As vantagens de ter investimentos 100% automáticos

Depois dos meus dois últimos posts1 sobre este tema, podem perguntar-se porque é que estou a dar tanta importância (e dou) ao facto de ter agora a capacidade de ter (e manter, indefinidamente) investimentos 100% automáticos. Ora, as minhas razões são:

  1. evitar esquecimentos. Se é automático, então não precisamos de nos lembrar, o sistema faz tudo sozinho nos dias agendados;
  2. contornar a preguiça. Não é de menosprezar — em vez de ter de ir ao site do banco fazer uma transferência, esperar 1-2 dias úteis, e depois ir à corretora escolher as acções/ETFs a comprar (ou, idealmente, seguir um plano já existente, em vez de ter de decidir na altura), tudo acontece quando está agendado acontecer, e só sou avisado (e podia nem ser, mas sou sempre curioso 🙂 ) quando já aconteceu. Talvez seja em parte por ser administrador de sistemas há décadas, mas acredito que automatizar tarefas repetitivas é sempre algo positivo, que nos deixa mais tempo e energia (mental e não só) para o que realmente importa;
  3. usar a inércia a meu favor. Neste momento tenho zero trabalho para investir — garantindo assim que a cada mês tenho um pouco mais do que no anterior –, mas para parar de investir já teria um pouco de trabalho — ou seja, estou a usar a minha preguiça para benefício próprio 🙂 ;
  4. evitar tentações e/ou desvios do plano. Este é, talvez, o ponto mais importante para mim, e em grande parte a razão deste post. Uma coisa que noto em vários grupos da comunidade FIRE2 é que muitos investidores sentem um constante e imenso terror em relação à hipótese de estarem a “comprar caro” — se as bolsas têm subido, acham que comprar agora não é boa ideia, e que é melhor esperar que desçam um pouco primeiro.
    Compravas agora?
    Compravas agora? 🙂

    Mas isso quase nunca é boa ideia — a tendência dos mercados a longo prazo é sempre subir –, e acaba por ser uma forma de tentar “cronometrar o mercado” (market timing), o que é de se evitar ao máximo se estamos numa perspectiva de crescimento a longo prazo3 — afinal, “time in the market beats timing the market.” Depois há outros tipos de tentações não relacionadas com os mercados, como por exemplo o querer-se comprar alguma coisa, para a qual não há dinheiro este mês, mas se este mês não investisse nada (ou seja, se não me pagasse a mim mesmo primeiro, mas sim à loja onde quero fazer a compra), até já seria possível… O automatismo, nestes casos, impede que sejamos prejudicados pelos nossos medos, ou pela nossa impaciência e impulsividade.

Investimentos Automáticos (DEGIRO), parte 2

Continuando da parte 1:

Como é que esta ferramenta (que para já não tem nome — pensei em “DEGIRO Automator”, mas se algum dia partilhar isto com alguém e/ou publicar uma versão “para consumo geral” na net, terei de arranjar um nome mais inventivo) funciona, então?

degiro-logoMuito por alto: tenho configurada uma lista de acções e ETFs a seguir na DEGIRO, e a ferramenta tenta mantê-los equilibrados tanto quanto possível, fazendo apenas compras (isto é, nunca vende nada). Para já é mesmo “equilibrados”, ou seja, compra sempre o que está mais baixo (juntando várias unidades da mesma acção/ETF de forma a fazer o menor número de compras), ou, se alguma vez estiverem todos exactamente iguais, compra simplesmente uma unidade do primeiro da lista, e a partir daí já sabe o que fazer (os outros membros da lista estarão mais baixos).

Por outras palavras, se seguir 4 acções/ETFs, a tendência será, a longo prazo, ficar cada um com 1/4 do dinheiro investido. Se forem 5, 1/5, e assim por diante.

Desde o início que penso que eventualmente seria interessante dar a possibilidade de configurar proporções diferentes para cada açcão/ETF (ex. 10% deste, 30% deste, e 60% deste), mas para já ainda não implementei isso — neste momento, para o meu tipo de investimento, isso não é ainda necessário. Mas um dia destes programarei essa possibilidade, claro — nem que seja pelo desafio da coisa. 🙂

Um à-parte: “equilíbrio” pode aqui ser visto de duas formas: equilibrar o valor actual das várias acções/ETFs (ex. se dois começam iguais, mas um sobe e outro não, então o que não subiu está mais baixo e vai ser preferencialmente comprado na próxima vez), ou equilibrar o valor gasto para comprar os mesmos ETFs/acções (ignorando se depois sobem ou descem). Estou a fazer da primeira forma aqui… mas, só para complicar, para as criptomoedas, para as quais já tenho uma ferramenta parecida (posts futuros), equilibro da segunda forma. Penso que o que me veio à cabeça na altura era tentar ser menos afectado pela volatilidade, mas na prática não acho que a diferença entre os 2 métodos seja enorme.

