Eu e a Feira do Livro

A 88ª Feira do Livro de Lisboa está a decorrer (até 13 de Junho), e tenho visto vários blogs (incluindo um que vou mencionar no fim do post) a referir como não perdem uma, como adoram ir lá, etc.. Ora, eu não penso ir (como já não vou há anos), se bem que em criança (as in anos 80… ouch!) ia lá todos os anos com a família, e queria aqui divagar um pouco sobre o porquê.

Antes de mais nada, não estou a dizer a ninguém para não ir, ou que é má ideia ir, ou o que quer que seja! Se gostam de ler e/ou da Feira, vão, divirtam-se, aproveitem, sejam felizes, etc.. 🙂 Este post é apenas sobre as minhas razões — de certa forma, é um post mais pessoal do que a maioria deles aqui no blog. Nada aqui são conselhos ou sugestões, OK?

Então vamos lá. Eu nisto 1 sou estranho: adoro ler, mas a feira do livro actualmente apela-me pouco, por várias razões:

  1. prefiro ler as coisas na língua original, se possível, e quase tudo o que leio é de autores anglo-saxónicos, logo as traduções portuguesas interessam-me menos. Sim, sei que não há só coisas em português na Feira, mas há de ser a maioria. Digo o mesmo em relação a livrarias físicas, já agora;
  2. antes de me decidir pela compra de um livro gosto de ver opiniões, críticas, etc., o que tenho imediatamente disponível numa Amazon ou Goodreads, mas não na Feira (ou numa livraria). Bem, nada me impede de parar tudo na Feira (ou livraria) e aceder a esses sites no telemóvel, mas acho que só acabaria por demorar e complicar mais: a cada livro que me parecesse vagamente interessante, “deixa cá ver na net…“;
  3. tenho centenas 2 de livros em árvores mortas em casa, mas nos últimos anos passei a preferir cada vez mais os ebooks, não só para não ocupar espaço (e algumas árvores poderem suspirar de alívio) e acumular menos pó em casa, mas também para os ter sempre comigo — todos eles, não apenas um ou dois — onde quer que esteja. E, mesmo em relação a ebooks…
  4. … o meu tempo livre com os olhos ocupados (conduzir, caminhadas, etc.) é actualmente muito superior ao tempo livre com os olhos disponíveis, pelo que actualmente ando mais virado para audiobooks e podcasts — até já comprei, várias vezes, audiobooks de livros que já tinha (sim, também comprados) como ebooks ou em árvores mortas, só para os poder acabar em dias, em vez de meses;
  5. devido à minha emocionante saga financeira, neste momento tudo o que compro em termos de livros (ou audiobooks) é sobre finanças e desenvolvimento pessoal (em vez de entretenimento) — o que imagino (se bem que não vou lá há décadas) ser menos frequente na feira, que sempre me pareceu mais virada para romances e afins;
  6. ir a uma feira de coisas de que em geral gosto só causaria tentações. Se estivesse em dieta, não iria passear nos meus restaurantes preferidos, pois não? 🙂
  7. o acto de “ir a lojas” (neste caso uma feira, mas também aplicável a centros comerciais, etc.) pode ser “entretenimento” para muita gente (“estás stressado/a? anda comigo às compras, e isso passa-te já!“), mas, como disse num post recente, para mim isso só tem três resultados possíveis: ou 1) saio de lá sem vontade de comprar nada, o que significa que foi completamente aborrecido; ou 2) saio de lá com vontade de comprar uma ou mais coisas, mas resisto, e por isso saio frustrado; ou 3) cedo à tentação e gasto dinheiro que não era suposto gastar, em algo de que não preciso (se só comprei por ver na loja, é porque vivia bem sem isso). Todos esses resultados são negativos;
  8. a minha fila de espera de coisas para ler já é colossal; não faz sentido comprar coisas que só farão essa fila crescer ainda mais;
  9. já mencionei que estamos em época de alergias, e aquilo é ao ar livre? 🙂
  10. … além de que também não sou grande fã de multidões. 🙂

Mas isto sou eu, claro. Repetindo-me: não estou a sugerir a ninguém que não vá. Quem for, aproveite! 🙂

(Nota: este post é uma expansão de um comentário que fiz no blog Diário de uma jovem assalariada.)

  1. se fosse nisto…
  2. mesmo; não estou a usar “centenas” para querer dizer “muitos”

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