Consumismo

Consumismo pode ter várias definições diferentes, dependendo do contexto (económico, sociológico, etc.), mas, para efeitos deste blog, vamos restringir-nos ao contexto das finanças pessoais. Com esta limitação, eu definiria consumismo da seguinte forma: a necessidade, algo patológica, de gastar dinheiro e/ou acumular bens materiais, fazendo depois pouco ou nenhum uso deles.

Consumismo/Rat Race
Fonte: Polyp.co.uk

Obviamente que não há só um tipo de consumismo, nem só uma causa para o mesmo. Mas diria que a típica pessoa consumista satisfaz um ou mais dos pontos seguintes:

  • associa directamente a sua felicidade à quantidade — e preço — das coisas que possui (e, se se sente infeliz, acredita sempre que a próxima compra é que vai fazer a diferença);
  • sente prazer em comprar coisas/”ir às compras”, independentemente de ir ou não dar uso às coisas compradas, por estar, de certa forma, “viciada” na sensação momentânea de ter uma coisa nova e/ou gastar dinheiro (o que faz a pessoa sentir que tem “poder de compra”);
  • compra coisas de que não precisa e/ou que não lhe interessam particularmente, só para competir com vizinhos, colegas, etc. (o chamado “keeping up with the Joneses“) — não se pode ter um carro “pior” que os colegas ou vizinhos, por exemplo, mesmo que isso implique mais dívidas;
  • relacionado: ajusta as despesas ao ordenado actual (já que, ganhando mais, é “obrigatório” subir o nível de vida — afinal, “se não o fizer, para que é que foi o aumento?“);
  • ainda relacionado: compra a casa e/ou carro (e possivelmente outras coisas) mais caros para os quais consegue crédito (ou seja, se ganhando X se consegue, no máximo, crédito para uma casa de valor Y, então é “impensável” comprar uma casa que custe abaixo de Y);
  • poupar é-lhe extremamente difícil: a tentação de comprar coisas novas (de que não se precisa) e/ou gastar dinheiro (para a pessoa se sentir melhor por momentos) é constante e fortíssima, e resistir a essa tentação é visto como um sacrifício;

Como “resolver” o consumismo? Obviamente que não sou psicólogo, sociólogo, etc. mas acho que o primeiro passo é admitir que ele é um problema — o que não é tão óbvio como isso, já que muita gente (ver o cartoon acima) cresceu a acreditar que isto é “a ordem natural das coisas”, que o objectivo da vida é ganhar mais (trabalhando mais horas, se necessário, e dessa forma ignorando família, amigos, ou o próprio tempo livre/lazer/descanso/saúde) para comprar mais e mais coisas, repetindo até à morte por velhice — ou, mais provavelmente, por problemas cardíacos. Se no meio disso todo sentimos que falta algo na nossa vida, é só convencermo-nos de que quando comprarmos a próxima coisa é que seremos finalmente felizes.

Admitindo que existe de facto um problema, e querendo resolvê-lo (nada disto é garantido, mais uma vez), o passo seguinte será desassociar “prazer” e “gastar dinheiro” (ou “ter coisas novas”). Isso passa por olhar a sério para o prazer que tiramos das várias coisas na vida, por admitir que o prazer de comprar coisas (sobretudo coisas que depois não se usam) é momentâneo, e que há alegrias muito melhores na vida, sem ser “comprar mais”. Passa também por ganhar auto-estimaauto-confiança, de forma a estas não estarem dependentes da opinião dos outros sobre nós, o que nos liberta da “necessidade” de os impressionar com as nossas posses. Passa por visualizar o dinheiro como “tempo e energia de vida“, que eventualmente têm um fim, em vez de algo que se renova eternamente todos os meses — algo que, portanto, é limitado e precioso, e que por isso deveria ser usado para conquistar felicidade a sério, em vez de ser desperdiçado em acumulação de “tralha” — seja por prazeres efémeros, seja para impressionar pessoas fúteis, seja para “enganar” a auto-estima.

“Poupança”, e os vários significados da palavra

Vi há dias um post no blog “A teia dos 20 mais x!” que linkava para um artigo: Taxa de poupança das famílias diminui no 1º trimestre, e — talvez por ter alguma tendência para ser demasiado literal — a primeira coisa que me veio à cabeça foi: “quer dizer que as pessoas estão a desperdiçar mais dinheiro“?