E, basicamente, é isto, a correr todos os dias pelas 15h (hora em que apanho abertas tanto a New York Stock Exchange (NYSE) como a Euronext Amsterdam (EAM), onde tenho as acções e ETFs, respectivamente). Apesar de a acção mais barata que sigo custar abaixo de 10€, tenho a ferramenta configurada para nunca fazer nada se tiver menos de 50€ disponíveis na DEGIRO, de forma a evitar compras “a conta-gotas” (por exemplo, por ter recebido algum dividendo a meio do mês, se bem que se um dia eles forem “palpáveis” quero efectivamente reinvesti-los logo, daí isto ser diário em vez de correr apenas no fim de cada mês). Depois, no banco, tenho automatizada uma transferência para a DEGIRO no dia 25 de cada mês (normalmente recebo a dia 21) de um valor fixo. E, claro, tenho uma página web (só para uso pessoal) que, em conjunto com um script que vai buscar, de X em X horas, os valores actuais à DEGIRO e aos sítios onde tenho as criptomoedas, faz um gráfico todo bonito da evolução dos vários investimentos e do total deles, diz quanto ganhei/perdi hoje e desde que comecei a recolher histórico, etc.. 🙂

Como mencionei no post anterior, além de ainda não ter implementado a possibilidade de dar “pesos” diferentes a diversos investimentos (para já, tenta pôr todos iguais), uma limitação disto é que obriga a desligar a autenticação de 2 factores (2FA) na DEGIRO, já que eles (ainda?) não disponibilizam uma API a sério. Em vez disso, como disse antes, tenho uma password “enorme” (para aí uns 20 caracteres) que não uso em mais lado nenhum, pelo que é virtualmente impossível de ser adivinhada — a única forma de me acederem à conta seria se a própria DEGIRO fosse “hackada”, mas nesse caso extremo nem o 2FA ajudaria muito. Ou isso ou.. bem, isso não interessa agora. 😉 Anyway, a ver se um dia implementam uma API como deve ser, e nesse caso poderei ligar outra vez a 2FA *e* ter o meu servidor a fazer pedidos que usam chaves únicas que não incluem o username e password, e estão limitados só ao IP do mesmo.

Em termos do que é necessário para isto funcionar, no meu caso é somente um servidor Linux com PHP e MariaDB. Imagino que funcionasse em Windows (com PHP e MySQL/MariaDB) também, com pequenas alterações. Mas, para já, isto não serve mesmo para consumo de outros (excepto talvez familiares, se algum dia conseguir convencer algum de que não sou completamente maluco 🙂 ). Por exemplo, toda a configuração é feita editando scripts; não tenho nada “user-friendly” como uma página de configuração com opções e afins. Mas, para uso pessoal, funciona bem.

E quanto ao portfolio que tenho/sigo? Talvez um dia destes o partilhe aqui, mas não é nada do outro mundo — 3 ETFs para crescer, e 9 acções para dar dividendos (sendo estas escolhidas de forma a eventualmente receber dividendos todos os meses1, se bem que os que recebo normalmente ainda só têm um dígito…). Na comunidade FIRE portuguesa há em geral uma enorme aversão a receber dividendos, já que estes pagam impostos (e não há nada que o português típico odeie tanto como pagar impostos — uma ideia que vi num livro recentemente lido que acho que se aplica aqui é que neste país não vemos impostos como um custo ou taxa, mas sim como uma multa (e estas são, é claro, para se evitar sempre, e sentimo-nos mal (e estúpidos) se levamos com uma) — preferem normalmente investir num só fundo acumulativo (que reinveste os dividendos automaticamente em vez de os disponibilizar ao investidor2), como o IWDA ou VWCE. Talvez isso até seja mais eficiente a longo prazo, mas no meu caso quero mesmo eventualmente chegar a um ponto em que possa viver dos dividendos; até lá, eles são reinvestidos automaticamente pela minha ferramenta, juntamente com o que lá chega das transferências mensais automáticas. A este ritmo (até porque, como estou a poupar para amortizar o crédito, as transferências são relativamente pequenas), ainda vai demorar uns anos até os dividendos serem apreciáveis… mas grão a grão, e essas coisas. 🙂

Investimentos Automáticos (DEGIRO), parte 1

Gráfico

Quando, há uns anos, falei aqui do livro The Automatic Millionaire, de David Bach, mencionei os 3 principais pontos do livro, dos quais os últimos 2 são:

  1. paga-te a ti próprio primeiro; e
  2. torna-o automático.

