazer más escolhas intencionalmente. Isso seria fácil de resolver. O teu problema é que tens navegado pelas tuas escolhas como um sonâmbulo. Metade das vezes, nem tens noção de que as estás a fazer!”
  • “Quando a maioria das pessoas decide atingir novos objectivos, começam por perguntar ‘OK, tenho o meu objectivo, agora o que é que tenho de fazer para o alcançar?‘ Não é uma má pergunta, mas não é a primeira questão que precisa de ser abordada. A pergunta que nos devemos fazer é: ‘Quem é que eu tenho de me tornar?
  • “Se queres ter mais, tens de te tornar mais. O sucesso não é algo que se persegue. Aquilo que persegues vai fugir de ti; é como tentar agarrar borboletas. O sucesso é algo que atrais sendo a pessoa que te tornas.”
  • “Nunca vais mudar a tua vida até mudares algo que fazes todos os dias. O segredo do teu sucesso está na tua rotina diária.”
  • “Deves criar um programa que consigas seguir por cinquenta anos, não por cinco semanas ou cinco meses.”
  • “Se queres que o teu corpo atinja o máximo da sua performance, precisas de ter atenção de forma a consumires os nutrientes da melhor qualidade e evitares ‘junk food’. Se queres que o teu cérebro atinja o máximo da sua performance, tens de estar ainda mais atento à alimentação do mesmo.”
  • “[…] somos a média combinada das cinco pessoas com quem passamos mais tempo.”
  • “Já deves estar ciente disto: há pessoas de quem podes precisar de te afastar. Completamente. Pode não ser um passo fácil de tomar, mas é essencial. Deves fazer a escolha difícil de não permitir que certas influências negativas te continuem a afectar. Determina a qualidade de vida que queres ter, e de seguida rodeia-te de pessoas que representam e suportam essa visão.”

(Nota: tal como em relação aos outros livros, é só clickar na capa dele para ir à página sobre o mesmo na Amazon. O link não é de afiliado; se isso se alterar no futuro, esta mensagem será alterada.) 

Livro #3: The Automatic Millionaire

Mais um dia uns dias, mais um livro lido. Ou, neste caso, relido, já que já o tinha feito no verão de 2017. Foi por essa altura que comecei a ler sobre estes assuntos (quase um ano antes de começar o OvelhaOstra), tendo sido este um dos primeiros que li, e quis revê-lo agora para ver o que, com mais alguma experiência e conhecimentos, achava dele.

David Bach - The Automatic Millionaire

Em geral, gostei da releitura. É um livro mais “para principiantes” do que a maioria dos livros (e artigos, blogs, etc.) que li nos últimos tempos (sobretudo em comparação com os livros “pós-Mr. Money Mustache“, pós-movimento FIRE (Financial Independence/Retire Early), etc., que acabam por ser mais exigentes/radicais). A linguagem é acessível, vários dos pontos principais são repetidos várias vezes por palavras diferentes, e é em geral mais “conservador” do que outros que tenho lido — por exemplo, quase nem aborda o tema de investimento na bolsa, focando-se muito mais nos equivalentes americanos aos nossos PPRs). Se fosse a comparar, diria que o mais parecido que já li foi o clássico “The Richest Man in Babylon” (que eventualmente também terá uma entrada aqui).

Os 3 pontos principais do livro são:

  1. Identifica o teu “factor galão” e reduz/elimina-o (sim, o autor, David Bach, é quem inventou o termo “factor galão“);
  2. Paga-te a ti próprio primeiro (transferindo dinheiro para a tua poupança antes de pagares as contas, despesas do mês, etc.);
  3. Torna-o automático: como o título do livro sugere, isto é o ponto em que o autor insiste mais; ele não acredita em orçamentos detalhados, já que pouca gente tem paciência para os continuar a fazer depois do entusiasmo inicial, além de que há sempre a possibilidade de não os seguir por “emergências” de consumismo. Ele descreve, portanto, as várias formas de automatizar tudo isto: contribuições para poupanças, pagamento de créditos, pagamento de contas, etc… Infelizmente, os detalhes aqui aplicam-se mais aos EUA (muito sobre os planos 401(k), por exemplo), mas ainda dá para aproveitar as ideias base.