É claro (pensando uns segundos) que não é esse o significado; quer dizer apenas que estão a pôr menos dinheiro (relativamente aos rendimentos) em poupanças/contas de poupança. Mas fiquei a pensar em como o termo “poupança” pode ter vários significados; por exemplo:

  1. redução de gastos (corte de despesas desnecessárias, redução de outras, etc.);
  2. dinheiro posto de parte todos os meses (em envelopes, contas poupança, index funds ou outros investimentos, etc.)

Se eu participasse no inquérito que serviu de base para a notícia acima mencionada, apesar de ter feito bastante do ponto 1. (reduzi imenso várias despesas, sobretudo gastos “consumistas”, entretenimento, etc., além de ter cortado em várias despesas mais básicas/essenciais), eliminei nos últimos meses todos os tipos de poupança-de-acumulação enquanto não pagar (pelo menos) a totalidade dos cartões de crédito, por isso, pela definição 2., estou a “poupar” zero já há uns meses.

Portanto, a hipotética frase (algo sensacionalista, e eu sei que o artigo em si não diz exactamente isso) “ah e tal, os portugueses poupam cada vez menos” aplicar-se-ia a mim? Não sei; parece-me haver aí um pequeno julgamento de valor, tipo “se não poupas (as in todos os meses contribuir para uma poupança), és um consumista chapa-ganha-chapa-gasta“. Mas às vezes a poupança é de outro tipo, mais relacionada com a frugalidade e menos com a acumulação.

Incidentalmente, voltei a ler (para ser exacto, desta vez foi ouvir o audiobook) o livro “The Richest Man in Babylon”, e uma parte do mesmo refere-se ao pagamento de dívidas (de um personagem que, depois de fugir das mesmas, até passou uns tempos como escravo longe dali), e o plano que ele faz, e segue, inclui viver com 7/10 dos rendimentos, usar 2/10 para pagar dívidas (depois de falar com cada um dos credores e combinar com eles um pagamento lento mas regular de cada dívida — essa parte também é interessante noutros aspectos, incluindo a reacção dos vários credores, mas elaborarei mais isso quando falar do livro para os livros recomendados), e, por último, 1/10 para “guardar para si próprio” — ou seja, poupar (no sentido 2., do início do post).

Eu, no entanto, não estou a fazer isso, como já mencionei aqui no passado, já que 1) numa emergência séria tenho uma família que me poderá ajudar, 2) o emprego é estável e seguro (e tenho ofertas regulares no LinkedIn de outros sítios, caso precisasse), e, talvez o mais importante: 3) o dinheiro ainda devido gera juros, que pelos vistos não existiam na Babilónia antiga (o livro não os menciona, pelo menos nesse capítulo). 🙂 Cada mês a mais com dívidas de cartões de crédito é um mês em que desperdiço umas boas dezenas de euros (e já chegaram a ser bem mais de uma centena), pelo que neste momento prefiro mesmo pagar os ditos tão depressa quanto possível, mesmo que isso signifique que, para todos os efeitos, não há poupanças (pelo menos até Novembro ou isso).

Hmm, este foi dos posts mais “divagantes” que já aqui escrevi. 🙂 E, não, isto não é ainda o post (sobre poupança) para a série de conceitos.

As minhas poupanças (mensais e anuais) desde que comecei a levar estas coisas mais a sério

Algo que já foi mencionado aqui uma vez ou outra (tanto por mim como em alguns comentários) é o facto de ser útil, ao considerar uma poupança/redução de custos mensal, pensar nela também anualmente. Ou seja, uma redução de (relativos) “trocos” todos os meses, quando multiplicada por 12, já dá, muitas vezes, um valor “palpável” — sobretudo se se somar várias poupanças semelhantes.

Já referi aqui também (por exemplo, neste post) algumas dessas poupanças mensais que implementei para o futuro, em geral cortando coisas (assinaturas, etc.). Mas, hoje, quis ir mais longe e criar uma tabela de todas essas reduções — e respectivos totais poupados por mêspor ano –, incluido algumas coisas que cortei mesmo antes de começar o OvelhaOstra. For extra fun, incluo também as reduções em jogoscompras em app stores, depois de somar todas as despesas em ambas as áreas em 2017 1 e dividir por 12 para obter uma média mensal. Sim, os totais aí são um bocado assustadores. 🙂