O nº 2 já é bem conhecido, tanto aqui como em (diria) mais de 90% dos livros, blogs, vídeos, cursos, etc. sobre literacia financeira. Mas o nº 3 não é, na minha opinião, menos essencial, e, a meu ver, temos menos ferramentas para o fazer cá por Portugal, em comparação com países como os EUA, em que não só podes fazer com que o teu empregador transfira automaticamente (fazendo retenção na fonte) uma percentagem do que ganhas para um 401(k), normalmente até com um bónus contribuído pelo empregador, como também há serviços como a Vanguard, com quem se abre contas lá e depois é só agendar transferências automáticas.1

Por cá, há menos, pelo menos em termos de bolsa, tanto quanto sei. O ideal, a meu ver, era haver uma “conta de investimento” para cada pessoa, para a qual se agendariam transferências periódicas a partir de uma conta nossa, provavelmente aquela onde recebemos o ordenado (normalmente de forma mensal, uns dias depois de se receber), e tudo o que caísse nessa “conta de investimento” era automaticamente investido, de acordo com regras definidas por nós (ex. tudo neste único ETF; ou 70% neste, 20% naquele, e 10% naqueloutro). Ou seja, depois de se ter isso configurado, tudo o que seria preciso é ir uma vez ao site do nosso banco, e configurar uma transferência de X€ para essa tal conta, a repetir-se automaticamente, uns 3 dias depois do dia em que se recebe (para cobrir quaisquer atrasos). Dessa forma, fica tudo automatizado, sem termos de voltar a mexer um dedo — a não ser que as nossas circunstâncias de vida mudem (para melhor, espera-se) e se queira alterar o valor investido mensalmente.

Sim, em grande parte isto descreve um robo-advisor. 🙂

Ora, para quem cá ande desde o início, talvez se lembrem que cheguei a usar um serviço que funcionava basicamente assim, e que aceitava (e aceita, pelo que sei) clientes portugueses: o ETFmatic. Mas deixei de usar (e levantei tudo o que lá tinha, sem problemas), há uns anos, por achar algumas coisas suspeitas, como o site ter deixado de ter actualizações (excepto cosméticas), todos os posts no LinkedIn e Facebook serem a mesma meia dúzia em repetição (todos já com alguns anos), e outras coisas que me fizeram suspeitar que a empresa não ia durar muito. (Pelos vistos estava enganado, já que ainda dura, mas não tenho experiência com eles desde então). Desde então, os meus investimentos (em termos de bolsa) são na DEGIRO.

Sendo assim, lá para Abril decidi tentar inventar uma coisa parecida, para uso próprio (e para já sou mesmo só eu a usar). Parte da ideia veio de um post no Medium.com, em que alguém faz algo semelhante (no caso dele até mais avançado, já que ele consegue detectar quando recebe dinheiro na conta bancária, mas os bancos portugueses não abrem esse tipo de coisas, para já…), até com mais alguma complexidade do que acabei por fazer. Desde aí investiguei mais, já que a DEGIRO não tem uma API documentada (basicamente, uma forma “oficial” de o site ser acedido por programas, de forma automatizada — por contraste, a maior parte das correctoras de criptomoedas fornecem isso), mas *tem* métodos para acesso automatizado (ou seja, está mais ou menos no meio entre bancos portugueses, com os quais não se faz nada, e correctoras de criptomoedas, que permitem fazer isso tudo de forma segura, e têm isso documentado).

Resumindo a ideia:

  1. No banco, configuro uma transferência automática para a correctora (neste caso, a DEGIRO), de X€, no dia 25 de cada mês (costumo receber uns 2-3 dias antes);
  2. A minha ferramenta vai periodicamente (neste momento faço-o todos os dias da semana) à DEGIRO e vê se tem lá dinheiro acima de Y€ (para evitar compras “a conta-gotas”) e, em caso afirmativo, faz as compras que puder, de acordo com uma configuração definida por mim.