Como disse no início, acho este livro mais “para principiantes” do que a maioria do que tenho lido, e, assumo eu, talvez demasiado básico/óbvio para quem se interessa por estas coisas — sobretudo se seguir a comunidade de blogs (e não só) de finanças pessoais/independência financeira. Mas pode ser útil para emprestar/oferecer a quem se interesse menos por estas coisas e/ou seja mais “novato” — por exemplo, alguém que viva de ordenado a ordenado, sem quaisquer poupanças ou investimentos, e diga que poupar é impossível porque o que ganha “mal lhe chega”. Perto do fim do livro, tem até um plano bastante simples de pagamento de cartões de crédito, para quem se encontre nessa situação. Aborda também, rapidamente, a questão das doações para caridade (incluindo, mais uma vez, formas de o fazer automaticamente).

Pelo que vi, há uma tradução brasileira, mas acho que nunca foi editado em Portugal.

Algumas citações (tradução minha):

  • “Se não precisas de pensar em fazer algo, não há possibilidade de te esqueceres de o fazer — ou, pior, de mudares de ideias e, deliberadamente, não o fazeres. Quando a decisão sai das tuas mãos, não há forma de seres tentado a fazer a coisa errada.”
  • “A maioria das pessoas acredita que o segredo para enriquecer se limita a encontrar novas formas de aumentar os seus rendimentos o mais rapidamente possível. ‘Se ao menos eu ganhasse mais,’ declaram, ‘seria rico.’ Quantas vezes já ouviste alguém dizer isso? Quantas vezes o disseste tu próprio? Ora, simplesmente não é verdade. Pergunta a alguém que tenha sido aumentado no último ano se as suas poupanças aumentaram. Em quase todos os casos, a resposta será não. Porquê? Porque, quase sempre, quanto mais ganhamos, mais gastamos.”
  • “A maioria de nós não pensa realmente onde gasta o dinheiro — e, se o fazemos, focamo-nos somente nas coisas caras, ignorando as pequenas despesas diárias que sugam o nosso dinheiro.”
  • “Qualquer sistema que seja desenhado para controlar os impulsos normais de um ser humano está destinado a eventualmente falhar. Isto porque os seres humanos não gostam de ser controlados. Gostamos de ter o controlo.”
  • “Se aprendi um verdadeiro segredo relativamente a ser um investidor que tem sucesso tanto nas alturas boas como nas más, é este: GERIR O TEU DINHEIRO DEVE SER ABORRECIDO!2
  • “Com toda a confusão económica e política no mundo nos dias que correm, um ano inteiro de despesas poupado é um óptimo objectivo a tentar atingir. Com essa poupança, não precisas de te preocupar com a sobrevivência básica mesmo que percas o emprego e não consigas arranjar outro imediatamente. Mais importante ainda, uma ‘almofada’ de um ano dá-te a liberdade para tomar decisões sobre a tua vida que neste momento não te sentirias confortável para tomar — como deixar um emprego de que não gostas, de forma a arriscar iniciar uma nova carreira.”

(Nota: tal como em relação aos outros livros, é só clickar na capa dele para ir à página sobre o mesmo na Amazon. O link não é de afiliado; se isso se alterar no futuro, esta mensagem será alterada.) 

Livro #2: RESET: How to Restart Your Life and Get F.U. Money

Acabei ontem de ler este livro:

RESET: How to Restart Your Life and Get F.U. Money

Bem bom; gostei bastante. O autor (que trabalha em “PR”, e já é self-employed há uns anos) escreve de uma forma bastante acessível e de leitura agradável (imagino que devido à profissão dele), e o livro tem óptimas ideias para, como o nome sugere, fazermos um “reset” à nossa vida (para melhor, naturalmente). Só para aí metade do livro é que é sobre finanças pessoais (investimentos, independência financeira, etc.); outros temas abordados incluem carreira, skills, saúde, exercício, organização da casa (ele é grande fã da Marie Kondo), organização do tempo, e até valores pessoais.

Outros pontos que o distinguem da maioria da literatura semelhante: o livro é extremamente actual (publicado em Agosto de 2018), é de um autor do UK (escocês, para ser exacto) e não americano, como quase todos os que tenho lido, o que lhe dá uma perspectiva diferente (e mais “próxima” de nós), e por último ele não tem problemas em citar outros autores com os quais aprendeu (alguns dos quais até já li — é sempre divertido) e dar-lhes o devido crédito (ao contrário de outros autores, que parecem achar que se mencionarem alguém no seu livro estarão a ajudar a “concorrência”, parecerão menos originais, etc.).