CORTE DINHEIRO POUPADO Depois de começar o blog?
Serviços de telecomunicações pouco usados 21,00 € X
Assinatura do servidor p/ estatísticas 20,00 € X
Assinatura de 3 revistas no Kindle 6,00 € X
Assinatura Big Fish Games 7,00 €
Assinatura Humble Bundle Monthly 11,00 €
Patreon (redução mensal) 15,00 €
Jogos (Steam e PSN) (média mensal de 2017) 56,00 €
Compras App Store (Apple) + Play Store (Android) (média mensal de 2017) – incluía assinatura do Marvel Puzzle Quest, já mencionada no passado 38,50 € em parte
Total poupado mensalmente 174,50 €
Total poupado anualmente 2 094,00 €

Não apresento isto para me gabar — muito pelo contrário, até tenho alguma vergonha de ter sido tão consumista no passado. 🙁 Mas, ei, há que seguir em frente, aprender com os erros, pensar positivo, e essas coisas todas, e, segundo a tabela acima, a minha poupança anual (em relação a 2017, se bem que parte destas mudanças só tiveram início alguns meses depois do início de 2018 — umas mais cedo, outras só este mês), só em gastos “regulares”, é superior a 2000€, o que (pelas pesquisas rápidas que acabei de fazer) é mais do dobro do ordenado líquido médio em Portugal. Vendo a coisa de outro ângulo: a partir do meio deste ano é como se me tivessem aumentado em 175€/mês. Líquidos.

E nada disto constiuiu um esforço colossal, ou um sacrifício enorme. Muito pelo contrário, actualmente nem sinto a falta do que cancelei (excepto, muito ocasionalmente, pequenas curiosidades tipo “como é que será este jogo?“, mas depois lembro-me dos milhentos que ainda tenho por jogar 🙂 ), e tudo isto deixa-me mais optimista em relação ao futuro — afinal, fui “aumentado” em 2000€/ano. 😀 De resto, espero que este post mostre bem como cortar em pequenas coisas regulares pode fazer uma diferença, ao longo do tempo, bem maior do que se poderia pensar.

(NOTA: esta é a primeira tabela que faço neste blog, por isso não faço ideia se ela aparecerá bem a todos, sobretudo a quem estiver a ler num leitor/agregador de feeds. Se aparecer ilegível, podem sempre tentar ler mesmo no blog. Qualquer coisa, digam.)

Sugestão: pagar tudo com cartão

MultibancoImagino que esta sugestão não seja, para já, muito popular, pelo menos segundo o que leio nos vários blogs portugueses que actualmente sigo (cujos autores/as parecem preferir formas mais “artesanais” de gerir estas coisas — e não vejam isto como uma crítica, OK?), e também por ir em parte contra a sabedoria popular relativa a estas questões. Mas, se quiserem saaber porque é que actualmente sou apologista de pagar tudo com cartão (ou pelo menos tanto quanto for possível), podem continuar a ler. 🙂

Primeiro, listo as razões que em geral ouço/leio para se preferir pagar em dinheiro:

  1. faz o dinheiro gasto parecer mais “real”, mais “a sério”, por estarmos a entregar ao comerciante algo físico que nos sai da carteira, em vez de apenas passarmos ou inserirmos um cartão numa maquineta e sabermos que, já bem longe, um certo valor diminui um pouco. Isto, supostamente, faz com que tenhamos mais atenção ao que gastamos;
  2. permite fazer coisas tipo “levanto 20€ no início da semana e restrinjo os gastos durante a mesma ao que tenho na carteira“;
  3. associado ao anterior: permite ter um sistema de envelopes físicos.

A minha resposta a essas 3 razões é simples: 1) questão de mentalização (o que conta não é o papel, é o valor na conta); 2) como já disse várias vezes aqui (ver o post dos envelopes, e os vários comentários — meus e não só — no mesmo), não acredito mesmo nessa ideia de “esconder (ou tornar menos acessível) o dinheiro de nós próprios“, acho que demonstra falta de auto-controlo, como se fossemos ocasionalmente dominados por uma “força” que nos obriga a fazer coisas que não queremos (como o Ricardo diz neste comentário, ter 20€ ou 200€ na carteira não deveria afectar minimamente o que gastamos), e 3) no post acima linkado explico porque é que não sou fã desse sistema.