Comecei por procurar se já havia alguma coisa que fizesse exactamente o que eu queria, mas tudo o que encontrei para aceder à DEGIRO, além de fazer muito mais coisas do que quero (para isto), é tudo em linguagens de programação e/ou frameworks das quais, infelizmente, não sei praticamente nada (Node.JS, Python, etc.). Desta forma, pude ver como é que os pedidos à DEGIRO têm de ser feitos (em termos de URLs, conteúdo dos POSTs e GETs (JSON, em geral), etc.), mas tive de programar isto de raiz, em PHP.

E está a funcionar! Desde Abril (com melhorias/correcções ocasionais, claro).

Mas este post já vai longo, por isso deixo para o próximo (mais uns dias) o “como” isto funciona (“como” em termos do processo, não vou aqui falar de programação 🙂 ), como tenho configurado (e como posso mudar isso no futuro), os resultados, o pequeno “senão” ao qual sou obrigado por a DEGIRO não ter uma API a sério (spoiler: é preciso desligar a autenticação de 2 factores. Contorno isso dentro do possível, usando uma password enorme e que não uso em mais lado nenhum, mas não sei se me sentiria descansado se tivesse lá, tipo, 100x o que tenho…), o que é preciso para isto funcionar (se bem que tenho dúvidas se alguma vez vou poder disponibilizar isto de uma utilizável de uma forma geral, ou até mesmo se haveria interesse — não estou interessado (nem considero viável, nem acho que o pudesse fazer, legalmente) em criar um site tipo ETFmatic, mas que pedisse às pessoas as credenciais da DEGIRO aos utilizadores, ou mesmo algo que o fizesse numa 2º conta na DEGIRO, em meu nome, e conseguisse gerir o que é que pertence a cada um — isso é daquelas coisas que não se faria sem um departamento legal 🙂 ), etc.

Stay tuned… 😉 EDIT: aqui está a parte 2.

Novidades (edição Dezembro de 2021)

Prometi ontem, e aqui vai. 🙂 Já andava há tempos para escrever alguma coisa aqui, mas tenho-o adiado por várias razões, como não ter propriamente grandes novidades (sobre o tema do blog) — e um dos grandes objectivos do OvelhaOstra era documentar o meu progresso, e o que vou aprendendo –, como talvez devido a algum síndrome do impostor, possivelmente causado por ler grupos no Facebook (ex. FirePT) onde vários membros estão bem mais “à frente” do que eu, e me fazem sentir que talvez não tenha assim tanto para partilhar que seja útil e/ou interessante.

Mas os recentes comentários mostram que ainda há algum interesse, e, de qualquer forma, escrever também é positivo para mim próprio: cria todo um “círculo virtuoso”, em que pequenas melhorias podem impulsionar outras pequenas melhorias, e a coisa vai-se tornando melhor e mais fácil com o tempo. 1 Além de que escrever sobre melhorias faz ter vontade de ter outras melhorias sobre as quais escrever. 🙂

Anyway, chega de preâmbulo. 🙂 Passando às novidades propriamente ditas:

  • Ainda trabalho no mesmo sítio, a ganhar o mesmo (estou a tentar que a 2ª parte mude nos próximos meses, e tenho mesmo intenção de, caso isso não aconteça no primeiro semestre de 2022, alterar a 1ª parte). O trabalho tem tido altos e baixos, mas o facto de continuar a ser remoto deixa-me mais tempo livre (o que é sempre bom), além de permitir poupar bastante em gasolina e refeições fora, naturalmente. Por outro lado, alguns stresses ocasionais (sobretudo em semanas em que estou “on call”) têm tornado isto mais doloroso do que anteriormente. E sinto-me um pouco estagnado neste trabalho, se bem que parte disso é sem dúvida culpa minha.
  • Não sinto falta de trabalhar presencialmente, ao contrário de muita gente que conheço. Sinto falta de almoçar com alguns colegas com quem normalmente o fazia, sim, mas a parte de trabalhar no escritório com outras pessoas ali ao pé… acho que dispenso mesmo. Para já continuo 100% remoto, como disse acima, mesmo tendo alguns colegas voltado ao escritório, até porque…
  • … a minha mulher está de baixa há cerca de um ano. Não vou obviamente entrar em detalhes, mas ela tem recuperado lentamente, estando muito melhor do que já esteve, mas ainda lhe custaria estar 8 horas por dia sentada à frente do PC, pelo que continua de baixa pelo menos por mais uns meses. Mas há de ficar tudo bem.
  • Em termos de progressos financeiros: o meu crédito já desceu abaixo dos 16000€. Amortizei 5000€ em 2020, mas desde então não o voltei a fazer, tendo apenas pago as mensalidades normais, automaticamente. Se não fizer nada, acaba em 2026, mas é claro que ainda quero “mexer-me” antes dessa data — pelo menos mais uma amortização em 2022. Tenho outros investimentos actualmente (acções/ETFs, que têm subido bem, e um pouco em criptomoedas (eu sei, eu sei, isso é mais especulação do que investimento, mas a tendência a médio/longo prazo tem sido sempre a subida, e de qualquer forma é só uma pequena parte do todo)), e o próximo post (hoje ou nos próximos dias, espero) é sobre como automatizei esses investimentos. Mas a ideia, agora em 2022, é focar-me mais em juntar dinheiro para mais uma amortização do crédito.
  • A soma da poupança e investimentos tem sido à volta de 25% do dinheiro que entra (uns meses um pouco mais, uns menos). Não é fantástico, mas ainda quero fazer melhor — sei que, quando acabar o crédito, chego aos 50% facilmente. E, como disse, quero mudar o foco mais para a poupança, outra vez, de forma a ver se me livro do dito crédito de uma vez por todas…
  • De resto, acho que em geral me tenho “portado bem”. Continuo sem dívidas no cartão de crédito (uso-o para serviços que assino e mais umas coisas, mas é pago a 100% automaticamente todos os meses, evitando assim quaisquer juros). Não fiz, acho eu, nenhuma compra “consumista” (as compras de entretenimento têm sido sobretudo ebooks e videojogos, e sem exagerar em nenhum). OK, comprei um PC novo, mas o antigo já tinha quase 10 anos. De resto, fomos de férias várias vezes este ano, depois de a minha mulher já estar suficientemente bem, mas ficámos sempre em casas de família, para não haver gastos de alojamento, e comemos quase sempre em casa. Felizmente, não houve nenhuma avaria que obrigasse a gastar dinheiro.

E isto já vai longo, por isso fico por aqui. 🙂 A seguir: investimentos automáticos (bolsa, criptomoedas, etc.).

Novidades!

Já cá não postava há algum tempo, não é? Desde Março, para ser exacto.

Primeiro, antes que perguntem: não, afinal não me casei em Abril, como estava planeado. 🙁 Duas semanas antes da data ainda pensava que seria possível, mas uma semana antes, pela razão que decerto imaginam, já se estava a ver que não iria dar — ou seja, talvez desse para me casar “no papel”, mas afinal isso é o que menos interessa, não é?

Para já estamos a apontar para Outubro como nova data, mas sinceramente parece-me muito pouco provável que seja este ano — mesmo que apareça aí uma vacina para o vírus, vai sempre demorar até ela estar devidamente disponibilizada e espalhada pelo mundo — não só em Portugal, como no sítio onde ainda esperamos ir de lua-de-mel.

Sem ser isso, a vida continua. Felizmente, sendo informático e podendo trabalhar remotamente, não tive de lidar com questões de layoffs e afins; tenho estado a trabalhar em casa desde Abril, e só voltei parcialmente ao escritório nesta semana. Se pudesse, continuava a trabalhar em casa permanentemente, mas as mentalidades portuguesas, mesmo na área em que trabalho, ainda são um bocado primitivas, tipo “as pessoas só trabalham com o chefe a olhar para elas“. Isto apesar de estarmos todos a trabalhar em casa há meses sem problemas…

Em termos financeiros, também não aconteceu nada “excitante”. Estar em casa reduziu as despesas habituais, naturalmente, e já tenho algum dinheiro (pouco mais de €2K) poupado para eventualmente amortizar o crédito, se bem que quero sempre ficar com uma parte desse valor (estou a apontar para uns 500€) para servir de fundo de emergência (para o caso de o carro ou algum electrodoméstico se avariarem, por exemplo). Entretanto, o crédito foi-se pagando automaticamente, estando já na ordem dos €24K — se não lhe fizesse nada, estaria pago em uns 6 anos, mas claro que vou fazer. Nos próximos meses, vou tentar aumentar a poupança mensal para um valor bastante maior do que tem sido habitual  (100-200€), e antes do fim do ano haverá sem dúvida (a não ser que alguma coisa catastrófica aconteça) uma amortização razoável — a primeira de várias.

