Muito se tem falado em jornais e revistas financeiros, blogs, fóruns, subs de Reddit, etc. sobre como a guerra na Ucrânia afecta os nossos investimentos. Os mercados caíram um pouco nos últimos dias, e já vi tanto pessoas a lamentar-se de ter comprado acções/ETFs nos últimos dias, como até um ou dois a “gabar-se” de ter vendido tudo na semana passada (como se tivessem feito um market timing genial).
Se me perguntarem “não estás preocupado?“, a minha resposta é:
Estou preocupado com as famílias Ucranianas; já há não sei quantos mortos e feridos, e de certeza que vai haver muitos mais. Uma guerra não só destrói vidas, como pode provocar milhões de refugiados, fome, pobreza, etc..
Estou preocupado com a possibilidade de a guerra escalar. Alguns aqui podem ser demasiado novos para isso, mas ainda me lembro de como nos anos 80 se pensava que a guerra nuclear estava iminente (e houve vários eventos nessa altura que só não foram um “fósforo” por pura sorte). Uma guerra nuclear não se “ganha”; é para todos os efeitos o fim do mundo (e se chegássemos a esse ponto, 1) o dinheiro, como o entendemos, deixaria de ter qualquer valor, e 2) acho que os que os que morressem logo nos ataques nucleares seriam os mais sortudos).
Mesmo que a guerra não escale, estou preocupado com a hipótese de o Ocidente “piscar os olhos primeiro”, e o Putin conseguir tudo o que quer, com consequências mínimas para ele, e depois seguir em frente para as outras ex-repúblicas Soviéticas, o que seria o início de uma nova União Soviética, e de uma nova guerra fria. Voltaríamos a viver num mundo muito mais perigoso e instável.
Estou preocupado com o aumento geral da pobreza devido à guerra, e com as vidas perdidas devido a fome, falta de condições, etc..
Mas estou preocupado com os meus investimentos? A resposta é um redondo não.
Com guerra nuclear, investimentos e dinheiro serão (se sobreviver) a menor das minhas preocupações. Assim sendo, é preciso viver assumindo que isso não acontecerá, e que temos (tanto a nível individual como da humanidade como um todo) um futuro. E acredito que o temos.
Não chegando a esse ponto, então isto não é diferente do início da pandemia em 2020 (ou, pelo que investiguei — nessas alturas ou ainda não investia, ou ainda não tinha nascido — de outras guerras): é apenas um “soluço”. As bolsas caem uns 10-25%, e uns meses depois recuperam e até ultrapassam o valor antes da queda. Tendo liquidez para tal, até é uma altura excepcionalmente boa para comprar: está tudo, para todos os efeitos, “em saldos”.
E que todos nós tenhamos um futuro para aproveitar esses investimentos. Muitos (Ucranianos, sobretudo) não o terão, infelizmente.
Concordo. Quem investe para o longo prazo com dinheiro que não precisa hoje, não precisa de se preocupar.
Os 10-25% de queda e a recuperação em uns meses, podem ser demasiado otimistas. É normal na nossa vida de investidores termos que lidar com quedas de 50% que podem durar anos. Não faço ideia se estaremos nesse período, mas temos que estar preparados para lidar com isso.
De qualquer forma, eu também vou continuar investido. Tenho um bom fundo de emergência, não tenho dívidas e vivo uma vida tranquila. Neste momento devemos preocupar-nos com as pessoas, os investimentos continuaram em modo automático.
Fiquei na frase, – ” os que morressem logo nos ataques nucleares seriam os mais sortudos” … Verdade, se escalar para esse patamar não há vitória nem derrota, é unanime, todos perdemos.
Já começo a ver a situação com uma verdadeira apreensão. Putin está “beliscado”, veremos o que sairá da “reunião de hoje”. Falas aqui da antiga US, sempre achei que a ideia dele era voltar a unir “os que podia”, mas pela intimidação e autoridade de poder.
Que a Ucrânia se mantenha firme. Todos merecemos a nossa liberdade.
Gosto em ler-te 😉