As vantagens de ter investimentos 100% automáticos

Depois dos meus dois últimos posts1 sobre este tema, podem perguntar-se porque é que estou a dar tanta importância (e dou) ao facto de ter agora a capacidade de ter (e manter, indefinidamente) investimentos 100% automáticos. Ora, as minhas razões são:

  1. evitar esquecimentos. Se é automático, então não precisamos de nos lembrar, o sistema faz tudo sozinho nos dias agendados;
  2. contornar a preguiça. Não é de menosprezar — em vez de ter de ir ao site do banco fazer uma transferência, esperar 1-2 dias úteis, e depois ir à corretora escolher as acções/ETFs a comprar (ou, idealmente, seguir um plano já existente, em vez de ter de decidir na altura), tudo acontece quando está agendado acontecer, e só sou avisado (e podia nem ser, mas sou sempre curioso 🙂 ) quando já aconteceu. Talvez seja em parte por ser administrador de sistemas há décadas, mas acredito que automatizar tarefas repetitivas é sempre algo positivo, que nos deixa mais tempo e energia (mental e não só) para o que realmente importa;
  3. usar a inércia a meu favor. Neste momento tenho zero trabalho para investir — garantindo assim que a cada mês tenho um pouco mais do que no anterior –, mas para parar de investir já teria um pouco de trabalho — ou seja, estou a usar a minha preguiça para benefício próprio 🙂 ;
  4. evitar tentações e/ou desvios do plano. Este é, talvez, o ponto mais importante para mim, e em grande parte a razão deste post. Uma coisa que noto em vários grupos da comunidade FIRE2 é que muitos investidores sentem um constante e imenso terror em relação à hipótese de estarem a “comprar caro” — se as bolsas têm subido, acham que comprar agora não é boa ideia, e que é melhor esperar que desçam um pouco primeiro.
    Compravas agora?
    Compravas agora? 🙂

    Mas isso quase nunca é boa ideia — a tendência dos mercados a longo prazo é sempre subir –, e acaba por ser uma forma de tentar “cronometrar o mercado” (market timing), o que é de se evitar ao máximo se estamos numa perspectiva de crescimento a longo prazo3 — afinal, “time in the market beats timing the market.” Depois há outros tipos de tentações não relacionadas com os mercados, como por exemplo o querer-se comprar alguma coisa, para a qual não há dinheiro este mês, mas se este mês não investisse nada (ou seja, se não me pagasse a mim mesmo primeiro, mas sim à loja onde quero fazer a compra), até já seria possível… O automatismo, nestes casos, impede que sejamos prejudicados pelos nossos medos, ou pela nossa impaciência e impulsividade.

  1. e, já agora, estava à espera de ter tido pelo menos alguma reacção da vossa parte — é por acharem a ideia muito “ficção científica”, ou é simplesmente porque é Natal? :)
  2. sobretudo portugueses, infelizmente
  3. um post futuro explicará porque é que é quase, quase sempre melhor comprar já em vez de estar à espera de alguma queda, e também porque é que, tendo um valor maior para investir (ex. um bónus, uma herança, etc.), é melhor fazê-lo já por completo, em vez de dividir o investimento durante meses

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