Blog #1: Mr. Money Mustache

(Bem-vindos/as à nova secção do OvelhaOstra: blogs! Tinha-os mencionado quase como um “afterthought” aqui (depois dos livros e podcasts), mas nunca dá para prever a minha própria cabeça, por isso… aqui vai.)

O primeiro blog a ser mencionado não podia, acho eu, ser outro senão o Mr. Money Mustache (ou MMM). Afinal, não só é um dos grandes “fundadores” modernos de todo o conceito de FIRE (Financial Independence/Retire Early), como o blog dele é, basicamente, a razão pela qual me passei a interessar por estes temas — poupança, frugalidade, investimentos, e, claro, a possibilidade de atingir um dia a independência financeira. Ou seja, sem MMM não haveria OvelhaOstra 1.

Como se não bastasse, acho que o blog dele faz (lido por ordem, do primeiro post até ao mais recente, usando os links de “next post“) uma leitura fascinante, que se termina em poucas horas. É informal, até um pouco agressivo (num bom sentido, acho eu), tem sentido de humor, histórias fascinantes para contar, e é impossível não pensar, frequentemente, “eu também consigo fazer isto.” (ou “porque é que só agora é que estou a ouvir isto?“…)

Acho que servirá de inspiração — e fonte de ideias — para qualquer um, quer seja alguém que já se interesse por isto, ou apenas alguém frustrado com a vida, tipo “já trabalho há anos, (possivelmente) até ganho acima da média do país, mas cada mês tenho de passar a última semana a contar tostões; parece que quanto mais ganho mais gasto; os meus cartões de crédito estão sempre no limite; se tivesse uma emergência não saberia o que fazer…” Sim,  uma forma melhor de agir. E, começando bem cedo (nos 20s), acho que, mesmo em Portugal (com os nossos ordenados relativamente baixos, mesmo levando em conta o custo de vida também reduzido), é possível chegar à independência financeira (o que, mais uma vez, não implica que nunca mais se trabalhe na vida) pelos 40 ou isso. (Estando já nos 40s, para mim vai ser mais complicado, mas mesmo assim espero 1) “reformar-me” antes da idade de reforma normal, e 2) não depender da reforma que possa vir a receber. Veremos…)

Um exemplo de um post dele ao qual volto com alguma frequência é este (já de 2012): News Flash: Your Debt is an Emergency!! 2 O melhor, obviamente, é lerem o post, mas muito resumidamente ele critica quem (como eu 🙁 ) tem dívidas de cartões de crédito (ou outras dívidas “más” em geral — a única “boa” é possivelmente a da casa) e, mesmo assim, continua a ter uma vida normal. O exemplo que ele conta é de um colega na faculdade que lhe pediu dinheiro emprestado para pagar as propinas, mas depois continuou a viver a vida “normal” de estudante, a sair à noite, “borgas”, comer fora, etc. – quando ele tinha suposto que o amigo iria viver uma vida frugal ao máximo, de forma a pagar a dívida o mais depressa possível. Segundo o MMM, o amigo acabou por pagar tudo, a questão nem foi essa; foi, sim, o facto de que ele se apercebeu que “as pessoas normais” vivem muito melhor com dívidas do que ele. Para ele, dívidas (sobretudo de cartões de crédito, com os seus juros altíssimos e pagamentos mínimos que só pagam os juros, sem sequer reduzir a dívida) não são algo que “se vai gerindo“, são uma emergência a resolver urgentemente — a comparação que ele faz é estar a ser mordido por um enxame de abelhas assassinas. 🙂

Eu confesso que, apesar de mais de 3000€ de dívidas de cartões de crédito, ainda não entrei em “modo emergência”: continuo a almoçar fora no trabalho (mesmo sendo relativamente barato, e vindo quase tudo do cartão de refeições do empregador, que em geral não dá para ser usado para muito mais do que restaurantes), continuo a ter uma alimentação para além de “feijão em lata, arroz e água”, continuo a ocasionalmente passear, ir de férias (mesmo tendo mais atenção aos gastos do que antigamente), etc.. Mas sei que é possível fazer muito melhor — e o blog #2 (coming soon) será um óptimo exemplo prático disso.

Anyway: Mr. Money Mustache, senhoras e senhores. Recomendo mesmo que comecem pelo primeiro post, e leiam o blog todo — são só umas horas (na minha opinião) bem passadas. Também podem ver a lista de posts (ler de baixo para cima).

  1. será que, um dia, alguém vai escrever “sem OvelhaOstra, não haveria…“? Sonhar é bom… :) 
  2. sim, com os 2 pontos de exclamação e tudo. Não se preocupem, só de 5 para cima é que é sinal de loucura…

5 comentários em “Blog #1: Mr. Money Mustache”

    1. Aqui confesso alguma inércia: tentei usar uma vez, já há mais de um ano; não foi aceite, e não voltei a tentar. Mas de certeza que tens razão.

      Aí entra a outra questão: 1) os almoços ao pé do trabalho com um certo grupo de colegas são do pouco convívio que tenho actualmente no trabalho, e 2) para usar o cartão de refeição teria de ir aos supermercados, o que em geral evito (viva a Internet e as entregas em casa). 🙂 Mas, sim, se um dia decidir levar a frugalidade a um nível mais “hardcore”, será (também) por aí.

      1. Pode haver uma regra, a dos 50-50.
        50% para os gastos de almoço com colegas e 50 para compras em hipermercados. É já uma forma de começar a melhorar. Tudo depende dos resultados que se pretendem obter 🙂

        1. Pois… se calhar depois farei um post mais detalhado sobre isto (tipo “Poupança: quando é que chega?”), mas para já estou a tentar (e, aliás, já o fiz em vários aspectos, até antes de começar este blog) maximizar a relação dinheiro poupado/stress acrescentado. Ou seja, se numa coisa puder poupar 100€ e o incómodo é pequeno, e noutra poupar só 50€ e me fizer passar por algo bastante chato, ou me tirar algo que realmente me dê bastante prazer, fará todo o sentido começar pela primeira.

          Por outro lado, também acho que já tratei da maioria dessas “fáceis” — como disse, a maioria delas até antes de começar o blog. Por exemplo, gasto 0€ por mês (excepto muito raramente, em férias) em pequenos-almoços, lanches, cafés fora de casa, etc..

          Uma que talvez comece a fazer no futuro é continuar a almoçar no mesmo sítio, mas em vez do menu (prato, bebida, sobremesa, café), ir só para o prato (e um copo de água). A diferença é de pouco mais de 2€, o que num mês significa uma poupança de 40€. E, como sugeriste para o outro caso, não tem de ser todos os dias; posso ir alternando.

          Enfim, isto também já é detalhe a mais para comentários; tenho mesmo de pensar num novo post sobre esta questão. 🙂 Mudando de assunto, já espreitaste o outro blog?

          1. Fazes bem, pensar e repensar as estratégias. Devemos estar bem com as nossas escolhas.

            o blogue de Mr. Money Mustache? sim, já espreitei. Dá-me trabalho porque o meu inglês não é muito forte, mas realmente tem ideias e ideais muito uteis a qualquer comum mortal 🙂

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