Como li o livro na aplicação Kindle, fui “sublinhando” imensas frases ou parágrafos, dos quais quero partilhar aqui alguns (tradução minha):

  • “Estás a ver os teus colegas, as pessoas com quem passas todo esse tempo, cujos estados de espírito, pecadilhos, esperanças e medos tu conheces melhor do que os da tua própria família? Eles não são reais. Não se importam contigo. Eles não estariam lá se não tivessem de estar. E nem tu estarias. Quando te apercebes disto, é libertador.”
  • “O segundo, verdadeiro, puro, significado da felicidade é viver uma vida alinhada com os teus objectivos de vida e valores: ser uma boa pessoa. E a única forma de fazer isto é estar presente para os desafios, e fazer o esforço necessário; tomar as acções correctas, dia após dia após dia.”
  • “Aceito os medos, e aceito que tenho de viver com eles. Porém, tenho uma regra de ouro: nunca deixo que o medo me impeça de fazer algo.”
  • (os arrependimentos mais citados pelas pessoas no fim das suas vidas:) “Gostava de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, não a vida que outros esperavam de mim. Gostava de não ter trabalhado tanto. Gostava de ter tido a coragem de expressar os meus sentimentos. Gostava de ter mantido o contacto com os meus amigos. Gostava de me ter permitido a mim mesmo ser mais feliz.”
  • “A vida profissional é difícil. A vida é difícil. Mas se não tens um propósito, então é ainda mais difícil.”
  • “Se olhas para o telemóvel de 5 em 5 minutos, há um vazio na tua vida. A única forma de combater esse vício é agir. Vai dar um passeio a pé, leva os miúdos à piscina, toma café com um amigo, faz pão em casa, toma um banho, acende uma vela, lê um bom livro.”
  • “Quando pões a tua casa em ordem, pões os teus assuntos e o teu passado em ordem, também. Como resultado, vês claramente do que é que precisas na vida e do que é que não precisas, o que deves e o que não deves fazer.”
  • “E se aprendi alguma coisa na vida: dá sempre ouvidos à mulher — ou homem — mais obcecado/a, com mais paixão, na sala.”
  • “Demasiados de nós perdemos o orgulho no nosso trabalho, arrastando-nos num estado de permanente ocupação não produtiva mas hiper-vocal, aceitando que no moderno local de trabalho, as aparências são tudo.”
  • “‘Não posso ganhar mais e não me preocupar com isto tudo?’ Como é que isso tem funcionado para ti? Os teus aumentos têm servido para construir o teu património, ou para comprar maiores e melhores veículos motorizados?”
  • Independência financeira tem a ver com esperança; dinheiro vai-te f… tem a ver com orgulho/auto-estima.”
  • “Não tentes competir em posses com quem te rodeia; eles são um monte de pessoas miseráveis que sorriem em público e choram em casa.”
  • “As pessoas exibem a sua riqueza porque não é socialmente aceite andar à luta depois de deixarem a escola.”
  • “Se queres uma coisa, põe-a numa lista de compras para daí a um mês. Se ainda a quiseres passados 30 dias, investiga e compra a versão de qualidade. Muitas vezes, aperceber-te-ás de que a suposta necessidade se evaporou.”
  • “As pessoas dizem: ‘e se as acções em que investiste descerem?‘ Eu digo, ‘Oh, isso é bom porque agora posso comprar mais.‘ Eles dizem, ‘e se subirem?‘ Eu digo, ‘Ora, isso também é bom porque com isso sinto-me mais rico.‘ Podem subir ou podem descer. Eu não me importo.”
  • “O desejo de provar que quem duvidou de ti estavam errados pode ser um bom ponto de partida para realizar grandes feitos.”
  • (relacionado com o anterior) “Usa a motivação negativa tanto quanto quiseres, mas não deixes que ela te defina. Não deixes que se torne o teu propósito na vida. Nunca te meças pelas medidas dos outros; escolhe a tua própria.”
  • “Sem dúvida esforça-te, mas não tentes chegar à perfeição. Foca-te numa tarefa de cada vez, faz o melhor que conseguires, e passa à seguinte. Isto não é uma receita para baixar padrões. Tenta sempre exceder as expectativas, tanto as tuas como as dos outros. Mas o importante é agir, dar o primeiro passo em frente, e certificar-te que o seguinte vai logo a seguir.”
  • “Nada é pior que um chorão, um sugador de energia. Não estou a dizer que tenhas de estar feliz o tempo todo, longe disso. É só quando estamos insatisfeitos com a vida que nos encontramos receptivos a mudanças transformativas. Mas não chores, não te lamentes. Investiga o assunto, faz um plano, e agarra o dia.”