Mas isso são só razões contra uma preferência. Porque é que tenho a preferência oposta? Porque estou convencido de que o primeiro passo para gerirmos melhor as nossas finanças é saber-se exactamente para onde está a ir o dinheiro (parece algo básico, mas muita gente não faz ideia, ou só julga que sabe — sobretudo se parte das coisas é paga em dinheiro, outra parte com cartão, etc.), e que ser tudo feito de forma electrónica torna isso ridiculamente mais fácil, sendo somente questão de nos familiarizarmos com o(s) sistema(s) de homebanking (ou extractos bancários, para quem tenha gostos peculiares). Permite, por exemplo (e repare-se que me refiro somente a olhar para movimentos; nem sequer estou a considerar aqui em softwares de finanças pessoais tipo Boonzi 1):

  • obviamente, saber exactamente quanto dinheiro sai (e entra), no total, todos os meses (anos, etc.);
  • saber exactamente quanto dinheiro gastámos em X (restaurantes, gasolina, supermercado, etc.) em determinado período (ex. último mês) — sim, tudo isto é possível fazer “à mão”, mas torna-se muito mais fácil se não tivermos de despender tempo e esforço a inserir dados (num Excel, numa folha de papel, etc.) todos os meses;
  • ver (e fazer gráficos, se estivermos para aí virados) a evolução dos vários tipos de gastos, mês após mês;
  • ter acesso rápido aos pagamentos anuais (seguros, IMI, etc.) — datas, e valores habituais/do ano passado — de forma a poder-se facilmente antecipar os próximos;
  • não ter de andar a guardar talões das lojas (ou apontar coisas) para se saber todas as despesas/compras em detalhe;
  • fazer os posts dos gastos semanais em poucos minutos (é só abrir os movimentos da conta, do cartão de crédito, e do cartão de refeição). 🙂

E isto é menor, mas… não uso uma caixa Multibanco há meses (gestão e pagamentos são pelo homebanking, e o dinheiro na carteira dura meses — só o uso às vezes na mercearia ao pé de casa). Como já devem ter reparado, detesto estar em filas. 🙂

Nota: quando digo “cartão”, refiro-me tanto a um cartão de débito (ex. Multibanco), como a um cartão de crédito (Visa, etc.), desde que este último seja sempre pago a 100%, de forma a não criar juros. Cartões de crédito não são inerentemente “evil”; usá-los para comprar o que não podemos (ou queremos) pagar agora, isso sim, é bem “evil” 2.

Sistema de envelopes: porque é que não o uso

O sistema de envelopes tem várias variantes, mas em geral implica guardar, nos referidos envelopes (que não têm necessariamente de ser envelopes físicos), o dinheiro que se prevê ser necessário para as várias despesas (ou categorias de despesas) do mês (bem como algumas despesas semestrais ou anuais, como determinados impostos, seguros, etc.):

  • contas da casa
  • supermercado
  • transportes
  • pagamento de prestações, créditos, etc.
  • lazer/”loucuras”
  • imprevistos/emergências
  • parte de cada uma das tais despesas semestrais ou anuais.

Em geral, quem usa este sistema fá-lo por duas razões diferentes:

  1. Organização: para que uma pessoa nunca se “perca”, nunca deixe de ter o dinheiro necessário para as várias despesas (regulares e não só), por exemplo por gastar mais do que devia; desta forma, é garantido que elas são sempre pagas, que uma pessoa nunca leva com multas por atraso nos pagamentos, etc.;
  2. Poupança: a ideia é que, ao alocar o dinheiro aos vários envelopes (para cada tipo de despesa), esse dinheiro é como se fosse “escondido” de nós, como se ficasse indisponível desde o primeiro dia. Além disso, ao alocar-se um envelope para “lazer” (ou “prazer”, ou “loucuras”, ou como lhe quiserem chamar), isso implica, supostamente, que esse tipo de gastos está limitado a um valor relativamente pequeno.

Este sistema é relativamente popular, pelo que tenho visto (por exemplo, ver aqui, ou aqui, ou aqui). Mas… eu não o uso, nem acho que seja bom para mim (não estou, de forma alguma, a criticar quem o segue!), e passo a explicar porquê:

  1. sugere que a pessoa tem pouco auto-controlo e precisa de “esconder” o dinheiro de si própria de forma a não o gastar. Eu sou grande apologista de que mudar comportamentos e hábitos é difícil, mas que, se mudar primeiro a “cabeça”, os comportamentos e hábitos virão naturalmente. Neste caso — e não digo isto para me “gabar”; quando muito é um contrabalanço de décadas anteriores de consumismo idiota — desde há uns meses para cá que acho que finalmente consegui — pelo menos para já — “desligar o consumismo”; se neste momento me oferecessem 1000€, o meu primeiro pensamento seria “de qual dos cartões reforçar o pagamento?“;
  2. torna mais difícil o “tracking”/análise posterior dos gastos, já que não fica automaticamente registado nos movimentos da conta bancária para onde é que cada parte do dinheiro foi;
  3. ao atribuirmos X€ para lazer/”desperdiçar” (em geral, em pequenos prazeres temporários, e/ou para satisfazer o consumismo) todos os meses, de certa forma garantimos que em cada mês “desperdiçamos” X€ (Acontece algo parecido em geral nas empresas: se um departamento tem um orçamento de Y€ para o ano, é garantido que gasta pelo menos Y€ nesse ano — até porque, se não o fizer, para o ano o orçamento será menor.). Ou seja, quase que se garante, dessa forma, que não melhoramos os nossos hábitos. Não tenho nada contra gastar dinheiro mensalmente em entretenimento — eu próprio tenho uns comics que assino, mais o Google Play Music, o Netflix, a assinatura do Audible, etc. –, mas são coisas específicas, que entram individualmente no plano (ver ponto 4)… não sei, acho que dizer “50€ para lazer/loucuras/disparates/etc.” é dizer “não quero nada específico, mas preciso de gastar dinheiro“;
  4. acho que há formas melhores de organizar a coisa, e que não têm as desvantagens dos 3 pontos anteriores. No meu caso, uso uma simples folha de cálculo, uma por mês, em que ponho o dinheiro com que começo (restante na conta + ordenado + lucros dos sites), depois especifico (e retiro o valor de) todas as despesas fixas obrigatórias, incluindo prestações dos créditos pessoais — e incluo também as várias assinaturas (comics, etc.), que mencionei no ponto 3, aqui –, e vejo quanto posso usar para pagar os vários cartões de crédito. Guardo (tipo “não lhe mexer”, não preciso de levantar e pôr num envelope 🙂 ) sempre alguma coisa para possíveis emergências, mas sempre com a ideia de isso chegar até ao fim do mês seguinte sem ser tocado. E não tenho, actualmente, quaisquer pensamentos de “sobra dinheiro, deixa ver que jogos/livros/etc. posso comprar” — neste caso específico, porque tanto livros como jogos já estão limitados (os primeiros a um por mês sobre finanças ou desenvolvimento pessoal, os segundos — pelo menos até fazer anos, no fim de Julho — aos dois que já mencionei aqui várias vezes). Além de que o dinheiro não “sobra” — já tem para onde ir — enquanto temos dívidas.

E é isto. Espero não ter ofendido ninguém — não estou mesmo a criticar quem se dá bem com os envelopes, OK? 🙂 Apenas a partilhar porque é que não sou fã deles, e qual a forma que comigo funciona melhor. Se isto der ideias a alguém, fantástico. 🙂

Objectivo inicial: chegar à falência…?

Sim, o título é intencional, é para se perguntarem se foi desta que descarrilei de vez. 🙂

Ao ouvir ontem este episódio do podcast Bigger Pockets Money (que, já agora, será o primeiro dos “podcasts recomendados”, quando iniciar essa série), achei intrigante o conceito que um dos convidados mencionou: que “conseguiu chegar à falência aos 32 anos” (ele não é muito mais velho que isso, que eu saiba).

A piada da coisa aqui é a definição de “falência”, ou “estar falido” que ele usa: não é, obviamente, a definição legal (tipo “abrir falência”), é apenas não ter nada, no sentido de activos (aqui limitando-se a poupanças e investimentos — ver nota no fim) menos passivos (dívidas). Ou seja, foi com essa idade que ele finalmente acabou de pagar os empréstimos estudantis (que totalizavam $168.000… ouch!). Ao terminar o pagamento, mas ainda sem activos significativos, ele teve, por um curto período, para todos os efeitos, zero. É como se estivesse “falido” — o que é bem melhor do que ter dívidas.

É uma forma curiosa de pôr as coisas, não é? No meu caso, por exemplo, se me oferecessem cerca de 34.000€… ficava “falido”. 🙁 Enfim, lá chegarei. E isso é só o início, é claro — mas vou tentar guardar para a posteridade o momento em que, subtraindo os meus passivos aos meus activos, tenha… nada de nada. 🙂 E a partir daí é que as coisas ficarão interessantes…

(Nota: não estou a contar com coisas tipo a casa, que tenho paga; nisto concordo com o Robert Kiyosaki (autor do Pai Rico, Pai Pobre), que considera que só contam como activos 1) dinheiro (incluindo poupanças e investimentos) ou 2) fontes de rendimento (ex. uma casa nossa, arrendada); a casa de habitação primária, mesmo estando paga, é considerada uma fonte de despesas.)