De resto, tenho lido pouco sobre o assunto — blogs quase nada (sorry!), se bem que espero corrigir isso nos próximos tempos, e livros têm sido poucos. Comecei há dias a ler este: Passive Income, Aggressive Retirement, e estou a gostar — tem umas boas ideias sobre como criar fontes de rendimento passivas — e não, não são todas à volta de imobiliário, como às vezes parece ser o caso tratando-se de autores americanos 🙂 –, se bem que implicam sempre algum trabalho inicial, naturalmente (ex. escrever e publicar um livro). A ver se quando o acabar partilho aqui um resumo do que aprender com ele.

Casamento! (e mais algumas divagações)

Admito, é um título um bocado repentino! 🙂 Mas, sim, a grande novidade (que também é um bocado a justificação para já não escrever aqui há uns tempos) é que me vou casar (pela 2ª vez na vida; parece que não aprendo 😉 ), no início de Abril (e não, não é dia 1, por isso até é verdade 🙂 ).

E, como disse, é em grande parte por isso (mas não só — há também o trabalho, no qual por alguma razão insistem que preste atenção e faça coisas 😀 ) que ando “distraído” e já não há aqui novos posts há algum tempo. Nem sequer tenho lido grande coisa sobre finanças pessoais, investimentos e afins — o tempo e “disponibilidade mental” são escassos… espero voltar a fazê-lo mais depois da lua de mel.

E, sim, eu podia ter aproveitado isto para fazer um grande artigo — ou série de artigos — sobre como poupar num casamento, mas… lá está, para mim pode ser o segundo (e, espero, último) casamento da vida, mas para ela é o primeiro, e acho que ela tem direito a ter algo “especial”, como sempre sonhou. Além de que, de certa forma, já se está a poupar — exagerando um pouco, por mim era um almoço de família e amigos próximos, por ela era um casamento como os príncipes de Inglaterra 🙂 , e desta forma arranjámos mais ou menos um meio termo; não prescindimos das coisas “típicas”, mas para cada uma procurámos a alternativa mais barata (mas mantendo-se boa), em vez de aceitarmos a primeira ou segunda sugestão que nos apareceu à frente. Rejeitámos várias propostas que ficavam por centenas ou milhares(!) de euros a mais do que aquilo que acabámos por escolher. E nenhum de nós vai contrair um cêntimo que seja de dívidas (se bem que o facto de as famílias terem ajudado faz uma enorme diferença aí, é claro).

(Antes que pensem “mas ele vai casar-se com uma pessoa mais gastadora que ele?“, não é esse o caso. Ela é bem mais forreta do que eu em várias coisas, eu sou noutras, mas nenhum de nós se deixa levar por inflação do estilo de vida, comprar coisas caras para impressionar outros, etc.. )

De resto… e isto é só numa de “tanto quanto sei”…  o Covid-19 é uma coisa séria. 🙁 O problema de muita gente (e que noto parecer aplicar-se ainda mais aos portugueses do que à população mundial em geral) é pensar de forma muito “binária”; num caso destes parece que só existem duas posições: o “isto não é nada!“, e o “é o fim do mundo, vamos morrer todos disto!!“; parece que não há espaço para se levar algo a sério sem se entrar em pânico, o que é obviamente o que sugiro aqui. A minha noiva já vai passar a trabalhar remotamente a partir dos próximos dias; vamos ver se na minha empresa fazem o mesmo. Até lá, a vida continua. Evitem grandes ajuntamentos, trabalhem de casa se o vosso trabalho e empregador o permitirem, e lavem as mãos regularmente (coisa que incrivelmente parece ser novidade para muita gente, a julgar pelos sabonetes e desinfectantes esgotados nos supermercados…).

Em termos financeiros: sim, as acções estão há vários dias em saldo, graças ao vírus. Se têm algumas, espero que não tenham entrado em pânico e vendido as ditas com prejuízo (isso é em geral o pior que se pode fazer) — pelo contrário, será altura de comprar mais, se isso vos for viável. Ou, pelo menos, de manter os investimentos regulares, se os tiverem (eu actualmente tenho muito pouca coisa, só estou a investir umas dezenas de euros todos os meses num ou dois ETFs na DeGiro, já que a prioridade continua a ser juntar para amortizar o crédito).

E por hoje é tudo. 🙂 Bom resto de semana!