(Desculpem a extensão das citações… e nem estão aqui todas as que recolhi  — a maioria das outras tem mais a ver com o meu estranho sentido de humor. 🙂 )

Livro #1: JL Collins – The Simple Path to Wealth

Hesitei durante algum tempo em relação a por qual livro começar esta série — por um lado, preferia algo mais simples/menos avançado (o que este é), mas por outro queria algo que se aplicasse mais aos meus actuais leitores/as habituais, e este — que é mais sobre investimentos do que poupança propriamente dita — não se aplicará tanto. Por (ainda) outro lado, também não era desejável que a procura do exemplo perfeito me impedisse de começar a série, e este livro é muito bom — tanto em termos da informação que inclui, como por a leitura (ou audição do audiobook) ser bastante agradável, na minha opinião. Por isso…

http://jlcollinsnh.com/

The Simple Path to Wealth é um livro feito a partir de um blog, jlcollinsnh.com, que por sua vez começou por ser uma expansão de um conjunto de cartas que o autor (Jim Collins) escreveu para a filha sobre finanças pessoais e investimento. O autor conta como, numa das várias conversas sobre esse tema com a filha, ela lhe respondeu algo como “Pai, eu entendo que isto é um assunto importante, que o dinheiro é para levar a sério, mas não acho piada nenhuma a aprender sobre bolsa, investimentos, etc.; não quero ter de pensar nisto!” E o autor, nesse momento, apercebe-se de que ele estava a assumir que, como achava o tema fascinante, a filha partilhasse dessa opinião… o que não era o caso. Então dedicou-se a arranjar uma forma de a filha poder pôr a coisa em “piloto automático”, tendo a sua “saúde financeira” tão garantida quanto possível e sem trabalho nenhum; depois de o conseguir começou o blog… e eventualmente “arrumou” parte do mesmo para publicar como um livro.

Não é um grande “spoiler” se disser que o livro se poderia resumir ao seguinte:

  1. gasta menos do que ganhas;
  2. investe o resto;
  3. evita dívidas.

Eu sei que tudo isto parece bastante óbvio, sobretudo para quem já se interessa por estes assuntos. De certa forma, é. Claro que ele expande cada um dos pontos, sobretudo o segundo (outro “spoiler”: investir em “index funds” de baixo custo, tipo Total Stock Market ou S&P 500), e ainda fala bastante sobre contas de poupança, impostos e afins — esta última parte, infelizmente, só aplicável em geral aos EUA. Aborda também a questão da independência financeira e reformarmo-nos enquanto relativamente jovens.

De resto, diria que o livro é sobretudo aplicável a jovens no início de carreira — afinal ele começou por escrever para a filha enquanto esta ainda era adolescente. Ou seja, não é para quem tenha dívidas e queira livrar-se delas 3, mas sim para quem queira a resposta para “o que devo fazer com o meu dinheiro, sem grandes complicações e trabalho, para daqui a umas décadas estar financeiramente independente, só trabalhar se quiser (e poder escolher o meu trabalho de acordo com o que me faz feliz, sem estar tão preocupado com o que é que paga melhor)?” E o livro realmente desmistifica bastante a coisa: é mesmo possível investir em “piloto automático”, sem dedicar tempo nenhum a isso além do inicial (a abertura da conta de investimento).

Por outro lado, como disse acima, grande parte do livro está (talvez menos bem organizada, já que foi escrita post a post) no blog do autor, pelo que podem ler o mesmo e tirar de lá toda a informação. Mesmo assim, não me arrependo do que gastei no livro (ou, mais precisamente, no audiobook, lido pelo próprio Jim Collins).

Links (nenhum é de afiliado 4 para já, mas isso pode mudar no futuro; avisarei se tal acontecer):