Depois dos créditos — e, em grande parte, uma das principais causas da existência dos créditos — o entretenimento/lazer é um dos meus grandes problemas, sobretudo porque a maior parte das coisas de que gosto (livros, audiobooks, comics, jogos, etc., e também hardware como PCs, consolas, tablets, smartphones, leitores de ebooks, e assim por diante) não são baratas.
Pior, tenho (e isto já vem de há décadas) o péssimo hábito de, quando sinto falta de X (ex. ler), comprar mais X (ex. livros)– quando muitas vezes o problema não é falta de livros propriamente ditos (tenho uma “biblioteca” de centenas por ler, tanto em árvores mortas como em ebooks), mas sim de tempo. 🙁 Mas ando a tentar contrariar esse hábito — não só porque prazeres momentâneos (“tenho um livro novo! hmm, talvez o consiga começar a ler daqui a uns meses…“) não trazem felicidade duradoura, como porque o problema real é sempre a falta de tempo, e isso só se resolverá, um dia, com a… (digam todos comigo) independência financeira.
Aliás, é isto que actualmente trava actualmente muitos dos meus gastos previamente habituais (“este jogo parece fascinante… mas quando é que teria tempo para o jogar? Ah, pois é… 🙁“). Acho que, finalmente, me começo a mentalizar de que gastar mais dinheiro em entretenimento não me traz alegria adicional (por não ter tempo livre para explorar o que comprei) — muito pelo contrário, só adia a resolução do problema (falta de tempo livre e “cabeça” para as coisas, devido à necessidade de trabalhar). Mas, ainda há meses, atravessei uma fase em que, sempre que me sentia um pouco mais em baixo, a minha “solução” era “deixa ver o que está hoje em promoção no Steam ou na Playstation Store…” 😕 1
Mesmo sem contar com a questão do custo das coisas, neste momento também estou mesmo virado para ler/ouvir/ver coisas sobre finanças pessoais, de forma a aprender e/ou motivar-me tanto quanto possível, pelo que, mesmo tendo dinheiro “para gastar”, não iria ser para lazer propriamente dito. Sinceramente, até acho estes temas interessantes, não estou a fazer nenhum sacrifício… só sinto é falta do “resto” na minha vida. Já não me lembro da última vez que passei 8 horas num fim de semana a jogar um jogo de estratégia no PC. 2
Quanto as outros tipos de entretenimento: sou, parece-me, dos poucos portugueses que não tem o hábito de “ir ao café” 3; posso ir muito ocasionalmente se me convidam, mas não o faço no dia-a-dia. Nem sou guloso em termos de doces e afins. Já não saio à noite há uns anos (até devia fazê-lo de vez em quando; seria saudável). Música: vem toda da assinatura do Google Play Music. Filmes e séries: Netflix. Carro: é um mal necessário; não tiro qualquer prazer da condução, e por isso só mudo de carro quando o anterior avaria de vez — ou seja, não é “entretenimento” para mim — nem tenho qualquer vontade de ter um melhor para impressionar outros, competir com os colegas, etc.. Não acho piada a “ir às compras” — referindo-me aqui ao acto de ir a lojas ver e experimentar coisas; muito pelo contrário, ir a qualquer tipo de superfície comercial é sempre um stress para mim (daí comprar quase tudo online, incluindo coisas de supermercado).
Conclusão: até estou bem numas coisas (acho assustador o que a maior parte das pessoas gasta em idas ao café, por exemplo), e acredito que finalmente aprendi que, se ando meio triste por sentir falta de uma coisa por não ter tempo para ela, então comprar mais dessa coisa não resolve absolutamente nada, só piora a minha situação. Acho que também aprendi a ser menos impulsivo em termos de compras; a pensar sempre, antes de adquirir algo:
- isto vai mesmo contribuir para a minha felicidade?
- se comprar isto, vou usar nos próximos tempos, ou vai ficar lá em casa a ganhar pó?
- sinto falta disto por realmente não ter nada parecido, ou somente por não ter tempo para o que já tenho?
- estarei a tentar enganar a tristeza gastando dinheiro?
…e assim por diante.
Acho que tem funcionado. A ver se se mantém.
(Nota: este post é uma expansão de um comentário que fiz no blog Diário de uma jovem assalariada.)